ATIVIDADES LÚDICAS: RECURSOS NECESSÁRIOS NO PROCESSO DE FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: educadorainfanti • 3/5/2015 • Artigo • 3.807 Palavras (16 Páginas) • 471 Visualizações
ATIVIDADES LÚDICAS: RECURSOS NECESSÁRIOS NO PROCESSO DE FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Daiane Aparecida do Prado
RESUMO
O lúdico nem sempre é utilizado como recurso pedagógico para o desenvolvimento integral da criança na Educação Infantil, assim esta pesquisa objetiva apresentar a inserção das atividades lúdicas num Centro Municipal de Educação Infantil localizado no município de Siqueira Campos/PR. A metodologia da pesquisa contemplou quatro momentos distintos: revisão da literatura, aplicação do questionário aos sujeitos, três professores que atuam nessa instituição, observação da prática e análises. Diante da pesquisa consideramos que as atividades lúdicas são ferramentas necessárias para o trabalho na Educação Infantil e que há a inserção das mesmas no cotidiano das turmas pesquisadas no Centro Municipal de Educação Infantil em Siqueira Campos/PR, porém, ainda há resistência por parte de algumas professoras as quais não acreditam totalmente nas contribuições do jogo e as brincadeiras para o desenvolvimento integral das crianças.
Palavras-chave: Educação Infantil; Crianças; Estratégias lúdicas.
INTRODUÇÃO
O presente artigo é resultado de uma pesquisa que discutiu a inserção dos recursos lúdicos como estratégias para o trabalho pedagógico na Educação Infantil no município de Siqueira Campos/PR. Tendo como objetivo demonstrar a inserção dos jogos e das brincadeiras como recursos necessários no processo de formação na Educação Infantil, buscamos nas falas das professoras aspectos de suas práticas, as quais nos permitiram enriquecer as análises e enfatizar a necessidade da inserção do lúdico no contexto da Educação Infantil.
Quanto à problemática da pesquisa, surgiu dos seguintes questionamentos: como os professores da Educação Infantil podem utilizar o lúdico como recurso pedagógico em sala de aula? Por que trabalhar com atividades lúdicas diversificadas na Educação Infantil? Foi a partir desses questionamentos, que construímos o caminho metodológico que consistiu em três momentos: a revisão bibliográfica, a aplicação do questionário e a análise dos dados a partir da indagação inicial.
A utilização do lúdico na Educação Infantil está se tornando cada vez mais tema de discussões entre professores e pesquisadores. Estudos e pesquisas comprovam a importância das atividades lúdicas no desenvolvimento das potencialidades humanas. Assim, a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica tem papel fundamental para o desenvolvimento integral da criança.
Por meio das atividades lúdicas e dos jogos, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o seu crescimento físico e desenvolvimento, e o fundamental de tudo, a criança vai se socializando, explorando uma variedade de experiências em diferentes situações e para diferentes propósitos, assim as brincadeiras são imprescindíveis para o desenvolvimento das crianças.
A metodologia da pesquisa perpassou quatro momentos distintos: revisão bibliográfica acerca das temáticas, aplicação do questionário semi-estruturado, observação da prática docente e análise dos dados a partir da indagação inicial. Participaram da pesquisa três professoras que atuam na Educação Infantil, turmas de 3 e 4 anos de idade, no município de Siqueira Campos/PR.
Infância e atividades lúdicas: breve apresentação
De acordo com estudiosos, a infância tal qual como é vista e reconhecida na atualidade, nem sempre foi assim. Ou seja, na antiguidade não havia um sentimento relacionado a infância e isso fazia com que a criança não fosse reconhecida nas suas especificidades. Essa mentalidade perdurou por muito tempo, sendo modificada aos poucos e de acordo com a organização de cada sociedade.
O conceito de infância passou por diversos significados, que depende das diversas infâncias de diversas sociedades e culturas, em um período de tempo .No período estudado por Ariès (2006), cuja concepção de infância passa pelo século XVII e XVIII, pode se ver grandes transformações de diferentes conotações no imaginário do homem e em todos os aspectos sociais, culturais, religiosos, políticos e econômicos.
Ariès (2006, p.19) afirma que o conceito de infância foi sendo historicamente construído e que a criança, por muito tempo, não foi vista como um ser em desenvolvimento, com características e necessidades próprias, e sim como um “adulto em miniatura”.
Atualmente a infância é vista como consequência das constantes transformações pelas quais passou, sendo de extrema importância compreender a dimensão que esse período de vida ocupa na vida das crianças.
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), afirma que “as crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito próprio”.
Durante muito tempo, a Educação Infantil era responsabilidade da família, atualmente, como ressalta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB- 9394/1996, a educação é dever da família e do estado, o estado por sua vez, tem a obrigação de garantir atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade. Em seu artigo 29º, a LDB, destaca ainda que:
Art. 29º. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Uma das formas de proporcionar o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, pode ser por meio das atividades lúdicas, uma vez que, as atividades lúdicas como ressalta Oliveira (1985, p. 74) é “[...] um recurso metodológico capaz de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural”.
Vygotsky (1989) afirma que as maiores aquisições de uma criança são alcançadas por meio do brinquedo e da brincadeira. O lúdico em situações educacionais proporciona um meio real de aprendizagem.
Na antiguidade, tanto crianças como adultos participavam de atividades lúdicas e isso representava um aspecto essencial na vida dos indivíduos. As trocas grupais eram de grande relevância e as crianças eram livres para brincar, elas também participavam dos jogos na companhia dos adultos (ALVES, 1981).
Com o passar dos anos, muitos autores deram ênfase ao brincar, revendo e analisando conceitos que realmente atingem um significado de totalidade na vida do ser humano, como também sua importância nas várias culturas indistintamente. A partir de então, o jogo ou a brincadeira passaram a ser reconhecidos como comportamentos espontâneos em uma sociedade, correspondendo às possibilidades de autoeducação, uma vez que não é um comportamento isento, mas sim, processo de assimilação do real a propósito de objetos que refletem a vida num grupo humano de dimensões variadas (PIAGET, 1971).
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