Análise da obra Teoria e Práxis de Jurgen Habermas
Por: Cynthia Ajudarte Teles • 12/3/2017 • Trabalho acadêmico • 2.162 Palavras (9 Páginas) • 728 Visualizações
Universidade Federal do Paraná[pic 1]
Setor de Educação - Pedagogia
Curso de Pedagogia – Entregue em 16/11/2015
Filosofia da Educação II
Prof. Dr. Gelson João Tesser
Acadêmica: Cynthia Ajudarte Teles da Silva
ANÁLISE DA OBRA “TEORIA E PRÁXIS”, DE JURGEN HABERMAS
Teoria e Práxis foi originalmente publicado em 1963. Porém reeditado em 1971. A obra é composta por diversos e deveras significativos artigos do autor a respeito da teoria e da práxis.
É importante ter-se em mente o fato da Teoria Crítica anterior à Habermas, com seus mais importantes representantes como Adorno, Horkheimer e Marcuse, não ter dado a devida atenção à política democrática, ao passo que na teoria habermasiana esse fator é essencial.
Para ele, nada, nem mesmo procedimentos democráticos e nenhuma forma de emancipação pode se justificar normativamente em detrimento da democracia. Talvez por isso seja ele um ativo participante da esfera pública política, que revelam seus escritos.
Na leitura da obra, não se deve apenas compreender o modo do autor em unificar a questão central a respeito da transposição da teoria para a práxis a partir de referenciais diversos, como por exemplo a partir de questões sobre a democratização da universidade e da crítica à tecnologia, mas também a forma que esse autor propõe soluções diferentes para essa relação teoria e práxis.
São textos e artigos do autor de diversas fases de sua produção: sobre participação política e da reforma da universidade, discussão sobre política e esfera pública, teoria dos interesses do conhecimento, a distinção entre trabalho e interação ao qual conduzem aos conceitos de sistema e de mundo da vida que são a partir daí desenvolvidos.
Habermas então se preocupa com os efeitos da progressiva racionalização social sobre o contexto social, e a proposta trazida na perspectiva de teoria e práxis permite o diagnóstico crítico desses efeitos.
Com a interferência do padrão da técnica e da ciência no padrão de interação social, a tendência de reduzir a esfera da práxis a um tipo de racionalidade instrumental se apresenta fortemente na sociedade.
A obra propõe então uma compreensão das consequências do progresso técnico-científico sobre os comportamentos adaptativos dos sujeitos e a formação de uma consciência tecnocrática.
Para o autor, a dimensão prática fica sujeita ao padrão da ação social entendida agora como prática de disposição. Converter a teoria em práxis de maneira técnica, tirando a distinção entre ação prática e disposição técnica é algo negativo para ele, percebido em desdobramentos práticos e teóricos posteriores no desenvolvimento das sociedades industriais avançadas.
Na obra então a questão entre teoria e práxis mostra criticamente a maneira com que a racionalidade técnico instrumental ao incorporar-se no nível dos sistemas sociais prescinde da práxis social e política de sujeitos agentes.
O autor está ciente que precisa assegurar que processos de formação política da vontade possam exercer um papel mais constitutivo na relação entre progresso técnico científico e mundo da vida social.
E também tem a consciência de que isso só será possível se existir uma mediação constante entre ciências, consideradas principalmente em termos de sua relevância política e a esfera pública.
O argumento decisivo da obra de Jürgen Habermas diz que é crucial compreender que a teoria não pode mais se converter em práxis caso isso não seja levado a sério pelos próprios sujeitos concernidos.
Para ele, o teórico não pode pretender ser mais esclarecido do que os sujeitos que formam de maneira cotidiana sua opinião e vontade, procurando assim orientar de forma pretensamente mais adequada os indivíduos da práxis. Não se pode primar a teoria diante da práxis. Ou seja, a verdade do teórico não desfruta de mais validade ou legitimidade do que a opinião de sujeitos capazes de fala e ação
O autor ressalta que todo processo social reflexivo é conduzido por sujeitos que, enquanto reciprocamente concernidos, se esclarecem de forma intersubjetiva a respeito de sua própria situação ao assumir também o papel de participante.
Logo, teoria e práxis, na visão do autor aqui em estudo, podem ser articuladas do ponto de vista de discursos práticos conduzidos de forma autônoma. E somente, nada além dessa práxis discursiva autônoma é capaz de se relacionar com o conteúdo crítico da própria teoria.
Talvez por isso que na obra aqui em análise, o autor tenha se esforçado em direcionar usa teoria crítica à tarefa mor de reconstrução da práxis comunicativa a partir de processos sociais e históricos.
E aí coloca em jogo um dos aspectos mais centrais de sua proposta: a teoria social crítica mantém seu propósito prático não por possuir um potencial tecnológico, mas sim por permanecer orientada ao esclarecimento, à autonomia e à emancipação.
Para ele, a teoria compreende uma dupla relação com a práxis; ela ao mesmo tempo investiga o contexto histórico de constituição de uma configuração de interesses ao qual a teoria ainda pertence em função do ato de conhecer, e também investiga o contexto histórico de ação sobre o qual a teoria pode influir orientando-se para a ação.
O autor julga ser necessário discutir uma práxis organizativa que satisfaça a exigência de um esclarecimento das massas. Seria uma auto-organização espontânea, para os quais não se colocava mais a alternativa entre esclarecimento e revolucionamento.
Para Habermas, as idealizações da ação comunicativa pura deveriam ser reconstruídas enquanto condições de forma que a veracidade do sujeito falante e agente possa ser além de imputada também comprovada.
Para ele, que a seu ver ocupou-se do elo entre conhecimento e interesse faltou em sua obra esclarecer o que de fato limita comunicações atreladas ao contexto de ação e discursos que ultrapassam as coerções da ação.
Defende que opiniões apresentadas nos discursos, o material que se submete aos fins da fundamentação da argumentação, são originadas dos contextos diferenciados da experiência e da ação.
Logo, o interesse emancipatório do conhecimento sob o ponto de vista do autor deve fornecer uma delimitação mais precisa, e pode ser formado primeiramente na medida que a coerção repressiva é posta, a longo prazo, na forma de um exercício normativo do poder nas estruturas da comunicação distorcida, sendo institucionalizado como dominação.
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