Resenha Educação e Trabalho: bases para a educação profissional emancipadora
Por: Carolina Lorena • 19/9/2018 • Resenha • 787 Palavras (4 Páginas) • 1.082 Visualizações
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e Trabalho: bases para debater a educação profissional emancipadora.Florianópolis: Perspectiva, v. 19, n.01, pg. 71-87, jan./ jun. 2001.
Ao analisar o texto de Frigotto, observamos que seu objetivo principal é argumentar contra as tendências e ideologias neoliberais e pós-modernas, as quais possuem o lucro e o crescimento econômico como foco principal sendo apoiadas pelo Estado, que defende os interesses do capital passando a intervir no mercado gerando crise do trabalho assalariado.
O autor aborda em um primeiro momento, a diferença entre o trabalho na sua dimensão ontológica (na construção do ser humano) do trabalho assalariado no capitalismo. Para Frigotto os homens são seres da natureza e criam e recriam pela ação consciente do trabalho sua própria existência. Para ele, o trabalho tem um princípio educativo quando o homem aprende que, enquanto ser da natureza, precisa transformá-la para em meios úteis para sobreviver. O homem exerce o trabalho livre e de direto, ou seja, na sua dimensão ontológica, quando cria, recria e transforma a natureza pela ação consciente do trabalho, onde neste contexto percebe a importância da ciência e da tecnologia como valores de uso para a melhoria das condições da vida humana. Não obstante, com a chegada do capitalismo, que se caracteriza pela acumulação de capital e surgimento da propriedade privada, surge o trabalho assalariado, no qual os trabalhadores necessitam vender sua força de trabalho para sobreviver, fazendo com que o trabalho se torne uma atividade opressiva, sufocante e alienada para muitos homens.
Frigotto enfatiza que o que determina a crise do trabalho assalariado “radica-se na própria essência do capital – acumular, concentrar, centralizar e, como consequência, excluir concorrentes e explorar a força de trabalho” (pg. 77). A partir da década de 40 com o surgimento das multinacionais, da globalização e “mundialização do capital”, as sociedades nacionaisperdem o poder de controlarem o “poder anárquico do capital”. (pg. 77), resultando na falência dos estados nacionais mediante a perda da capacidade de suas moedas.Destaca que as políticas neoliberais e a hegemonia do capital, e o desenvolvimento produtivo centrado sobre o crescimento excessivo do capital morto acabam por gerar a desestabilização dos trabalhadores estáveis, precariedade de trabalho e grande aumento de pessoas à margem do mundo da produção, rompendo garantias e direitos em relação ao trabalhador.
Nesse contexto, o trabalhador sofre com a desigualdade social, a exploração, a alienação, o desemprego, a falta de educação qualificada e outras condições impostas pelo mercado neoliberal, resultando em uma crise do trabalho.
E para concluir, Frigotto defende que a ciência, a tecnologia, a educação em geral ou a educação profissional, simultaneamente, em que podem ser instrumentos de ampliação e legitimação da exclusão, podem ser também importantes mediações sociais, culturais e econômicas de emancipação do homem. Instituições como Banco Mundial, governantes e autoridades capitalistas, têm desenvolvido projetos como LDB e FUNDEF, propondo uma educação moldada nas estratégias neoliberais.Considera, que a Educação Profissional subordina-se às aspirações do mercado e do capital e de um modelo de desenvolvimento que exclui e concentrador de renda. “Neste horizonte, a educação em geral, e particularmente a educação profissional se vincula a uma perspectiva de adestramento, acomodação, mesmo que se utilizem noções como de polivalente e abstrata.” (pg. 80) Porém, estudiosos da área da educação tem sugerido uma educação centrada em uma perspectiva emancipadora.
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