Arte e conhecimento
Por: Giovanna2306 • 28/3/2016 • Monografia • 10.533 Palavras (43 Páginas) • 338 Visualizações
SUMÁRIO
I - Introdução ....................................................................................................... 8
II - Objetivos ........................................................................................................ 10
III - Metodologia .................................................................................................. 10
Capítulo 1 - O Ensino da Arte ............................................................................. 11
- As Diferentes Pedagogias ........................................................................... 12
- A Pedagogia Tradicional e o Ensino da Arte ............................................ 13
- A Pedagogia Nova e o Ensino da Arte ..................................................... 14
- A Pedagogia Tecnicista e o Ensino da Arte ............................................. 14
- Políticas de Educação.................................................................................. 15
Capítulo 2 - A Relação da Arte com o Conhecimento........................................ 17
- A Arte e o Conhecimento Tecnológico.......................................................... 21
Capítulo 3 – A Arte no Espaço Educativo .......................................................... 23
Capítulo 4 - A Contribuição do Ensino da Arte na Produção de Conhecimento. 33
IV - Considerações Finais.................................................................................... 42
Referências Bibliográficas.................................................................................... 44
I - INTRODUÇÃO
Arte é uma palavra polissêmica e de acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1986, P. 176), pode ser definida como:
"Capacidade que tem o homem de pôr em prática uma idéia valendo-se da faculdade de dominar a matéria; a utilização de tal capacidade, com vista a um resultado que pode ser obtido por meios diferentes; atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter estético carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação..."
A arte também pode ser definida como a habilidade para fazer coisas, um fazer que utilize vários tipos de materiais (como a pedra, o corpo, a voz), na criação de obras relativamente duradouras (catedrais), ou breves (movimentos de uma dança), dando forma à multiplicidade de experiências e valores humanos, ampliando nossa consciência, de nós mesmos, dos outros e do mundo. (CARVALHO & QUINTELLA, 1988; BOSI, 1989; CAMARGO e Cols, 1994)
A arte, como fenômeno, permite que o ser humano exteriorize suas emoções, sentimentos e percepções do mundo que o cerca através das artes visuais, da música, do teatro, da dança e de outras formas de expressão (FERRAZ & FUSARI, 1999). A arte e suas práticas também tem a função de desenvolver o pensamento crítico e questionador dos indivíduos frente à educação que recebem, cujo conteúdo é dado pela cultura hegemônica em um determinado momento histórico (TOURINHO, 2002; SEKEFF, 2001). Assim, a arte torna-se um agente facilitador do processo de interação do indivíduo com o mundo, ou seja, com a sua história.
Quanto à educação, ela pode ser entendida como o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual e social, ou seja, é através dela que se formam pessoas aptas a sobreviverem e viverem em sociedade. Ela é, na verdade, um processo social que transmite conhecimentos, competências, crenças, hábitos, valores e habilidades aos indivíduos, e mesmo assumindo diversas formas, está presente em todas as comunidades humanas. (NEIF, 1996; SEKEFF, 2001). Tal processo inicia-se desde muito cedo, quando a criança participa das relações sociais e atividades culturais de sua família; assim, sua formação como sujeito (humanização) se estrutura a partir das experiências assimiladas durante sua interação com os outros seres humanos e com o ambiente que o cerca (FERRAZ & FUSARI, 1999).
Segundo Paulo Freire, a educação é um "que-fazer" humano; que ocorre no tempo e no espaço, e nas relações dos homens entre si. Na concepção do educador, o "que-fazer" humano deve ser libertador, pois o homem é um ser capaz de interagir com o mundo, não se limitando apenas a receber estímulos, sendo capaz de enfrentar desafios e resolver problemas. Como um ser de buscas, o homem dialoga com os outros homens, troca idéias, ensina enquanto aprende e aprende enquanto ensina.(NICOLAU, 1989)
A educação também deve ser entendida como um processo de desenvolvimento pessoal que não se limita a uma faixa etária, ou seja, o desenvolvimento não termina com a maturidade biológica; não se limita a um único espaço, como por exemplo, a escola; não é limitado a um método de ensino, pois o aprender tem sido compreendido como uma prática onde alguém ensina alguém e alguém aprende; e não se limita a um aspecto da personalidade (o pensar humano decorre de vários tipos de aprendizagem). (CAMARGO F. e Cols., 1994)
Sabe-se que durante muito tempo, nas escolas, apenas a razão era valorizada como forma de se aprender, e as emoções, os sentimentos ficavam relegados a um segundo plano. Por conta disto, a arte era vista como algo de menos importância dentre as disciplinas ensinadas no ambiente escolar. As indagações a respeito do papel das emoções na aprendizagem levaram muitos estudiosos a pesquisarem e a questionarem sobre o assunto:
As emoções realmente atrapalham o desenvolvimento intelectual?
Razão e emoção não se completam mutuamente? E no tocante à arte - educação, qual é o seu verdadeiro papel no contexto ensino-aprendizagem e nos processos cognitivos?
Refletindo sobre essas questões, decidimos fazer uma investigação sobre o assunto, tendo como base às idéias de João F. Duarte Júnior, atual professor do Instituto de Artes da Unicamp e autor do livro Por que Arte-educação?, no qual se discute a arte como forma de educar.
De acordo com o autor, a arte é, portanto, uma maneira de fazer com que o indivíduo dê maior atenção ao seu próprio processo de compreender o mundo que está a sua volta. O predomínio do emprego dos elementos racionais, isto é, da inteligência e da razão, no processo cultural de nossa civilização - reforçado no ambiente escolar - prioriza apenas aquilo que é figurado de forma lógica e racional em termos de conhecimento. Neste contexto, devem-se aprender, em princípio, somente aqueles conceitos já "prontos", "objetivos", que a escola transmite a todos, indistintamente, sem levar em conta as características existenciais de cada um. E, neste caso, os educandos não têm a oportunidade de elaborar a sua "visão de mundo", tendo por base suas próprias percepções e sentimentos. Segundo Duarte Junior, é por meio da arte que se pode estimular a atenção de cada um para sua maneira particular de sentir e, através dela são elaborados todos os outros processos racionais.
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