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A BAIXA AUTOESTIMA INFANTIL SOB A PERSPECTIVA DA CLÍNICA EXISTENCIAL HUMANISTA

Por:   •  15/3/2018  •  Monografia  •  3.319 Palavras (14 Páginas)  •  464 Visualizações

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BAIXA AUTOESTIMA INFANTIL SOB A PERSPECTIVA DA CLÍNICA EXISTENCIAL HUMANISTA: CASO CLÍNICO

JANAISA FARIAS PEREIRA MOTTA

RESUMO

O presente artigo é um relato de caso clínico, trata-se de um paciente que frequentava a Associação Casa de Maria Rainha da Paz (CASU SOCIAL) em Caratinga- MG, atendido durante o estágio em Psicologia Clinica I, do nono período de Psicologia do UNEC (Centro Universitário de Caratinga). Foram realizados 11 contatos terapêuticos, com a duração em torno de 50 minutos. A demanda apresentada foi de comportamento indisciplinar no Casu Social e o sentimento de abandono devido à ausência do pai. O caso foi conduzido através do viés da Clínica Existencial Humanista.

PALAVRAS CHAVE: Abandono; baixa autoestima; comportamento indisciplinar; Clínica existencial Humanista; privação afetiva.


1.INTRODUÇÃO

O indivíduo, quando criança pode passar por diversos obstáculos e dificuldades, que são tidos por muitos como normais e pertencentes a seu desenvolvimento. A criança é levada a internalizar regras para o seu próprio bem, mas que no futuro podem se tornar pontos inibidores da personalidade (FADMAN E FRAGER, 1986). A partir do momento que a criança torna consciente de si mesma, desenvolve uma necessidade de amor, ou consideração positiva, que é uma necessidade universal a todo indivíduo.

Para Rafael (2002), a consideração positiva desenvolve-se na primeira infância; através do amor e dos cuidados recebidos pelo bebê, a criança descobre que os afetos são fonte de satisfação e, assim, ela aprende a sentir uma necessidade de afeição. Desta forma, sendo positiva ou negativa, interfere diretamente na autoestima da criança.

A criança, cujo atendimento serviu como fonte de estudo para o presente artigo, foi direcionada ao processo terapêutico com a demanda trazida pela família de incidência de comportamentos indisciplinados e com a queixa de privação afetiva paterna e autoestima baixa. Como recursos terapêuticos nos atendimentos foram empregados, principalmente, a entrevista com os responsáveis, uso de desenhos e atividades lúdicas, expressão verbal do paciente e observação do mesmo nas sessões.

Rogers acredita que o indivíduo possui a capacidade de entender a si próprio e resolver seus problemas de forma a buscar sua própria satisfação e eficácia ao funcionamento adequado. Assim, se este não possui conflitos estruturais profundos, apresenta esta capacidade. Independente da aprendizagem, esta característica é inerente ao homem e para que esteja em funcionamento, o indivíduo deve estar desprovido de ameaças ou desafios à imagem que tem de si mesmo (SOUZA, 2006).  O paciente, objeto deste estudo, passou por privação afetiva por parte do pai, o que afetou de forma significativa a sua autoestima, levando-o a fantasiar em determinadas situações como estratégia para suprir a falta do pai.

A necessidade de autoestima é inerente a todo indivíduo, e seu processo inicia-se desde a infância até a maturidade. Conforme a consideração positiva, todo afeto e cuidado recebido pela criança influencia no desenvolvimento de sua autoestima. Rafael (2002) destaca a importância do relacionamento com os pais ou cuidadores, como ela vivencia os sentimentos de amor e de apreço das pessoas significativas para si que, primordialmente, são os pais.

Para Mattar (2010), sobre a psicoterapia infantil, pode-se dizer que brincando é o modo indireto de ir onde a criança se encontra, partindo daí a fim de ajudá-la no autoconhecimento. Assim o psicólogo atua como facilitador que, junto à criança, cria condições de crescimento num ambiente que lhe permita a expressão dos seus significados. Através do ato de brincar, a criança poderá expressar toda a sua hostilidade, e o terapeuta cria um ambiente permissivo para que ela externe esses sentimentos, sem criticá-la, censurá-la ou dar-lhe lições de moral. Essa forma de atuar vai diferenciar o psicólogo das pessoas comuns, pois a ele cabe a compreensão desta expressão. As intervenções do terapeuta deverão mobilizar os sentimentos de forma que estes apareçam através do brincar, da ação e pela linguagem.

As pessoas significativas para a criança têm uma forte influência sobre ela e a formação da imagem que tem de si mesma, bem como o rumo de sua vida. Os pais através de suas atitudes, sendo elas às vezes positivas, outras vezes negativas, acabam por determinar quais sentimentos ela vai experimentar.

Durante o processo terapêutico buscou-se facilitar o entendimento da criança sobre as situações que ocorriam com ela, acolhendo-a de forma incondicional, sem julgamentos, além da proposta de trabalhar sua autoestima, através de ferramentas lúdicas, objetivando que esta criança consiga assimilar de forma satisfatória a situação que está causando sofrimentos psíquicos.

A criança é uma pessoa em desenvolvimento, e possui em si todos os instrumentos que possibilitam a ela, evolução e desenvolvimento, além de uma tendência a utilizar tais instrumentos, desde que lhe sejam dadas as condições favoráveis para tanto. Sua autoestima quando elevada, proporciona-o relacionar-se melhor socialmente, porém, quando ocorre o contrário, esta interação social é comprometida.

Os pais possuem papel fundamental para o desenvolvimento de uma autoestima saudável na criança. Neste estudo de caso pode-se observar de forma clara, o quanto a ausência paterna afetou a criança, causando-lhe um grande desajuste emocional, além de observarmos também as contribuições que a psicoterapia trouxe para o referido caso.        

2.RELATO DO CASO – O PACIENTE

        O paciente W.A., 9 anos, cursa o quarto ano do ensino Fundamental I, sexo masculino, reside na cidade de Caratinga-MG, mora com a sua mãe, 3 irmãos, 4 primos e o seu tio. Seus pais se separaram quando W.A. tinha 5 anos.

3.QUEIXAS APRESENTADAS PELO PACIENTE

W.A. queixou sentir muito a separação dos pais, relatou que na época da separação não soube lidar com a situação e ficou bastante triste, demonstrando a sua tristeza através de comportamento indisciplinar e agressivo. Queixou-se também que sente abandonado pelo seu pai.

4.SÍNTESE DO PROCESSO TERAPÊUTICO

Antes de realizar o atendimento com o W.A. foi pedido para que a sua mãe comparecesse ao Casu Social para a realização da anamnese, com a ausência desta, a anamnese foi realizada com sua tia, que não soube responder as perguntas, já que a mesma nunca morou na mesma casa que o paciente,  a única demanda que trouxe foi de que W.A era um garoto indisciplinado quando contrariado. Nesta sessão foi estabelecido também o contrato terapêutico

De modo geral, trabalhou-se, nas primeiras sessões, estratégias lúdicas com o objetivo de favorecer a formação do vínculo, ajudá-lo a tomar consciência de si mesmo e da sua existência no mundo, identificar os conceitos e as regras que governam seu comportamento, verificar sua relação com pessoas dos ambientes em que está inserido, identificar seus sentimentos em relação a si mesmo, a determinadas pessoas e situações, treinar a solução de problemas cotidianos, desenvolver habilidades, trabalhar a autoconfiança e favorecer a concentração e o relaxamento.

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