A ABORDAGEM CLIL NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Por: Priscila Boni • 5/4/2020 • Monografia • 8.020 Palavras (33 Páginas) • 403 Visualizações
A ABORDAGEM CLIL NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Priscila da Silva Boni¹*; Renata Helena Pin Pucci2
1São Paulo, São Paulo, Brasil.
*bonie1404@gmail.com
A ABORDAGEM CLIL NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Resumo
O presente trabalho visou compreender a abordagem CLIL no processo de ensino-aprendizagem de alunos com Transtorno do Espectro Autista por meio dos materiais utilizados para a orientação dos professores no programa bilíngue das escolas da rede privada nas quais são aplicados. A análise foi fundamentada no referencial teórico de Vygotsky e no conceito de mediação simbólica. Segundo esse referencial, é na escola que a relação com professores e colegas permite ao sujeito um maior desenvolvimento, mediado por instrumentos e signos que o ajudam a dinamizar sua aprendizagem. Dessa forma, os materiais oferecidos pelo programa, tais quais fantoches, instrumentos musicais, entre outros (signos), são capazes de estabelecer ligações entre a realidade objetiva e o pensamento, orientando o comportamento da criança por meio de uma reconstrução interna de uma operação externa, onde um processo interpessoal é transformado em um processo intrapessoal. Além dos instrumentos, (língua inglesa) utilizados como forma de linguagem, que fornecem os conceitos e as formas de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento, para o dinamismo dessa aprendizagem. Foi possível verificar que a mediação que ocorre através dos signos e instrumentos propiciada pelos professores e a maneira de utilizá-los, faz a diferença quanto ao desenvolvimento e a inclusão de crianças com autismo.
Palavras-chaves: educação inclusiva; inglês; programa bilíngue, metodologias ativas.
Abstract
The present work aimed to understand the CLIL approach in the teaching-learning process of students with Autistic Spectrum Disorder through the materials used for teachers guidance in the bilingual program of private schools in which they are applied. The analysis was based on Vygotsky's theoretical framework, especially on the concept of symbolic mediation. According to this framework, the relationship between teachers and peers allows for a greater development of the children, mediated by instruments and signs that help them to dynamize their learning. The material offered by the program, such as puppets, musical instrument set (signs), is able to establish links between objective reality and thought, guiding the child's behavior through an internal reconstruction of an external operation, where an interpersonal process is transformed into an intrapersonal process. The instruments, (English language) are seen as a form of language that provides the concepts and forms of organization of the reality, that constitute the mediation between the subject and the object of knowledge for the dynamism of this learning. Thus, it was possible to verify that the mediation that occurs through the signs and instruments provided by the teachers and the way they use them will make a difference regarding the development and inclusion of children with autism.
Keywords: inclusive education; English; bilingual program, active methodologies.
Introdução
A língua inglesa recebe cada vez maior atenção de gestores educacionais, de professores e da sociedade como um todo, seja porque representa uma necessidade latente no mundo do trabalho, ou ainda por conta do mundo globalizado do século XXI. No Brasil, observam-se diferentes inciativas no mercado do ensino de inglês, através de abordagens e programas diversos. É sabido que esse processo se deu de forma tardia em nosso currículo educacional, no entanto, o Ministério da Educação (MEC) na formulação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), fez significativas mudanças, posicionando o inglês como língua franca e idioma obrigatório, a partir do 6º ano do Ensino Fundamental, desde 2017[1].
Dentre essas muitas abordagens e programas, o foco é a educação bilíngue, aplicada em escolas regulares da iniciativa privada. A educação bilíngue não somente ensina ao aluno um novo idioma, mas desenvolve nele a capacidade de lidar com a diversidade cultural, além de desenvolver valores cada vez mais importantes em um planeta globalizado. Para que a educação bilíngue se desenvolva, é necessário um terreno fértil, uma abordagem apropriada. Várias são utilizadas e, dentre elas, está a Aprendizagem Integrada de Conteúdos e Língua (AICL), mais conhecida pelo nome de Content and Language Integrated Learning (CLIL). De acordo com Do Coyle (2006), a abordagem de ensino de línguas por meio de conteúdos diversos, é um termo que engloba qualquer atividade em que uma língua estrangeira é usada como uma ferramenta de aprendizagem de conteúdos diversos de um sujeito não falante da Língua-Alvo. Segundo Marsh e Langé (2000), CLIL é frequentemente usado enquanto um termo de suporte, referindo-se a várias estratégias de ensino, que colocam o aluno como o verdadeiro protagonista do percurso de aprendizagem. Tendo em vista o aluno como um ser único e protagonista de seu próprio aprendizado, deve-se levar em consideração as necessidades especiais de muitos alunos, que se apresentam mais e mais frequentes nas escolas brasileiras. Dessa forma, ressalta-se a inclusão educacional, que abrange o reconhecimento e o atendimento às diferenças de qualquer aluno que possua dificuldades de aprendizagem, sejam elas causadas por fatores internos ou externos, temporárias ou permanentes e mais especificamente nesse trabalho, o foco é em alunos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Observam-se algumas características dos alunos com autismo, com muitas singularidades que são, de fato, variáveis e complexas e que podem mudar de acordo com os graus e também outros elementos. Deste modo, cada criança com autismo tem uma forma diferenciada de ver e sentir, que deve ser levada em conta pelo docente. A escola deve direcionar e preparar todos os profissionais que a compõe, em especial os professores, que devem ser flexíveis e comprometidos com o processo inclusivo. É primordial que os docentes se encontrem, devidamente preparados em sua formação para receber o aluno com autismo de um modo acolhedor e inclusivo, possibilitando assim, uma melhor adaptação da criança com autismo ao contexto escolar. Dito isso, acredita-se que é importante frisar, também, que o trabalho deve ser pautado em reflexão, flexibilidade e criatividade (Menezes, 2012).
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