PEDAGOGIA ESPÍRITA: A EDUCAÇÃO DO SER INTEGRAL
Por: Kacila Favero • 2/4/2018 • Artigo • 4.483 Palavras (18 Páginas) • 315 Visualizações
PEDAGOGIA ESPÍRITA: A EDUCAÇÃO DO SER INTEGRAL
RESUMO: O presente estudo objetiva discutir a Educação Espírita com vistas ao ser integral. Para tanto, como metodologia, empregou a pesquisa bibliográfica realizada em livros e artigos que discutem o tema em estudo. Foi visto que a Educação Espírita acredita que a conquista do saber, por meio da Instrução, é tão importante quanto o progresso moral dos estudantes, pois significa a formação do caráter e da conduta do homem de bem. Ao final do estudo concluiu-se que a Pedagogia Espírita busca desenvolver no cidadão um novo olhar sobre si mesmo, sobre o próximo e sobre a vida, onde cada um contribuirá dando o melhor de si, com resultados diferentes, mas harmoniosos. Nesta Pedagogia, o educando é visto como um ser milenar, que em cada existência assimila o que lhe foi possível absorver em aprendizagem, que contribuíram para colocá-lo no nível evolutivo espiritual em que se encontra no momento. Também evidencia que cada pessoa está vivendo o seu melhor momento espiritual e todas as oportunidades devem ser aproveitadas e nunca negligenciadas ou desperdiçadas para o embelezamento espiritual do ser. Dessa forma, a educação deve ser vista como um meio pelo qual o individuo pode lançar mão para seu aperfeiçoamento, que continua pela eternidade.
Palavras-chave: Educação do Ser Integral. Pedagogia Espírita.
1. INTRODUÇÂO
O estabelecimento da desordem social e moral da sociedade, marcada por conflitos, tensões, desigualdades, escassez de cooperação e fraternidade entre os povos, constitui um processo desencadeado pela vigência de ideias incoerentes no seio das sociedades. Essa incoerência de ideias, que também poderia se denominar inversão de valores humanos, só se diluirá no tempo através da Educação, entendida como um processo de aperfeiçoamento das faculdades do ser humano que, em sua essência divina, é um Espírito eterno e tem por finalidade existencial o seu desenvolvimento pessoal e o do próximo (Eu e o Outro), através do cultivo de sentimentos nobres, tais como bondade, amor, fraternidade, cooperação e harmonia, presentes no “Ser em estado de dormência” (INCONTRI, 2001).
Nesse contexto, o presente estudo objetiva discutir a Educação Espírita com vistas ao ser integral.
A Educação Espírita acredita que a conquista do saber, por meio da Instrução, é tão importante quanto o progresso moral dos estudantes, pois significa a formação do caráter e da conduta do homem de bem.
O estudo se justifica e se faz relevante pois através desse trabalho podemos dimensionar a revolução e a contribuição que a Pedagogia Espírita, bem aplicada, tem a oferecer a diversas religiões, inclusive a religião que se tornou o próprio espiritismo no Brasil, resgatando sua origem como religião natural destituída de dogmas, prosélitos e rituais, assim como a sua contribuição também às outras religiões, auxiliando-as através do diálogo no cultivo de uma religiosidade autêntica, libertária, livre, ética, radicada na consciência de cada um.
2 METODOLOGIA
Como metodologia, empregou-se a pesquisa bibliográfica realizada em livros e artigos que discutem o tema em estudo. Nesse sentido, após serem eleitas as obras que foram utilizadas para o desenvolvimento do estudo, procurou-se localizar nestas as informações úteis por meio de leitura crítica/analítica levando em conta a intelecção do texto e a apreensão de seu teor que foi, posteriormente, submetido à interpretação.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para entender o caráter da pedagogia Espírita, sem conceitos pré-concebidos, é preciso ter conhecimento de que essa teoria educacional sempre fez parte da tradição Filosófica do ocidente. Desde os tempos mais remotos, começando da Grécia, com a filosofia de Sócrates e Platão, ambos filósofos precursores do cristianismo, culminando com Jesus, “o Mestre dos Mestres” e seguindo com Comenius, Rousseau, Pestalozzi e Alan Kardec. Este último deu início a uma nova era para a filosofia, para a ciência e para a religião ao codificar a Doutrina Espírita, pois ela veio tratar de maneira natural, e claramente, fazendo uso de métodos científicos, o mundo espiritual, até então abordado por uma ótica mística, fabulosa e por vezes, até mesmo proibido.
A partir de Alan Kardec a teoria da educação espírita se firmou e foi contemplada com uma nova dimensão com a imersão do “Espírito humano”, consciente, dotado de inteligência, eterno e que dá vida ao ser material, orgânico e biológico.
Também é preciso conhecer a pedagogia evangélica de Jesus, que ensinava por parábolas, colocando de lado, o misticismo religioso, a fé dogmática, sem racionalidade para deixar fluir o seu jeito simples, objetivo e amoroso de “ensinar” os verdadeiros valores da alma.
Essa abordagem espiritual propõe uma educação que valorize, desperte e enriqueça todas as capacidades de inovação e renovação humana, que conduza à realização e felicidade do ser, individual ou coletivamente.
3.1 Princípios Fundamentais da Pedagogia Espírita
Fundamentalmente a Pedagogia Espírita vê o Homem como um ser dualista (corpo e alma). Essa duplicidade está inserida numa relação interexistente, entre dois planos, material e espiritual. As aprendizagens obtidas e toda experiência adquirida durante a vida vão além da existência física tanto em relação ao passado e ao futuro:
A concepção espírita de homem nos mostra o ser na existência com duas formas corporais e dois destinos inter-relacionados. O corpo físico é o seu instrumento de vivência terrena, mas o corpo espiritual é o seu organismo etéreo de que deve servir-se na continuidade superexistencial dessa vivência (PIRES, 1990, p.114).
O homem dessa forma não está submetido a essa vida terrena, mas também a sua existência espiritual, contrariando a visão simplista e única da vida material. Nesta concepção a base Fundamental é a reencarnação, onde o espírito imortal continua seu processo evolutivo, renascendo várias vezes, em corpos diferentes, sempre acumulando um aprendizado das vidas sucessivas. Em cada novo renascer, lhe é oferecido novas oportunidades conforme o meio ao qual está inserido (pelos planos divinos) a um novo aprendizado, que visa o seu equilíbrio moral e ajustamento perante as leis de Deus, as quais todos estão submetidos.
...