O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL FRENTE AO FENÔMENO BULLYING
Por: Amanda Previato • 13/5/2019 • Artigo • 3.301 Palavras (14 Páginas) • 302 Visualizações
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL FRENTE AO FENÔMENO BULLYING
Elisete Renata Gimenes QUESADA *
Resumo
O presente trabalho visa identificar o significado do fenômeno bullying, caracterizando-o de acordo com a realidade das escolas brasileiras. Em seguida, procura-se estabelecer relações entre as ações agressivas inerentes ao fenômeno e o processo de aquisição de conhecimento dos alunos envolvidos, enfatizando suas possíveis conseqüências na aprendizagem. Diante disso, delineia-se a ação do psicopedagogo institucional, como profissional habilitado para trabalhar no sentido de sanar situações desfavoráveis ao aprendizado dos alunos, por meio de ações preventivas e terapêuticas, que envolvem toda a comunidade escolar.
Palavras-chave: bullying; aprendizagem, psicopedagogia institucional; ensino no Brasil.
Abstract
This study aims to identify the meaning of the bullying phenomenon, characterizing it according to the reality of Brazilian schools. Then seek to establish relations between the aggressive actions inherent to the phenomenon and the process of acquisition of knowledge of the students involved, emphasizing its possible consequences on learning. Thus, outlines to the action of the institutional educational psychologist, as a skilled professional to work to remedy adverse situations to student learning through preventive and therapeutic actions, involving the whole school community.
Keywords: bullying; learning, institutional educational psychology; education in Brazil.
Introdução
O fenômeno bullying é caracterizado por agressões intencionais e recorrentes, veladas ou não, de um indivíduo por um grupo social próximo, ou do qual possa fazer parte. No caso do bullying escolar, envolve atitudes de um ou mais alunos contra um ou mais colegas, de ordem física, verbal ou psicológica, sempre de caráter depreciativo. É apontado por FANTE (2005) como uma das formas de violência que mais cresce no mundo. Ao pensarmos o bullying dentro do ambiente da escola, as conseqüências de tal fenômeno vão desde problemas relativos à segurança e à integração dos alunos quanto questões ainda mais profundas, podendo ser a aprendizagem do sujeito agredido igualmente comprometida.
Considerando o papel do psicopedagogo dentro do ambiente escolar, vemos que este vai justamente ao encontro de sanar situações de natureza similares às criadas pelo fenômeno bullying, uma vez que a aprendizagem e o bom funcionamento da organização escolar acaba por ser comprometida em diversos aspectos. O presente trabalho, então, visa aproximar as questões relativas ao fenômeno bullying à teoria psicopedagógica, a fim de realizar um levantamento acerca das possibilidades de atuação do psicopedagogo escolar frente ao fenômeno bullying.
A metodologia escolhida para a realização da presente pesquisa foi a revisão bibliográfica, pois, por meio dela, será possível levantar os dados necessários para justificar o problema apresentado e também para fundamentar a obtenção do objetivo.
O fenômeno bullying nas escolas brasileiras
Em meio à convivência dos alunos nas escolas brasileiras, é comum situações em que estudantes tratam seus pares utilizando apelidos pejorativos, com a finalidade de ofender ou incomodar. Tais atitudes, quando passam a ocorrer com freqüência direcionadas a uma mesma vítima, dá-se por iniciado o chamado fenômeno bullying.
O comportamento das crianças e adolescentes nas escolas, relacionado ao bullying, é fonte de preocupação em todo o mundo, sobretudo por vir se disseminando amplamente nos últimos anos. Apenas recentemente, no entanto, passou a ser estudado no Brasil. De acordo com FANTE, bullying pode ser definido como
um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem um motivo evidente, adotado por um ou mais alunos contra outros, causando sentimentos negativos como raiva, angústia, sofrimento e, em alguns casos, queda do rendimento escolar. (2005, p.45).
Ainda segundo o autor, trata-se de um conceito específico, o que se justifica pelo fato de apresentar características próprias, sendo a mais grave “a propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas vítimas e envolvidos” (2005, p.45).
A vítima do bullying tende a apresentar um perfil típico comum, englobando características como insegurança, ansiedade, timidez, inabilidade para se impor, medo de denunciar os agressores e auto-estima baixa, sendo, portanto, vulnerável e passiva às ações abusivas dos agressores. É comum a apresentação de características físicas e comportamentais marcantes, tais como estatura baixa, obesidade, sardas na pele, etc. – características estas que a destacam e despertam a atenção de colegas mal-intencionados. (BRITO, 2015)
MARTINS (2005) classifica os comportamentos relacionados à prática do bullying em três categorias:
- Direto e físico – inclui agressão física ou ameaça de, roubo ou dano de objetos pertencentes a colegas, extorção de dinheiro ou ameaça; assédio sexual ou ameaça; obrigação aos colegas de realizar tarefas servis contra sua vontade.
- Direto e verbal – engloba insultos, gozações, comentários racistas ou que salientem características ou deficiências de um colega de forma negativa.
- Indireto – refere-se a situações como a exclusão sistemática de um colega do grupo de pares, ameaças relativas à perda de amizades, retaliação e ameaça de boatos com vista a prejudicar a reputação de alguém; manipulação da vida social de seus pares.
Poucos são os estudos já realizados no Brasil tendo como base situações reais de bullying. De acordo com pesquisas, a maior freqüência de agressões ou abusos ocorre dentro das salas de aula, indo de encontro ao que apontam pesquisas internacionais, que mostram que o bullying toma maiores proporções nos horários de intervalo entre as aulas, ou durante a entrada e saída da escola. Outra peculiaridade brasileira é o fato de que, de acordo com relatos, a maior parte dos alunos que praticam o bullying nunca foi repreendido ou advertido por este motivo – o que nos leva a conclusão de que tal forma de violência segue impune, sendo desconhecida ou subestimada. (FANTE apud SILVA & COSTA, 2014).
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