PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Por: karzmierczak • 16/1/2023 • Resenha • 1.753 Palavras (8 Páginas) • 82 Visualizações
RESUMO: PSICOLOGIA - UMA (NOVA) INTRODUÇÃO
Maria Eduarda Karzmierczak
Prof. Dr. Antonio Cesar Frasseto
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
2022
A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA INDEPENDENTE
1) PRECONDIÇÕES SOCIOCULTURAIS PARA O APARECIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA NO SÉCULO XIX
1.1.) A experiência da subjetividade privatizada
A fim de conhecer o “psicológico”, de maneira científica, faz-se necessário dois cenários, ter “uma experiência muito clara da subjetividade privatizada” e, em seguida, “a experiência da crise dessa subjetividade”.
No que tange o primeiro, é muito simples para nós, pois, constantemente, temos a sensação de que grande parte das nossas experiências são íntimas, que aquilo que vivemos nunca foi vivido antes por outro alguém e automaticamente, acabamos por valorizar a privacidade, uma vez que está ligada diretamente a ideia de liberdade, principalmente para decidir nosso destino.
As crises sociais, criam um quadro propício para uma invasão inesperada dessa experiência subjetiva privatizada. Daí, entra-se no segundo cenário, onde o homem encontra-se desamparado seja do que for, família, raça, religião ou algum aspecto político. Aqui, é obrigado a recorrer ao seu “foro íntimo”, ou seja, olhar para si mesmo e perceber que consegue tomar suas decisões e que é responsável por elas.
Assim, surge o questionamento do que é certo ou errado, procurando na própria consciência, o que pode ser externalizado através da arte e religião, exemplos de movimentos que acompanham o processo de subjetivação. Por mais que esse desenvolvimento não tenha ocorrido de maneira semelhante em algumas sociedades, com o passar do tempo, a experiência da subjetividade privatizada, determinou, fortemente, a noção que temos da nossa existência.
A principal imagem que temos de nós por nós é de que somos seres autônomos, a liberdade é o que sustenta a crença de democracia e sociedade de consumo. Quando a imagem ilusória de possuir o controle sobre a própria vida é colocada em dúvida, o homem sente-se desconfortável e assustado e assim, torna-se, talvez, uma tarefa para a psicologia revelar tal ilusão.
1.2) Constituição e desdobramentos da noção de subjetividade na Modernidade
A percepção acerca de “ser autônomo” é resultante das inúmeras transformações passadas pelo homem ao longo da história. Com o declínio e falência da época medieval e abertura do ocidente, o ser humano encontrou-se em um meio totalmente novo, no qual ele não fazia mais parte de uma ordem superior que ao mesmo tempo que o amparava, também o constrangia.
Esse rompimento, teria dado ao homem europeu o sentimento de liberdade, da abertura para um mundo novo, mas, igualmente, estaria assustado. Afinal, o que era certo, errado e seguro? Todas essas experimentações de perdas de referências, tiveram início com o Renascimento, o contato com a diversidade demandou “novos modos de ser”.
Surge a crescente valorização do homem, afinal, não há mais de onde esperar um conselho ou ordem e assim, caímos no cenário citado anteriormente, o ser é responsável pelas suas próprias escolhas. Por contrário do se espera, Deus não desapareceu, apenas ocupou outra posição, mais distante, “sobre o mundo” e dessa forma, gradativamente, o mundo torna-se um instrumento de uso para o ser humano e menos sagrado, marca-se o nascimento do humanismo moderno.
Um dos melhores exemplos da valorização do íntimo é um livro publicado pelo pensador francês Michel de Montaigne, o qual coloca ele mesmo como assunto e assim, discorre sobre a passagem de sua vida e as transformações sofridas. Em consonância com a valorização do indivíduo e suas individualidades, percebe-se a importância do surgimento da imprensa, principalmente, com a “leitura silenciosa” cuja possibilita o escape da sociedade e a criação de um diálogo internalizado, e aos poucos, o trabalho intelectual passa a ser individual.
Com tantas aberturas, surgiram e renasceram algumas vertentes para o pensamento e interpretação do mundo, como é o caso do ceticismo. Os céticos acreditavam que as impressões causadas pelos instintos humanos e os órgãos dos sentidos poderiam ser um engano dessas ferramentas. Ademais, ao longo do tempo, outros pensamentos tentaram tomar o controle de assegurar bases para as crenças e ações humanas. Nesse caso, a movimentação das instituições religiosas foi forte, principalmente, para poder articular a existência de um deus onipotente com a liberdade humana. Assim, surge a crença de que a liberdade, se bem utilizada pelo homem, seria recompensada, pelo contrário, ele encontraria a punição divina.
Outra preocupação iminente é a da veracidade da verdade, e para isso, Descartes utilizou de um instrumento muito comum aos céticos: a dúvida e para ele, apenas as informações extremamente claras e distintas poderiam ser levadas como verdadeiras. Tido como o ponto de partida da modernidade, após quase cair em um paradoxo criado pela dúvida, concluiu que a “verdade reside no homem, dá-se para ele”. Paralelamente, como pai do empirismo moderno, Francis Bacon, não negou os sentidos e percepções, e quando desprovidas de ilusões, serão a base para a razão.
1.3) A crise na Modernidade e da subjetividade moderna em algumas de suas expressões filosóficas
Como de costume, quando um novo movimento surge ele é contra ao último vigente, e não foi diferente com a crença de que o homem alcançaria uma verdade absoluta, fortemente criticado durante o Iluminismo. Nesse período, colocou-se à prova a valorização e soberania do “eu”.
Em certo momento, um influente filósofo da época chegou a afirmar que o “eu” é um efeito das experiências vividas e não o “senhor” de suas experiências, ou seja, o homem é transformado a partir de sua vivência, é um ser mutável e não substancial. Paralelamente, Kant se opôs a essa visão mais radical e acabou propondo o “fenômeno”, quando o homem só tem acesso àquilo que se apresenta a ele e as necessidades, impulsos, vontades não podem ser definitivamente acalmados e apagados pela razão.
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