Resenha crítica Rios, Terezinha Azevedo. Ética e competência
Por: Pedro Munhoz • 7/8/2018 • Resenha • 3.330 Palavras (14 Páginas) • 3.629 Visualizações
Rios, Terezinha Azevedo. Ética e competência. 20 ed. Editora Cortez. São Paulo, 2011.
RIOS é Doutora em educação; Pesquisadora do GEPEFE – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Educadores – Faculdade de Educação – USP; Professora visitante da Universidade Pedagógica – Moçambique; Consultora e assessora em projetos de formação continuada de profissionais de diversas áreas; Membro do Conselho de Educação da Cortez Editora e da Sociedade de Filosofia da Educação dos Países de Língua Portuguesa (SOFELP); Autora de diversos artigos, livros e revistas especializadas.
A autora inicia o capítulo 1 escrevendo que a obra é um estudo filosófico diferencia o estudo filosófico do saber cientifico, através da compreensão, pois a filosofia se procura apropriar-se da realidade para ir além da exposição da descrição, para buscar sentido desta realidade, assim a filosofia pergunta para onde vai? ... de que vale? Ao se perguntar de que vale a autora se refere aos valores da realidade, e define ética como espaço de reflexão filosófica que se define como a reflexão crítica, sistemática sobre a presença dos valores na ação humana; RIOS, p. 29, também ressalta de forma brilhante que “é na própria história das civilizações que podemos verificar a presença de valores em mutação”. Deixando claro que a ética e a moral estão em constante mutação.
A autora deixa claro que quando se qualifica um comportamento como bom ou mau, tem-se em vista um critério que é definido no espaço da moralidade. Sendo assim, a verdade, o belo, o bem não são conceitos estáticos definidos de uma vez por todas, são conceitos construídos socialmente.
RIOS, p. 31, deixa claro que como seres sócias, que somos, a moralidade está ligada ao que devemos ser, que é indicado pelas regras do coletivo de que fazemos parte. A autora escreve que os papéis sociais têm seu fundamento no ethos de um sociedade, assim a autora frisa a importância de distinguir; ethos de ética e ética de moral.
Assim RIOS, p. 32, apud VAZ, 1988, p. 12, define ethos como: “a casa do homem (,,,) enquanto espaço humano, não é o dado ao homem, mas por ele construído ou incessantemente reconstruído”, ou seja o ethos é a propriedade de um ser que pode ser utilizada pela sociedade ou por outro individuo através da influencia sobre algo de natureza fundamental, através da política, assim a autora relaciona o ethos com o polis. Já a RIOS, p. 32, apud VAZ, 1975, p. 25, define a moral como: “um conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos em uma comunidade social dada”. Assim pode-se verificar que é o espaço da moral que os comportamentos dos sujeitos são aprovados ou reprovados socialmente.
E por fim RIOS, p. 34 define ética como: “A ética se apresenta como uma reflexão crítica sobre a moralidade, sobre a dimensão moral do comportamento do homem”. Assim a autora escreve que no plano da ética o individuo se encontra em uma perspectiva crítica, próprio da filosofia, querendo compreender e buscar o sentido da ação.
RIOS, p.36, brilhantemente exemplifica o polis e a ética.
Ao investigarmos o fenômeno da prática profissional do ponto de vista da totalidade procuramos vê-lo em todos os seus componentes: um componente econômico, enquanto relacionado à produção da vida material, parte do trabalho humano na sociedade; um componente político, no que diz respeito ao poder que permeia as relações dos indivíduos e dos grupos na sociedade: um componente ético, a partir do que se diz respeito aos valores que subjazem à prática desses indivíduos em grupos.
Ou seja, para o homem como ser social que é faz uso constante tanto da: moral, ethos e da ética. RIOS, p. 37 também de forma brilhante cita Nelson Rodrigues, 1984, p. 15, para exemplificar a filosofia, “que a filosofia, e análoga a um farol, não a um indicador de caminhos. O farol tem a função de iluminar os caminhos, que podem ser múltiplos, para que nos decidamos por aquele que nos leva melhor a nosso objetivo, e até mesmo para que criemos novos caminhos”. A autora conclui o primeiro capítulo afirmando que é assim que ela julga adequado fazer filosofia.
Já no capítulo 2 RIOS, 2011, faz uma relação entre a educação e a sociedade, a educação e a cultura e a educação e a política, assim a autora pretende lançar um olhar claro sobre o contexto social que envolve a educação, ou seja, para a autora, falar sobre educação brasileira, por exemplo, significa ir a sociedade para verificar as determinações de como está organizada de um modo específico, nos moldes do sistema capitalista. Assim a autora para relacionar como a educação serve ao sistema subdivide o capítulo 2 em três subtítulos: Cultura, sociedade, trabalho; Sociedade, educação e escola; e Educação e política.
No primeiro subtítulo do capítulo 2, a autora afirma que: “a educação e transmissão de cultura”. RIOS, 2011, p. 40, e a autora deixa claro que o conceito de cultura é um conceito chave a ser considerado ao se estabelecer a relação entre educação e sociedade, uma vez que ele está, contido nesses dois outros.
RIOS, 2011, p. 41, escreve que o mundo se apresenta aos homens em uma dupla dimensão. A primeira é a chamada de natureza, que é o mundo que independe do homem para existir, do qual os próprios homens fazem parte em seus aspectos biológicos, fisiológicos. E a segunda dimensão é a chamada de cultura, o mundo transformado pelo homem, e o que leva o homem a fazerem cultura e a necessidade, e a necessidade se da porque o homem é um ser de desejos, e o conceito de desejo indicará a presença de liberdade associada à necessidade, e a autora define cultura como:
Cultura é na verdade, tudo o que resulta da interferência dos homens no mundo que os cerca e do qual fazem parte. Ela é a resposta humana a provocação da natureza e é ditada não por esta, mas pelo próprio homem. Ela se constitui no ato pelo qual ele vai de homo sapiens a ser humano (RIOS, 2011, p. 41)
E RIOS, 2011, escreve que tudo isso é resultado do trabalho, por isso não se fala em cultura sem se falar em trabalho, intervenção intencional e consciente dos homens na realidade, elemento distintivo do homem em relação aos outros animais.
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