EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E EDUCAÇÃO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Por: narq • 7/3/2016 • Trabalho acadêmico • 5.684 Palavras (23 Páginas) • 369 Visualizações
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E EDUCAÇÃO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES - Organização Prof. José Vanelli Pinheiro
- HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL (parte do texto)
Aline Aparecida Akamine – orientada pela Doutora Elenice Maria Cammarosano Onofre
Desde o século XIX, o atendimento educacional não-formal no Brasil é assumido por instituições tanto públicas, quanto confessionais (pertencentes à Igreja Católica) ou da sociedade civil.
Dentre essas instituições, data-se na história que os primeiros trabalhos relacionados à educação não-formal foram realizados pela Igreja Católica ao acolher crianças abandonadas e dar instrução a elas na faixa etária escolar para que pudessem ter uma vida economicamente produtiva na fase adulta.
Segundo informações contidas na obra de Áries (1981) “História social da criança e da família”. O número de crianças negligenciadas por seus pais e mães era grande, devido às normas e valores morais da sociedade de outrora, que permitiam que homens tivessem diversos relacionamentos com distintas mulheres sem o compromisso de se assumir legalmente os filhos que dessa união nasciam.
Além do fato de que mulheres solteiras e com filhos ficavam marginalizadas e excluídas do meio social, e como a educação era somente destinada aos homens, poucos ofícios cabiam às habilidades conquistadas pelas mulheres e, aos ofícios que lhes cabiam, eram pouco valorizados e de baixos salários para garantir o sustento de uma mãe e seu (s) filho (s).
Dessa forma, não eram poucos os pais que abandonavam os filhos, pois assumi-los era de extremo desconforto tanto para o homem quanto para a mulher na sociedade do referido século.
Tais princípios e valores morais, seguidos até bem pouco tempo atrás, refletem nada mais que os preceitos defendidos pela Igreja como a instituição do casamento e o relacionamento entre homens e mulheres com a finalidade de procriação dentro do contexto matrimonial.
Dessa maneira, não foi por acaso que as instituições confessionais foram as que primeiramente acolheram as crianças enjeitadas, pois tinham o interesse em manter sua supremacia ideológica, mascarando os problemas sociais que tais valores morais traziam.
A educação dessas crianças baseava-se em cuidados gerais com alimentação, higiene pessoal, ensino religioso e diferentes preceitos de acordo com o gênero: para os meninos a preocupação era em possibilitar o ensino de um ofício que os permitissem trabalhar posteriormente, já para as meninas o ensino baseava-se em bons modos, artesanato e outros ofícios que as ajudassem a conseguir um bom casamento na idade adulta.
Com o passar do tempo a importância da alfabetização veio à tona, e essas crianças tiveram acesso ao mundo letrado, tendo a oportunidade de se formarem profissionalmente em ofícios melhor remunerados, inclusive as meninas podendo atingir a formação de normalistas.
Porém, é importante ressaltar, que tais crianças quando atingiam a idade adulta e uma formação educacional, eram destinadas a trabalhar nas próprias instituições confessionais em que foram acolhidas quando menores, com o intuito de cuidar das novas crianças e retribuir o cuidado e a educação que puderam ter.
Fica claro então, que a educação não-formal nesse contexto de instituições confessionais tinha o caráter assistencialista, com a preocupação maior em cuidar e assistir a criança, baseando-se em princípios higienistas e catequistas.
Posteriormente, o atendimento educacional não-formal foi sendo assumido por outras instituições públicas, mas ainda com o forte princípio assistencial e, até a década de 80, em que o Brasil ainda passava pela Ditadura Militar, a educação não-formal era tida somente como uma extensão da educação formal escolar, sendo desenvolvida inclusive, em espaços exteriores às unidades escolares.
Foi somente a partir da década de 90, devido ao novo modelo neoliberal de política educacional, social e econômica, que cresceram as iniciativas de instituições da sociedade civil e não-governamentais, com a finalidade de suprir as deficiências encontradas no sistema educacional formal, que se deu devido à grande demanda de educandos matriculados frente à pouca infraestrutura oferecidas pelas escolas e poucos profissionais da área da educação capacitados, o que gerou baixos salários e desvalorização do trabalho desses profissionais.
Contudo, passou-se a valorizar na educação não-formal o aprendizado realizado de maneira coletiva e as diversas expressões culturais que fazem parte da formação do indivíduo. Assim, o foco mudou para uma nova cultura organizacional, em que as aprendizagens de habilidades extra-escolares ampliariam o campo da educação para outras dimensões que não a escola.
Dessa forma, a educação não-formal passou a ter um caráter transformador, em que valoriza e resignifica as práticas educativas e culturais com o intuito de educar e formar cidadãos capacitados a integrar-se na sociedade, transformando-a de maneira a se tornar mais humana e igualitária.
Tal visão de educação não-formal persiste até os dias atuais e destina-se aos mesmos propósitos que se iniciaram na década de 90 do século passado, porém com maior força e reconhecimento por parte de pesquisadores, profissionais envolvidos, educandos e comunidade.
- Conceituando a educação não-formal
Sendo o termo educação algo que não se limita aos muros da escola, este autentica a educação não-formal enquanto educacional, pois reafirma a possibilidade de manifestações educacionais fora da sala de aula, como também em diferentes espaços, porém com condições de processos de ensino-aprendizagem diferentes.
A educação não-formal envolve aprendizagem política, em que o sujeito compreende seu papel enquanto cidadão integrado em seu meio social e natural; aprendizagem que visa o trabalho; aprendizagem e exercício de organização de sujeitos buscando um bem comum voltado para a resolução de problemas coletivos; além da própria aprendizagem dos conteúdos escolares, porém de maneira diferenciada quanto à metodologia e espaço físico.
Na educação não-formal, o ato de ensinar conteúdos escolares decorre de forma mais “espontânea” que nas instituições escolares, pois sempre se busca a relação entre conteúdo e vivências fora do espaço educativo. Dessa maneira, os conteúdos ministrados e a finalidade das práticas educativas podem e são determinadas pela comunidade e seu contexto social.
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