Resenha crítica - Educação Psicomotora
Por: Daniela Lima • 27/5/2017 • Resenha • 1.509 Palavras (7 Páginas) • 1.618 Visualizações
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “EDUCAÇÃO PSICOMOTORA”
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No livro Educação Psicomotora, o autor Daniel Vieira da Silva livro faz uma análise a respeito da Psicomotricidade na educação e para isso se remete ao passado trazendo a filogênese da motricidade, faz um apanhado histórico desde os primórdios da humanidade, fazendo um paralelo das transformações ocorridas na forma de movimentar-se desde o macaco até o Homo Sapiens. De acordo com o autor é necessário compreender a motricidade no processo de “hominização” para se entender a psicomotricidade e seus objetos de estudo e de trabalho.
O autor Daniel Vieira da Silva é Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná desde 2007, Mestre em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná desde 2002, Pedagogo pela UTP desde 2000 e Psicomotricista pela CCT de Curitiba desde 1986; publicou dentre outros textos, os livros "A Psicomotricidade como prática social: uma análise de sua inserção como elemento pedagógico nas creches oficiais de Curitiba (1986-1994)", "Educação Psicomotora" e "Ludicidade e Psicomotricidade"; Possui vasta experiência na área de Educação, atuando principalmente em temas como educação infantil; corpo, educação e trabalho; educação psicomotora; política e gestão da educação.
O livro de que se trata esta produção, está dividido não em capítulos, mas em aulas que se subdividem em ramificações dos temas. Apresentam-se o referencial teórico do estudo da Psicomotricidade, suas áreas de atuação e categorias, estudos do corpo: corpo hábil, corpo consciente e corpo significante; a seguir temos espaço vital e relacional e por fim, psicomotricidade relacional bem como as considerações finais do autor.
Daniel compreende a psicomotricidade como elemento do processo educativo e também como um meio de intervenção utilizado de forma consciente pelo homem na natureza, produzindo capacidades motoras de acordo com suas necessidades de produção.
A problemática do livro gira em torno de contribuir com os estudos e com a prática da Pedagogia através de uma análise da Psicomotricidade enquanto ação psicopedagógica, suas áreas de atuação que são a estimulação, educação, reeducação e terapia psicomotora, considerando suas categorias, a saber: esquema corporal, imagem corporal e tono; todas essas temáticas são aprofundadas e complementadas ao longo da obra.
Diante da necessidade de atribuir um conceito à Psicomotricidade, o autor de Educação Psicomotora acredita que a definição atribuída pela Sociedade Brasileira de Pscimotrocidade (SBP) onde afirma que Psicomotricidade “é uma ciência que tem por objeto de estudo do Homem, através de seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo” (SBP, 1995); Daniel prefere um conceito mais específico e nesse sentido, concorda com o autor Silva (2002) o qual define Psicomotricidade como “uma área do conhecimento que tem por objeto o corpo e o movimento humano em suas relações de produção”.
Dentro das áreas de atuação se observa a estimulação psicomotora e nesse sentido, Daniel recorre a BUENO (1998) que afirma que a estimulação psicomotora é um processo que envolve todas as contribuições para um desenvolvimento harmonioso da criança em seus primeiros anos de vida. Para Daniel, a educação psicomotora abrange todas as aprendizagens do infante e é realizada em todos os momentos da vida.
Outra área de atuação é a Reeducação Psicomotora que o autor entende como educar o indivíduo naquilo que ele não assimilara de forma adequada em etapas anteriores, e por fim, a Terapia Psicomotora compreendida por BUENO (1998) como uma ação de intervenção para crianças com dificuldades de se relacionarem, agressivas e/ou com transtornos de personalidade.
Para o autor as áreas de atuação da Psicomotricidade têm em comum o fato de priorizarem questões biológicas, comportamentais e cognitivas, mas que para ele, os autores por ele citado não consideram “o papel da Psicomotricidade enquanto sistematização de uma sociedade que tem necessidades específicas – como a de organizar e gerir os modos de produção capitalista” (SILVA, 2009, p. 16).
Dentro das categorias da Psicomotricidade, o autor explana a respeito do que esquema corporal que ele define como organização de estruturas cerebrais que permitem ao homem capacidades funcionais, o que justifica a economia do movimento, utilizada pela sociedade capitalista para aumento da produção e do lucro.
A imagem corporal é uma categoria que se apóia nos desejos, de si mesmo e do outro, o que influencia nas formas do indivíduo se relacionar consigo mesmo, com os outros e com as coisas. E por último, os aspectos tônicos que são ligados às atitudes tomadas pelo indivíduo ao longo de sua evolução temporal, para Daniel, a função tônica irá preparar a musculatura para qualquer atividade motora.
O autor explica a respeito do tônus desde a página 19 até a 24 e discorre num assunto maçante explicando de forma fisiológica a atividade do músculo que, segundo ele, é responsável por toda evolução do homem. Importante falar sobre o músculo por ser o responsável principal pelo movimento, mas a forma colocada pelo autor tornou o assunto cansativo e pouco compreensível dentro da temática proposta, principalmente para aqueles que são leigos em fisiologia humana.
A partir da página 25 o autor trata sobre o corpo hábil e mais uma vez o autor relaciona o movimento e a Psicomotricidade com a produção capitalista, a industrialização e segundo ele “a necessidade de adequação dos movimentos, hábitos e costumes do trabalhador aos imperativos do crescente processo de industrialização” (SILVA, 2009, p.26).
A respeito do corpo consciente reitera que as práticas psicomotoras trouxeram benefícios para o Estado burguês e também deram oportunidades à classe trabalhadora de iniciar novas contradições políticas e sociais, uma vez que se desenvolviam meios de apropriação do corpo visando o aumento da produção, explorando a força de trabalho dos mais pobres.
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