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Trabalho de Psicologia e Comunicação Social

Por:   •  13/2/2017  •  Resenha  •  681 Palavras (3 Páginas)  •  297 Visualizações

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Trabalho de Psicologia e Comunicação Social

Foram quase dois meses de ocupação na UFF. Ocupação esta que não estive em todos os momentos, mas foi impossível não vivenciá-la, uma vez que eu moro na Moradia Estudantil, que fica dentro do campus. Essa vivência se deu de forma diferente em diferentes momentos.

Logo no começo, frequentei algumas rodas de conversa sobre assuntos atuais como o feminismo, e foi interessante ver a possibilidade de uma troca de saberes mais horizontal entre professores e alunos. Essa troca já ocorre em algumas aulas, mas não em todas, não incluindo alunos de fora e, o que pra mim foi essencial, não incluindo sempre temáticas e exemplos atuais. As trocas com alunos dos mais variados cursos, que tem diferentes discursos e formas de se portar, foi muito rica, tanto no sentido acadêmico quanto no de contato humano. As temáticas atuais atingem mais afetivamente à mim e à muitos, quando conseguimos ver o que estudamos diretamente nas nossas vidas.

A ocupação também foi repleta de assembleias. Estas se mostraram ser o espaço democrático mais interessante para manter a organização do movimento, mas tenho certa dificuldade em me colocar nesses espaços. Elas foram e são necessárias, mas trazem burocracia e repetição de termos que apenas inflam o ego de quem discursa, e todos esses discursos repetidos são desnecessários. Difícil ter um espaço em que todos tem voz e ele não se tornar uma eventual disputa de egos. Ainda assim, graças a essas o movimento se manteve e conseguiu agregar de alguma forma as pessoas que não pernoitaram no espaço da universidade.

Após cerca de duas semanas de ocupação, comecei a passar mais tempo lá em momentos não acadêmicos, conhecendo pessoas de outros cursos, as organizações de grupos de trabalho, e tendo conversas políticas interessantes. Sinto que aprendi mais sobre as questões políticas atuais por estar num espaço tão efervescente, em que seu motivo, sua conjuntura e sua busca eram políticos, e era impossível não se envolver. Um dos momentos mais memoráveis para mim foi quando alguns colegas nossos foram pra Brasília, para a votação da PEC, e os que ficaram tiveram que lidar com a angústia da falta de notícias, ou das notícias ruins que por vezes chegaram, até finalmente sabermos que todos estavam bem. O laço formado pela luta política travada ali foi de uma força ímpar e penso que, se não fossem essas amizades criadas em momentos de descontração na ocupação, o movimento não teria perdurado tanto.

Nesse momento em que estive mais próxima dos ocupantes pude notar também como foi interessante a organização do espaço da universidade em tempos de ocupação. Dividindo-se em grupos de trabalho, as tarefas eram feitas e todos os detalhes importantes pensados. Detalhes como questões de gênero, ao separarem um andar só para mulheres dormirem, e se sentirem mais seguras, e como questões de imagem, quando o grupo de trabalho de comunicação informava nas diversas atividades a importância de não tirarem fotos dos rostos das pessoas, pensando na possibilidade de perseguições políticas. Esse cuidado com o outro foi uma grande ressignificação do espaço para mim, já que geralmente o que vemos é uma grande preocupação com prazos e um olhar muito individualista, influenciado diretamente por esse tempo cronometrado capitalista.

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