Resenha pedagogia da autonomia
Por: Maryane Cavalcante • 24/4/2017 • Resenha • 1.077 Palavras (5 Páginas) • 538 Visualizações
O livro Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa é um livro escrito por Paulo Freire, já reconhecido por seu amplo conhecimento na área da educação. Apesar de sua leitura leve, o livro traz uma carga de reflexão e autoconhecimento sobre o ato de tornar-se professor. E mais que um professor, um professor progressista. As reflexões são feitas por etapas sempre intituladas com a palavra “ensinar”, o que nos leva ao final do livro a percebermos que ações precisamos fazer e aprender para realizar o ato de ensinar
Ele se mostra muito firme em sua posição de crítica ao sistema educacional neoliberal, conservadorismo e ao fatalismo. O ponto de vista de Freire é bem claro em todo decorrer do livro: a experiência e a prática em sala de aula, de certa forma, estão distantes do belo discurso dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Já no começo podemos perceber a luta do profissional de educação entre “o que deve ser feito” e “como fazer”. Muito constante é seu discurso é a questão da ética, especialmente quando relacionado a temas como raça, gênero e classe.
O primeiro capítulo é voltado para o entendimento que não há docência sem discência. Abordando principalmente a relação ensino-aprendizagem, deixando bastante claro que quem ensina está aprendendo, e quem aprende sempre está ensinando algo. Faz também uma reflexão sobre teoria e prática, de como é preciso um equilíbrio entre eles para que um não vire mero discurso e outro ativismo sem causa. Faz também a primeira referência ao fato de que ensinar é muito mais do que apenas transferir conhecimento, que será bastante abordado em todo o livro.
Além disso, o autor diz que ensinar exige: rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes do educando, criticidade, estética e ética, corpereificação das palavras pelo exemplo, risco, aceitação do novo e rejeição de qualquer forma de discriminação; e principalmente, destacado como o fator principal à prática docente: a reflexão crítica. O educador deve estimular no educando sua curiosidade, e sua insubmissão. Não só ensinar o conteúdo, mas ensiná-lo a pensar, e a pensar certo. Para pensarmos certo não podemos nos achar os donos da verdade, mas sim, prontos para aprender.
É preciso entender também que ensinar exige pesquisa, querer saber, indagar. Entender que o educando já tem uma experiência de vida e conhecimentos é fundamental o respeito a esses saberes, e não um pré julgamento. Procurar além de entender, fazer um paralelo entre o que aluno traz e a disciplina que está sendo dada, para assim facilitar o seu entendimento. A curiosidade é bastante explorada em toda a obra e acabei percebendo o porquê desta valorização já no ponto 1.4. A curiosidade ingênua pode não parecer grande coisa, mais quando unida com a educação é poderosa. A educação trabalha como uma ponte entre a curiosidade e a criticidade.
Achei bastante interessante o que é dito por ele sobre ética. Nós mulheres e homens com nossa capacidade de decidir, pensar, acabaram por nos tornar seres éticos. E da nossa capacidade de nos afastarmos dela. Pensando nesse sentido de ética já me pego falando de outro ponto, a corporeificação das palavras. Não se pode pensar certo, sem fazer certo. Ser professor é aceitar o que é novo, diferente. É a rejeição de qualquer forma de preconceito e amor a democracia.
O segundo capítulo recebe o nome de “ensinar não é transferir conhecimento”, que por si só já nos diz muita coisa. Ensinar não é pegar o que se sabe e tentar a todo custo jogar sobre o educando, como se ele fosse uma moldura em branco. Ensinar é criar possibilidades dentro da realidade desse aluno para que ele compreenda o que é passado. E, além disso, o entendimento e aceitação de que somos seres inacabados e estamos a todo o momento em um processo de construção. Nesse processo de construção não se pode, se sendo um ser humano ético, deixar de ser político.
Ainda nesse capítulo, Paulo Freire discute sobre suas experiências como educador por meio de uma linguagem que aproxima bem o leitor, quando ele diz que “gosta de ser gente”. Assim, ele lista vários aspectos que o torna inacabado, assumindo assim uma imagem de ser humano que está condicionado, mas não subordinado totalmente às imposições sociais, buscando assim, superar as barreiras e obstáculos que possam surgir. Para fortalecer seus questionamentos, Freire exemplifica episódios de sua vida em que teve que superar alguns desses obstáculos.
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