TRABALHANDO AS DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DO ESTUDANTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, NO 1º ANO DO EF.
Por: Rosangela.Duarte • 23/8/2021 • Monografia • 12.857 Palavras (52 Páginas) • 248 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
Com a inclusão, cada dia mais crianças com necessidades educacionais especiais chegam a sala de aula do ensino regular. E muitas vezes o professor se vê perdido em meio às dificuldades de aprendizagem que este aluno apresenta.
Este trabalho tem por definição e justificativa apresentar as dificuldades de aprendizagem que o aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ter focando o 1º ano do ensino fundamental e também traçar algumas possibilidades para driblar estas dificuldades com estratégias simples, baseadas em métodos educacionais comprovadamente eficazes para alunos com TEA, para que sirva como um material confiável para professores e profissionais da educação se embasarem e retirarem ideias que os ajudem em seu dia a dia escolar, que sabemos ser bastante complexo.
O objetivo principal deste trabalho é conhecer, mediante revisão bibliográfica, quais as principais dificuldades de aprendizagem que crianças com Transtorno do Espectro Autista podem apresentar em um 1º ano do ensino fundamental.
Como objetivos específicos buscaremos:
• Apresentar o Transtorno do Espectro Autista
• Apontar as principais dificuldades de aprendizagem de crianças com TEA no 1º ano do ensino fundamental
Este trabalho apresenta por estrutura aprofundar-se em cada um dos objetivos específicos. Assim, o dividiremos em duas grandes partes:
1) Apresentar o conceito de “Transtorno do Espectro Autista”: sua história; principais características; diagnóstico; e a legislação vigente no Brasil que ampara estas pessoas e suas famílias.
2) Apontar as principais dificuldades de aprendizagem e suas causas; as habilidades e competências necessárias aos estudantes do 1º ano do Ensino Fundamental (E.F.); as dificuldades de aprendizagem dos alunos com TEA; os principais métodos que podem ser utilizados para dar suporte à educação destes alunos.
Usaremos como metodologia a Pesquisa Bibliográfica, que consiste, segundo Marconi e Lakatos (2003), em encontrar um tema que se tenha aptidão pessoal e que valha a pena ser estudado, com bibliografia ampla e pertinente ao assunto, para que se possa ter uma visão global do que se quer tratar.
Ainda, conforme esclarece Boccato (2006),
a pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica. Para tanto, é de suma importância que o pesquisador realize um planejamento sistemático do processo de pesquisa, compreendendo desde a definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão da sua forma de comunicação e divulgação. (p.266)
Para guiar nossa discussão, recorremos a autores como Leboyer (2002), Bosa (2002 e 2009), Rivière (1995 e 2004), Lira et al. (2009), Gomes (2007), Klin (2006), Camargos Jr. et al. (2005), Schwartzman (1994 e 2010), Mesibov e Shea (1998), Dias (2015), Dias et al (2010), entre outros.
Através disto queremos oferecer um material de qualidade para que futuros professores possam ter uma referência quando se depararem com este enorme desafio de alfabetizar um aluno que necessita de atenção redobrada e objetivos específicos neste momento tão delicado do processo de ensino-aprendizagem.
Nunca podemos nos esquecer que, nós, professores, temos que nos perceber como tradutores de algo que a criança autista ainda não compreende: a cultura não artística – que para eles é confusa, não previsível e com experiências sensoriais demasiadas. (Kwee et al., 2009). Cabe a nós, conhecermos esta cultura autística para que possamos facilitar esta transição e, assim, possibilitar uma troca de experiências significativa entre as partes envolvidas no processo ensino aprendizagem.
No próximo capítulo iremos nos aprofundar mais sobre que é o Transtorno do Espectro Autista.
Capítulo 02: O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
2 O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: O QUE É?
Vamos explicar ao longo desde capítulo o processo que levou ao conceito de “Transtorno do Espectro Autista”: sua história, principais características, diagnóstico e a legislação vigente no Brasil que ampara estas pessoas e suas famílias.
Entretanto, antes de nos aprofundarmos mais neste mundo cheio de enigmas que permeia o Transtorno do Espectro Autista, vamos recorrer ao que é autismo em seu significado literal. A palavra “autismo” deriva do grego “autos”, que significa “voltar-se para si mesmo”. Já no Minidicionário Aurélio (2008) está assim definido: “s.m. Psiq. Fenômeno patológico caracterizado pelo desligamento da realidade exterior e criação mental de um mundo autônomo” (p. 154).
Com base no Manual DMS-IV, o Autismo estava enquadrado dentro dos Transtornos Globais do Desenvolvimento. No TGD se encontravam o “Autismo, a Síndrome de Rett, a Síndrome de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação.” (Belisário Filho e Cunha, 2014, p.13)
Porém, com a publicação do DSM-V (2014), cunhou-se o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA), que engloba somente “o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (TGDSOE)” (Schwartzman, 2010 ).
“Estima-se, atualmente, que a prevalência seja de um indivíduo afetado em cada 100 pessoas, aumento significativo em relação às taxas observadas há algumas décadas. O aumento da identificação ocorre, possivelmente, porque essas conduções são mais conhecidas atualmente e porque os critérios diagnósticos são mais abrangentes.” (Khoury et al., 2014, p.6)
Sua incidência é muito maior em meninos, com proporção de 4 meninos para cada menina. (Klin, 2006).
No quadro 1 tratemos uma síntese de cada uma destas três faces do Transtorno do Espectro Autista:
Quadro 1: Síntese das Características do TEA (Belisário Filho e Cunha, 2014 p.13-14)
Principais características Idade de Manifestação Importante para o diagnóstico diferencial
AUTISMO Prejuízo no desenvolvimen-to da interação
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