O Ensino de Língua Portuguesa para Surdos
Por: Bianca de Brito • 25/6/2016 • Resenha • 1.674 Palavras (7 Páginas) • 2.502 Visualizações
Salles, Heloisa Maria Moreira Lima. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica/ Heloisa Maria Moreira Lima Salles... [et al.] _Brasília :MEC, SEESP,2004.2v.:Il.- (Programa Nacional de Apoio á Educação dos Surdos).
Heloisa Maria Doutora em Linguística, professora da Universidade de Brasília, coordenadora do projeto.
Enilde Faulstich Doutora em Filosofia e Língua Portuguesa professora da Universidade de Brasília.
Orlene Lúcia Carvalho Doutora em Linguística, professora da Universidade de Brasília.
Ana Adelina, Mestre em Linguística, professora da Universidade de Brasília.
O livro Ensino de Língua Portuguesa para surdos possui alguns objetivos bem claros, o primeiro é qualificar, dar suporte e encorajar os professores para a prática do ensino de língua portuguesa como segunda língua para deficientes auditivos, além de apoiar a contribuição de pessoas que voltam seus olhares para a integração coletiva e também para os benefícios para a comunidade surda na tarefa de construir uma sociedade multicultural.
Esta obra reflexiva tem por interesse ampliar os horizontes , abrindo novos caminhos e idéias, sensibilizando a sociedade quanto às necessidades educacionais do surdo, procurando expor os problemas quanto ao ensino de língua portuguesa para os mesmos e qualificar o professor, demonstrando a aplicação de exercícios em sala de aula, despertando competências e qualificando o surdo para as relevâncias culturais da sociedade surda do Brasil.
O livro ‘’Ensino da língua portuguesa para surdos’’ foi feito com o objetivo de capacitar os atuais e também os futuros professores, afim de promover a conscientização no ensino da língua portuguesa como segunda língua para deficientes auditivos, além de torná-los capacitados para trabalhar e produzir o desenvolvimento de suas habilidades lingüísticas dentro da sala de aula. Esse material almeja demonstrar como deve ser executado o ensino de língua portuguesa para surdos dentro da escola.
No capítulo inicial são abordados e exemplificados os sinais de Libras (Língua Brasileira de Sinais) dentro do sistema de descrição para que não haja confusão entre a maneira como se é escrito em libras e a maneira como ela é representada na língua portuguesa, com adaptações correntes. A língua portuguesa ganha um papel muito vasto e importante no livro, que traz o surgimento da língua proveniente do indo-europeu, devida a migração de povos romanos, gerando ao longo do tempo uma revolução muito significativa que acaba acarretando na oficialização da Língua portuguesa no Brasil. Esse processo é importante para a comunidade surda que ganha de certa forma um espaço e passa a ser vista como uma cultura própria (cultura surda). Isso nos leva à percepção de que nós é que damos vida à língua, quanto mais utilizada mais espaço ganha, quanto menos falada, menos vivência social e corre o risco de extinção, daí a relação do ensino de língua portuguesa para a comunidade surda, evitando assim o desaparecimento desta para os mesmos. O livro passa a partir daí a demonstrar a língua portuguesa desenraizada de Portugal e da Europa. A língua portuguesa no Brasil é o resultado de um processo de mistura da língua africana, do português de Portugal e também da linguagem indígena. Devido a ter ocorrido muitos confrontos e alianças o português do Brasil foi afetado por todos esses processos de identidade. Vale ainda ressaltar que o português é a quinta língua mais falada e que abrange dois mercados econômicos, mas existem até hoje obstáculos a serem vencidos dentro da língua, um deles é a diferença humana quando se diz respeito à cultura surda no país, pois existem preconceitos e barreiras entre nós, ouvintes, com relação aos demais, porém, isso não tem impedido o crescimento da comunidade surda e o exercício de sua cidadania. Montesquieu, um dos especialistas na área afirma que ‘‘... Não existe deficiência e sim diferença’’, relatando que os surdos não são menores e nem piores que ninguém, são apenas diferentes, assim como todo ser humano, seja ele surdo ou não é diferente um do outro. Ratificando assim que essa “deficiência” que muitos apontam é apenas produto de nosso preconceito para com as diferenças.
Padden & Humphies fazem referência aos surdos que sem o sentimento de perda auditivas são levados a descobrir a surdez, é a partir daí que vemos com outros olhos a observação surda perante nós ouvintes, pois também eles nos consideram como diferentes deles, pois por muitas vezes não conseguem se comunicar com os ouvintes usando o diálogo normal ao qual estão acostumados, é como se nós fossemos diferentes deles por não entendermos o que eles tentam nos transmitir. Apesar disso, não nos enxergam como deficientes, mas apenas sob uma ótica de diferença em relação a eles mesmos.
Em 2002, o presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso declarou e publicou uma lei expressa (oficializando a língua de sinais) que passa a entrar em vigor mediante a regulamentação do Governo Federal.
A cultura surda acaba ganhando ênfase na sociedade com direitos e deveres a partir do momento que é declarada a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial dos surdos. Integrantes de movimentos crescem e discutem direitos à vida, educação, trabalho e bem-estar para os surdos. Com tudo isso eles ganham espaço na mídia e em nosso dia a dia na sociedade e acabam fortalecendo a vivência entre surdo-surdo, lhes trazendo segurança e relatando problemas vivenciados por outros surdos, esse movimento atua em busca de melhorias para cidadania e foi com esses movimentos que ganhou-se voz para mover as grandes empresas de tecnologias a elaborar aparelhos celulares, computadores e softwares de ajuda para aqueles com necessidades especiais.
Skliar faz uma importante participação quando ele diz que uma criança surda deve ser inserida rapidamente em uma comunidade surda para que se aprenda como os próprios surdos utilizando a língua de sinais, esse contato direto facilita a integração da criança na sociedade, desenvolvendo práticas, como teatro, brinquedos, poesias, e literatura facilitando sua convivência e já integrando a criança na comunidade surda, fazendo esse papel fundamental da integração aparecem a família e a escola. Os livros propõem uma integração entre surdos e ouvintes, numa relação aluno e professor, a mais próxima possível. Mas o pensamento de Skliar é justamente ultrapassar essas barreiras, fazendo com que os alunos surdos tenham a oportunidade de desfrutar dos aspectos sociais, culturais e tecnológicos assim como os ouvintes, permitindo assim uma interação e construção de um cenário multicultural, no qual todos são iguais e desfrutam das mesmas oportunidades dentro do convívio em sociedade.
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