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A natureza anímica da criança

Por:   •  8/7/2017  •  Resenha  •  4.374 Palavras (18 Páginas)  •  1.261 Visualizações

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A NATUREZA ANÍMICA DA CRIANÇA

Caroline Von Heydebrand

O livro “A Natureza Anímica da Criança” de Caroline Von Heydebrand transmite a importância para o educador, de conhecer profundamente a criança e compreender a educação como forma de arte. Para que o processo de aprendizagem seja real e objetivamente eficaz é importante que o educador descubra os tipos anímicos dos alunos, detectando entre eles os quatro temperamentos - o sanguíneo, o melancólico, o colérico e o fleumático.

CAPITULO I – DA CONFORMAÇÃO FÍSICA DA CRIANÇA

No primeiro capítulo “Da conformação física da criança”, a autora inicia falando sobre o milagre que é a criação do ser humano, mas estamos tão acostumados com isso que nem nos toca o suficiente. As forças criadoras forma cada órgão em sua forma característica. Essas forças são a prova viva da existência de Deus.

A compreensão científica não basta para aprender sobre o milagre do corpo humano em sua formação, pois a natureza é a artista, assim só é manifestado somente à observação artística. Para compreender sobre essa formação humana, é necessário conciliar o pensamento científico com a concepção artística.

O mundo todo atua em conjunto para formação da criança, onde um ser espiritual torna-se humano, ligado à pedra, à planta, ao animal e todos que envolve sua individualidade. O espírito e a alma transformam em corpo e modela dentro da criança tudo aquilo que é predisposição. Assim o corpo é formado, a partir de condições que a alma própria criou na existência anterior ao nascimento, das experiências de vidas anteriores. Os poderes do passo que definem as forças formadoras em sua atuação modeladora, formando principalmente a cabeça, e posteriormente o restante do organismo.

De acordo com a autora, a cabeça é o órgão mais perfeitamente formado, pois nela podemos observar como dia após dia, os traços fisionômicos se tornam mais pronunciados, mais individuais.

As crianças com cabeça grande possuem uma testa acentuadamente curva, o rostinho por baixo minúsculo. Mas nessa criança vive uma alma sonhadora, tem uma imaginação pujante, são ricas em ideias e imagens criativas. Para essas crianças uma orientação artística do ensino seria de enorme importância.

A criança de cabeça pequena sucede que as forças criadoras ativas se retiram cedo da região do sistema neuro-sensorial, preparando-o assim para tornar-se instrumento de vida imaginativa. Assim, suas cabeças não estão mais suficientemente permeadas de vida criadora.

CAPÍTULO II – O TÍPICO ANIMICO DA CRIANÇA

No próximo capítulo “O Tipo Anímico da Criança”, nos é mostrado os quatro temperamentos - o sanguíneo, o melancólico, o colérico e o fleumático - e nos mostra como tratá-los. Aqui, a autora salienta a importância de conhecermos bem a criança, se quisermos educa-las bem.

Para exemplificar a criança sanguínea, Caroline nos da o exemplo do Carlos, que é uma criança com Cachos claros ou avermelhados, testa arredondada, olhos azuis  e nariz arrebitado. Seu corpo é esbelto, flexível e proporcional, braços e pernas são ágeis e ele gosta de andar na ponta dos pés. Salta e pula diversos degraus de uma vez só e, quando cai, chora um pouquinho mas logo começa a rir, ainda com lágrimas nos olhos. Se perde, fica ofendido, mas logo volta a brincar. Enjoa fácil da brincadeira e começa outra. Se interessa por muitas coisas, mas também se distrai facilmente com qualquer detalhe e logo abandona o que estava fazendo. Ao comer, parece um passarinho. Prefere frutas e alimentos salgados e azedos. Adora um suco de limão puro e um salzinho. É a melhor definição de “criança” que pode existir: alegre, distraído, saltitante, leve. Sua alma acompanha tudo o que o corpo quer e por isso essa criança nunca se cansa. Talvez por essa disposição é querido por todos e muito popular na escola pois está sempre inventando brincadeiras novas.

        Vemos assim que a criança sanguínea parece estar mais voltada no ar do que na terra. Elas precisam também de alternância rítmica na vida e no brinquedo. Para essas crianças o ritmo é sua natureza, é exigido pelo seu próprio organismo. Mas seu ritmo é rápido, seu respirar e seu pulso é mais rápido que de um adulto. Uma criança com esse temperamento, não pode facilmente concentrar sua atenção por muito tempo em uma coisa. É caracterizada também por ser ágil e rápido, com vitalidade, e por estar sempre ligado à natureza.

        Um grande problema da criança sanguínea é que ela não consegue penetrar muito nas coisas, não consegue atenção suficiente para concentrar-se.

        O educador pode ajuda-la em caso de excessividade sanguínea, onde pode fornece-lhes possibilidades para as impressões passageiras, a fim de que ajude-as a gastar esse excesso de sanguinidade. É bom também que a criança se ocupe com atividades de duração longa, e arranjar à ela variedades de distrações dentro dessas atividades.

        Outro temperamento diz respeito à criança melancólica e para exemplificar, a autora fala sobre Ivone.

“Para o oitavo aniversário de Ivone, a mãe convidou seus companheiros de brinquedo da mesma idade. Porém Ivone despareceu. Retirou-se para debaixo da toalha. (…) Foge para um canto, chora muito tempo introvertidamente, fitando com o rosto sombrio, mas com o olhar cheio de ansiedade, a brincadeira das outras crianças. Finalmente, quando se decide a brincar também, fica feliz, olha para todas as crianças, uma após a outra, com olhos brilhantes, pedindo simpatia, e fica profundamente triste quando elas se vão. Principalmente uma das menininhas ela beija afetuosamente, declara-a interiormente sua ‘amiga’  atribuindo-lhe em silêncio as mais belas qualidades, principalmente aquelas que lhe faltam.” (p. 26)

“Ivone gosta de procurar recantos silenciosos para meditar. (…) Ela não é covarde, embora tenha medo de gente. Seus empreendimentos têm algo de aventuroso e brotam de um rico mundo imaginativo, um tanto estranho. Ela pensa muito. Em seus pensamentos, ela mesma representa um papel importante: uma princesa, uma pobre órfã, um herói, uma pessoa injustamente perseguida. Não pode ouvir falar na Gata Borralheira sem se ligar de tal modo com a personagem e a situação que julga passar, ela mesma, por suas aventuras. Seus olhos grandes e ligeiramente úmidos  olham ora sombrios, ora excessivamente alegres, sem que as causas sejam visíveis. Seus cabelos finos e lisos sobre a testa alta e pálida transformam-se, em sua imaginação, em cachos dourados, e então ela ergue com orgulho sua cabecinha, que é um pouco inclinada, e as costas finas, em geral um pouco curvas.” (p.26)

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