Diálogos e reflexões sobre o conselho de classe do Colégio Polivalente Edivaldo Boa Ventura
Por: Geislla • 23/10/2017 • Monografia • 2.930 Palavras (12 Páginas) • 467 Visualizações
- Alguns relatos de experiência
- Diálogos e reflexões sobre o conselho de classe do Colégio Polivalente Edivaldo Boa Ventura
Este tópico tem por objetivo relatar a observação e análise dos bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, do subprojeto de Pedagogia-Gestão Pedagógica/Ensino Médio, numa roda de conversa do Conselho de Classe promovida pela gestora do Colégio Polivalente Edvaldo Boa Ventura, localizado na cidade de Jequié-BA, bem como demonstrar a importância do trabalho da gestão escolar e dos desafios do mesmo, na assunção do papel do articulador pedagógico, em face da ausência do coordenador pedagógico diretriz adotada nos últimos anos pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, nesta instituição.
Nesse sentido, foi possível analisarmos, durante a reunião a frequência dos seguintes profissionais que atuam na referida escola: a direção do colégio, sendo composto por uma diretora, o vice-diretor do turno matutino e a vice-diretora do turno vespertino. A Vice-diretora do noturno e alguns professores estiveram ausentes. No início da reunião observamos sobre a quantidade de professores presentes e a pauta de discussão da reunião. Notamos a discrepância entre o número de 17 professores presentes, o quadro total de professores do Colégio Polivalente é composto por 60 membros. A referida reunião destinou-se a realização do Conselho de Classe ‒ avaliação de caráter qualitativo ‒ objetivando avaliar o nível de aprendizagem dos alunos e deliberar ações interventivas como a convocação dos pais ou responsáveis para pensar possíveis soluções.
Para tanto, o Conselho de Classe propôs também mostrar a importância do trabalho coletivo na escola, e fortalecer a relação escola/família, pois segundo Libâneo (2002) é necessário que os profissionais cumpram seus respectivos papéis para que os objetivos sejam alcançados, ao afirmar:
[...] para atingir os objetivos de uma gestão democrática e participativa e o cumprimento de metas e responsabilidades decididas de forma colaborativa e compartilhadas, é preciso uma mínima divisão de tarefas e a exigência de alto grau de profissionalismo de todos (LIBÂNEO, 2002, p.81).
Assim, o autor salienta a necessidade da construção de um processo democrático a partir de ações nas escolas como, as reuniões pedagógicas, atualmente pensada e coordenada pelos gestores. Neste sentido, a rede de Educação do Estado da Bahia, de modo contraditório criou uma política de gestão que sobrecarrega o gestor escolar, a partir do momento em que reduziu/extinguiu nas unidades escolares o coordenador pedagógico, depois de uma nova configuração na LDB que tange o aspecto administrativo e financeiro, na qual alterou as funções e demandas da escola. Com a falta do profissional que esteja trabalhando na dimensão pedagógica, restringe a articulação o trabalho coletivo e o compartilhamento do mesmo, bem como no apoio a gestão escolar em relação aos aspectos pedagógicos.
Essa experiência foi de grande relevância para nós alunos em formação e atuantes como bolsistas do PIBID, haja vista a possibilidade de experienciarmos a vivência do cotidiano escolar no que se refere á dinâmica de funcionamento da escola, seus processos pedagógicos em interface com a gestão pedagógica. Certamente, a nossa inserção no ambiente escolar colabora, sobremaneira, para que adquiramos experiência na gestão do conhecimento, pois o estágio da licenciatura em Pedagogia na UESB não oferece a área da Gestão.
Além disso, planejar e intervir pedagogicamente no espaço escolar oportuniza constituir um espaço da prática docente na escola, identificar os desafios e perspectivas possíveis de soluções. Ademais, observar in loco a ação dos professores do quadro escolar relativo á suas condutas no Conselho de Classe expõe a necessidade de aprofundar a investigação acerca das relações de poder e das representações simbólicas destes, sobre o sentido da sua ação docente e função social da escola pública.
De modo geral, é possível inferir que a maioria dos professores presentes compreendem esse momento como fundamental para conhecer melhor seus alunos no que se refere á sua condição de escolarização e á sua conduta. Interessa ainda, traçar um perfil dos alunos e da turma no que se refere aos desafios e potenciais relativos á aprendizagem e desenvolvimento. Essa socialização coletiva permite repensar as estratégias pedagógicas e replanejar o trabalho em sala de aula e a relação entre os entes envolvidos, possível principalmente, pela garantia da participação dos representantes de alunos através da análise pedagógica e relacional dos seus professores com a turma.
O recolhimento dos dados apresentados nesse estudo pauta-se na perspectiva da observação participante, com entrevistas realizadas com uma professora e a gestora da referida escola, é um estudo do tipo etnográfica entremeada á pesquisa bibliográfica, pois a “pesquisa do tipo etnográfica, que se caracteriza fundamentalmente por um contato direto do pesquisador com a situação pesquisada, permite reconstruir os processos e as relações que configuram a experiência escolar diária” (ANDRÉ, 2009, p. 34).
Além disso, realizamos uma pesquisa bibliográfica por meio de um “estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas e jornais e redes eletrônicas, [...] material acessível ao público em geral” (MOREAI, 2003, P.10) no intuito de subsidiar a ação investigativa, ou seja, a partir de aportes teóricos de Luck (2012) participação e trabalho coletivo; Libâneo (2002) a organização e prática pedagógica na gestão e Cruz (1995), Luckesi (ano), Gadotti (1998) que discute sobre a formação do pedagogo para as questões de novas práxis pedagógicas e Linhares; Mesquida; Souza (2007) trazendo as questões de Althusser sobre a escola como aparelho ideológico de estado.
Após os aspectos administrativos/financeiros a reunião encaminhou-se para o eixo do Conselho Classe: a análise do aproveitamento dos alunos. Nesse momento observamos inferências de determinados professores, que citaram nomes de alguns alunos e alunas. De acordo com a narrativa destes, os alunos mencionados não queriam de modo algum estudar. Não permaneciam na sala, saindo frequentemente da sala de aula. Referiam-se á diversos alunos como desinteressados etc.
E, à medida que as análises sobre os estudantes iam sendo concluídas, sem proposição de qualquer intervenção, os presentes iam retirando-se da reunião, evidenciando a distorção do sentido da reunião. Desse modo, a reunião configurou-se muito mais como cumprimento de um dispositivo burocrático, do que como uma avaliação possibilitadora do replanejamento da ação pedagógica, tendo em vista criar outras estratégias no sentido de superar a problemática apresentada.
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