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O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA

Por:   •  8/10/2015  •  Artigo  •  7.411 Palavras (30 Páginas)  •  2.914 Visualizações

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O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA

NA CONCEPÇÃO DE JEAN PIAGET

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo central o de analisar a teoria de Piaget em torno dos processos de aprendizagem da língua escrita pela criança em tempos da Psicolinguística Contemporânea. A pesquisa, de cunho bibliográfico, tem embasamento teórico em renomados autores que tratam de temas pertinentes à área em foco. A partir dos autores pesquisados, Ferreiro e Teberosky (1999), Colello (1995), Kamii (1991), entre outros, foi possível elaborar uma reflexão sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita. Constatamos, que esse processo acontece dependa de elaboração de hipóteses e de construções individuais sobre a representação linguística. Neste processo evolutivo, acontecem inúmeras tentativas da criança consideradas como erros construtivos, os quais devem ser estimulados e reforçados. A constatação de que os professores devem lançar mãos de atividades significativas de leitura e escrita, implica a necessidade de se trabalhar a leitura e a escrita como prática social e discursiva.

Palavras-Chave: Psicolinguística Contemporânea; Aprendizagem; Leitura; Escrita.

1 INTRODUÇÃO

Baseando-se nas contribuições ensejadas pelo paradigma psicogenético de construção do conhecimento por Jean Piaget, nasce uma nova concepção e compreensão a respeito dos processos de aquisição da leitura e da escrita pela criança, marcando a superação da antiga interpretação da forma pela qual a criança (e o adulto) aprende a ler e escrever.

Mesmo que não saiba ler e escrever convencionalmente, quando a criança chega à escola ela possui um notável conhecimento de sua língua materna, até mesmo, um saber linguístico que utiliza (inconscientemente) sem ter noção desse saber, nos seus atos de comunicação cotidianos.

Daí a criança como um ser cognoscitivo e reflexivo pensa sobre o objeto (linguagem) do conhecimento, constrói hipóteses acerca da leitura e da escrita que acabam marcando as produções escritas ensejando assim a noção de erro construtivo, vivencia conflitos cognitivos justamente devido os erros e, nos seus esforços para superar seus erros ou solucionar conflitos, avançam na construção do conhecimento.

Portanto, o objetivo geral deste estudo foi o de compilar informações sobre os processos de aquisição da leitura e da escrita na criança pelo paradigma psicogenético a partir dos princípios teóricos de Jean Piaget explorados por Ferreiro e Teberosky (1999) que justamente consideram este sujeito cognoscente e a forma pelo qual adquire a habilidade da leitura e da escrita. Desta forma, a relevância deste estudo está em analisar a teoria de Piaget em torno dos processos de aprendizagem da leitura e da escrita pela criança.

Sendo assim, o presente estudo teve como questão de investigação: Quais as contribuições do paradigma psicogenético acerca de como se processa a construção da leitura e escrita pela criança? Na busca de fundamentar teoricamente respostas para esta situação-problema, realizamos uma pesquisa bibliográfica, tendo como aporte Piaget referendado por Ferreiro e Teberosky (1999), dentre outros teóricos.

2 A PSICOLINGUÍSTICA CONTEMPORÂNEA E O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA: UM OUTRO OLHAR SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM NA CRIANÇA

No início da década de 1960, as metodologias tradicionalistas embaladas pelas concepções condutistas passaram a ser sistematicamente questionadas, em decorrência de novas propostas de mudança na educação em torno da maneira como eram compreendidos os processos de aquisição da língua oral na criança (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999).

Segundo Ferreiro e Teberosky (1999), dentro da questão da linguagem infantil existia a preocupação com o léxico, isto é, com a quantidade e variedade de palavras utilizadas pelas crianças, cujo parâmetro era as categorias da linguagem adulta (verbos, substantivos, adjetivos, entre outros), considerando a variação e a proporção entre essas diferentes categorias de palavras, e as relações existentes entre o incremento do vocabulário, a idade, o sexo, o rendimento escolar, entre outras.

Essa preocupação usava a imitação o reforço seletivo como elementos centrais da aprendizagem tradicional associativa, uma vez que explicam a aquisição das regras sintáticas. Assim, os associacionistas (também chamados de comportamentalistas ou behavioristas) atribuem exclusivamente ao ambiente a constituição de características humanas e privilegia a experiência como fonte de conhecimento e de formação de hábitos de comportamento. Assim, as características individuais são determinadas por fatores externos ao indivíduo. Nessa abordagem desenvolvimento e aprendizagem se confundem e ocorrem simultaneamente. Como bem analisam Ferreiro e Teberosky (1999, p. 24),

O modelo tradicionalista associacionista da aquisição da linguagem é simples: existe na criança uma tendência à imitação (tendência que as diferentes posições associacionistas justificarão de maneira variada), e no meio social que a cerca (os adultos que a cuidam) existe uma tendência a reforçar seletivamente as emissões vocálicas da criança que correspondem a sons ou a pautas sonoras complexas (palavras) da linguagem própria desse meio social.

Dito de outro modo, para a teoria ambientalista/comportamentalista, o ambiente externo tem toda a força sobre o indivíduo para configurar sua conduta às exigências da sociedade. Para tanto, deve-se utilizar os estímulos e reforços adequados. Segundo Skinner, todo comportamento é determinado pelo ambiente, mesmo que a relação do indivíduo com esse ambiente não seja passiva, e sim de interação. Desta forma, um professor pode definir que resultados pretendem alcançar com seus alunos e oferecer-lhes os estímulos e recompensas adequados à medida que os alunos avançam, para levá-los ao resultado previsto (apud REGO, 1995).

Os postulados da imitação e do reforço seletivo presentes em meio às práticas pedagógicas foram veementemente criticados com o aparecimento de novas concepções sobre como se dá a aprendizagem pelos estudos da Psicogênese da Língua Escrita, contrapondo-se à concepção tradicional da natureza e do significado da aprendizagem da língua escrita, trazendo possibilidades significativas para a educação, como dizemos anteriormente (SOARES; MACIEL, 2000).

As novas propostas de mudança na educação, especificamente no Brasil, foram implementadas pelas ideias da Psicolinguística Contemporânea e da Psicologia

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