Relações Entre os contextos de produção de textos e da prática a partir da experiência da SEE/SP
Por: Daniela Mandu • 28/5/2018 • Ensaio • 1.198 Palavras (5 Páginas) • 230 Visualizações
Segundo Rampini (2011), a palavra currículo tem origem da palavra scurre, que significa corrida, e permite associar o currículo a uma pista de corrida, um percurso ou caminho. Há ainda, quem relacione esse percurso a uma regra formativa, que é composta por prescrições e definições que articular o percurso a caminho com formato determinado, linear e gradual. No entanto, ao visualizar o percurso dessa forma é excluída toda possibilidade de que esse percurso mude e se transforme, podendo obter novos ritmos, formas, destinos e recorra a outros objetivos e desejos. Nesse sentido, ao desenvolver o planejamento curricular é fundamental envolver os atores e agentes do processo de aprendizagem, com a finalidade de que esse aprendizado seja fiel às necessidades e objetivos do ser social, levando em consideração sua história de vida, contexto histórico, contexto social e as histórias coletivas. (PETRUCCI-ROSA e col., 2011).
Segundo Benjamin, a concepção linear do currículo é concebida de forma artificial, pois retrata uma relação de causa e efeito, coesão no percurso. (BEIJAMIN. apud PETRUCCI-ROSA e col., 2011). Ainda na mesma obra, Pretrucci-Rosa e col. destacam que esse tipo de concepção exclui outras possibilidades de articulações para o percurso, como a narrativa. Esta, que possibilita explorar a aprendizagem, o desenvolvimento de uma narrativa de vida e elaboração de identidades que permeiam o trajeto em busca dos objetivos e sonhos. Sob o mesmo ponto de vista, passar da aprendizagem prescritiva pra uma aprendizagem que contemple a narrativa e que possibilite a transformação das instituições educacionais, possibilita que esta cumpra seu antigo objetivo: ajudar a mudar o futuro social de seus alunos. (GOODSON, 2007 apud PETRUCCI-ROSA e col., 2011).
O presente estudo visa analisar as identidades docentes e novas práticas curriculares nas escolas públicas a partir da implantação do programa São Paulo Faz Escola. A Proposta Curricular do Estado de São Paulo compõe um conjunto de medidas adotadas pelo programa, implantadas no ano de 2008, que produziu textos curriculares que transformaram o cotidiano das escolas. O programa estabelece diretrizes curriculares unificadas para o ensino fundamental e médio de todo o Estado, “visando melhorar a educação pública através de indicadores de proficiência” (SÃO PAULO, 2008, p. 3). Para alcançar esse objetivo, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo elaborou e distribuiu materiais didáticos a todo o corpo docente que ficou conhecido como Cadernos do Professor, cujo conjunto era dividido em quatro volumes anuais, um por bimestre para cada disciplina. (CAÇÃO, 2011)
O Caderno do Professor atua como um subsídio para as aulas, com conteúdos que incluem documentos com propostas pedagógicas, materiais didáticos, textos teóricos, roteiros para as aulas e avaliações. A implantação desse currículo único para toda rede pública de ensino produziu diferentes reações por parte de seus praticantes, os docentes. Com isso, alguns estudiosos se dedicaram a estudar os impactos de tais interferências nas práticas docentes (Petrucci-Rosa, Rampini, Cação, Custódio e Mendonça).
Nesse sentido, o currículo se distanciou de seu papel inicial fundamentado na construção social, como articulador e organizador dos estudos, considerando principalmente o âmbito social do qual está inserido e tendo em vista as práticas educativas e os objetivos da escola. E ocupou um papel de produto, em que o sistema educacional paulista formulou, aos moldes capitalistas, uma proposta que visa a homogeneização do conhecimento escolar e das práticas curriculares, concebendo a noção de currículo como produto acabado. Nesse contexto, a figura dos docentes foi concebida como mero instrumento de produção em massa, em que reproduziam as novas diretrizes curriculares estabelecidas, desapropriados de sua autonomia na construção das práticas docentes. (CAÇÃO, 2011)
OBJETIVOS DE PESQUISA
Nessa pesquisa, objetiva-se investigar as práticas curriculares e as identidades docentes em relação ao ensino de Linguagens, no Ensino Médio das escolas públicas, após a implantação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo. Nesse sentido, pretende-se compreender as práticas discursivas no contexto dos materiais didáticos concebidos e como os textos desses materiais didáticos recontextuam e hibridizam discursos que transformam conhecimento científico em conhecimento escolar. E também, investigar usos e consumos dos documentos curriculares, a partir das experiências do contexto da prática, valorizando o trabalho docente e as táticas desenvolvidas para sua realização no cotidiano escolar.
METODOLOGIA
Quando trabalhamos com experiências docentes devemos não só aceitar que suas experiências e vivencias estão mergulhadas em um mar
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