As Matrizes do Pensamento em Psicologia Existencial Humanista

Matrizes do Pensamento em Psicologia - Existencial Humanista

Aluna: Kellen Fabricia Paim da Silva Tocantins

Psicologia 4º semestre N

O Sonho de Wadjda sob aspectos existencialista

O filme se desenvolve no entorno do desejo da protagonista de ter uma bicicleta, competitiva, Wadjda sonha ter sua própria bicicleta para correr e concorrer com seu melhor amigo.

 Uma vitória dela significa uma perda em dobro para seu colega, pois ela é “só” uma menina. Sua mãe vive um dilema. Casada e apaixonada pelo marido, sente medo de ele comprar uma nova esposa, já que ela não lhe deu um filho homem. A redundância aqui se faz necessária. A insistência para um outro casamento vem da própria sogra que, corroborando a cultura machista, acredita que a culpa de seu filho não ter um filho varão é da nora. Parece que os conhecimentos científicos a respeito da reprodução humana não chegaram àquela região. O comportamento da sogra e da diretora da escola trazem em si uma contradição.

Mas Wadjda representa a inovação, a luta, a resistência. Em uma reunião masculina em sua casa, seu pai, por sinal, carinhoso com a filha, coloca um desenho de uma árvore representando seus ancestrais e descendentes. O nome de Wadjda não consta na árvore genealógica, pois ela é “só” uma mulher. Não representa valor na descendência familiar. Rebelde, ela escreve seu nome na figura.  Aliás, Wadjda é pura inspiração de coragem e determinação. Ela faz tudo o que é proibido: anda de bicicleta; ouve músicas mundanas – rock-; vende pulseirinhas de time de futebol; serve de pombo correio para suas colegas e respectivos namorados; esconde as travessuras de colegas mais velhas. Mas tudo em troca de dinheiro. Ela é uma comerciante nata. Ela quer se capitalizar para poder comprar a bicicleta de seus sonhos. No início do filme, ela foi até uma loja e persuadiu o vendedor a não vender uma determinada bicicleta, e ainda a reservou para ela. Wadjda não depende de ninguém. Ela tem iniciativa, coragem, ousadia. E com base em sua perspicácia, articulação e persuasão, ela convence a diretora a deixá-la participar do concurso de recitação do Alcorão. Ela demonstra um comportamento mais cordato e respeitoso, características admiradas pela administradora, que não desconfia que o desejo de Wadjda não é ser uma “boa” menina, mas sim ganhar o concurso e comprar, com o dinheiro do prêmio, a sua bicicleta. Enfim, ela participa e ganha o concurso, para admiração de todos e orgulho da dirigente que acredita ter “dobrado” a menina rebelde. Mas à Wadjda faltou um pouco mais de malícia. Ou faltou malícia ou sobrou vaidade e empolgação. Quando questionada sobre o que fará com o dinheiro, ela conta a verdade em pleno palco da escola. Todos riem, menos a diretora, que, do alto de seu poder, determina que o dinheiro será doado aos pobres irmãos de fé palestinos. Revoltada e muito triste, Wadjda retorna para casa, mas, para sua surpresa, ela ganha a bicicleta da mãe, que a adquiriu com o dinheiro que guardava para comprar um belo vestido com o objetivo de encantar seu marido e evitar um novo casamento. Desejo que já não fazia sentido, uma vez que ele já havia arranjado uma nova esposa. O Sonho de Wadjda se traduz também no sonho de sua mãe. Infeliz com a condição de ter que ser aquilo que a cultura lhe determina, ela estimula o sonho da filha de ser algo diferente. E, para isso, é preciso que ela lute pela conquista de sua liberdade, que não é o simples sinônimo de decisão. Ser livre implica diretamente o agir. A bicicleta representa algo que transcende a ideia de um brinquedo. Ela significa a liberdade de ocupar espaços, ter atitudes, comportamentos e fazer escolhas que só são possíveis aos homens naquele contexto.

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