PIAF 2021 - Prof. José Matheus Tavares Resenha Pedagogia da presença
Por: Matheus Tavares • 22/6/2021 • Resenha • 1.449 Palavras (6 Páginas) • 4.465 Visualizações
P.E.I. Professor Albino Luiz Caldas
Piaf. – 1º Semestre 2021
Resenha do Livro Pedagogia da Presença – Antônio Carlos Gomes
Professor – José Matheus Tavares dos Santos
Professora Coordenadora de Área – Eleonora
Em seu trabalho Pedagogia da presença, da solidão ao encontro, Antônio Carlos Gomes da Costa parte da ideia inicial de que o trabalho educativo é, e sempre será uma fonte inesgotável de aprendizagem desde que haja o desejo por ela. O automatismo e a rotina fazem com que experiências valiosas se percam por falta de sensibilidade, interesse e sutileza do educador em captá-las e delas fazer a matéria de seu crescimento como pessoa, como profissional e como cidadão. Quando a experiência do dia a dia é valorizada, ações de rotina se transmudam em aventura segundo o autor.
A relação educador-educando se oferece como espaço de desenvolvimento pessoal e social de seus protagonistas. Para relacionar-se de maneira significativa com adolescentes em dificuldade carece-se de consistente disposição interior, pois tal relacionamento significativo apenas pode ser apreendido; e esse aprendizado nasce do entendimento e do treino, não são caracteres inatos ao “dom docente”, tampouco permanecem estanques frente às alterações do tempo e ações internas do hábito viciado.
Essa obra, que se apresenta como uma introdução ao trabalho socioeducativo junto a adolescentes em dificuldade, procura articular essas duas dimensões da aprendizagem, de modo a propiciar que ao seu final cada participante realmente incorpore novas maneiras de entender e agir.
É amplamente sabido que o educador que atua junto aos jovens em dificuldades situa-se no fim de uma corrente de omissões e transgressões, sobre seu trabalho recaem as falhas da família, da sociedade e do estado. O que sofre ativa pressão para ser ignorado é que sua atuação frequentemente é a última linha de defesa pessoal e social de seu educando. Portanto, não pode o educador refugiar-se na sinalização pura e simples do caráter disfuncional dos mecanismos impessoais da lei, das instituições e da sociedade. Relevante parte das exigências do processo educativo depende do educador. A ele cabe por imposição de sua consciência ética e política o dever de perseguir a eficácia na ação, não se deixando reternos momentos do testemunho e da denúncia.
O primeiro passo nesse sentido (o sentido de abandonar a reclamação contemplativa e tomar responsabilidade atuante sobre o processo de ensino-aprendizagem) é reconhecer os requisitos intrínsecos à ação educativa; o segundo passo é empenhar-se de maneira sistemática e incorporá-los ao seu modo de compreender e atuar frente às situações que variam de um momento para outro, de educando para educando, de situação para situação. Capacidades como aprender com os próprios erros e aceitar o outro como ele é, interessar-se pelas potencialidades e limites de cada jovem são requisitos mais importantes que a coragem, o heroísmo e o zelo extremo que parecem ser a marca de educadores da contemporaneidade.
Tidos, às vezes, como pessoas fora do comum,os educadores são valorizados por serem capazes de atuar de forma excepcional frente às situações mais difíceis quando na verdade o desempenho que devemos esperar do educador emocional e tecnicamente preparado é que ele use o bom senso para evitar situações que venham a requerer mobilizações extremas de habilidades e sentimentos. Para isso, faz-se necessário um esforço consciente e sincero de apegar-se ao cotidiano de forma atenta criativa e metódica.
Refletir sobre os acontecimentos comuns do dia a dia parece, ao autor da obra, o melhor dos caminhos para uma educação significativa. Quando incorporamos esse tipo de atitude já não somos vítimas do tédio e do aborrecimento porque continuamente estaremos fazendo descobertas sobre nossos educandos e sobre nós mesmos e, sem isso, nos condenamos a rotina a autocomplacência e ao desinteresse na ação educativa.
Na ação educativa, a linha que separa o sucesso do fracasso é tênue, quase imperceptível, e tende a deslocar-se com as oscilações das realidades internas e externas do educador e do educando. Limitações existem em qualquer aspecto da relação entre quem ajuda e quem é ajudado. Algumas são superáveis, outras nos convidam a conviver com elas, aprendendo a conhecê-las e a neutralizar ou reverter os seus impactos sobre o processo de mudança e crescimento no qual, por opção e dever, estamos sempre empenhados.
Este livro dirige-se a todos aqueles educadores interessados em melhorar seu desempenho mediante aquisição de novas motivações, novas visões, nova compreensão, novos valores, novos hábitos e de novas atitudes frente a si mesmos, aos seus educandos e a tudo o que diga respeito ao seu trabalho.
Como disparador o autor cita Pierre Laureant para nos levar a aprender a dimensão da presença no processo pedagógico em toda sua complexidade, inteireza e implicações. Esta introdução ao trabalho sócio-educativo junto adolescentes têm intenções de abrir o questionamento às atuais práticas educativas. Não pretende exaurir o assunto, antes ser um pequeno passo na direção do grande esforço que se faz necessário para a melhoria das formas de atenção direta aos jovens em circunstâncias especialmente difíceis de um modo geral, e de uma forma muito especial aos adolescentes a quem se atribua autoria de ato infracional. Nesta pedagogia da presença estão condensados, adaptadas à realidade brasileira e acrescidas de algumas observações, análises e formulações da parte do autor, as ideias básicas defendidas por Pierre Laureant em ‘a educação de jovens difíceis’ uma obra que reflete a experiência de toda uma vida dedicada a essa modalidade de trabalho social e educativo seja como educador de linha, seja como docente na formação de outros educadores.
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