EXPERIÊNCIA NA PSICOTERAPIA CLÍNICA EXISTENCIAL HUMANISTA-FENOMENOLÓGICA
Por: camilasmanio • 24/5/2018 • Artigo • 4.467 Palavras (18 Páginas) • 477 Visualizações
EXPERIÊNCIA NA PSICOTERAPIA CLÍNICA EXISTENCIAL HUMANISTA-FENOMENOLÓGICA
Camila Silva Galo Smanio De Oliveira1
Giovanna Tereza Abreu de Oliveira²
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo relatar um estudo de caso em estágio supervisionado, realizado na Clínica Escola de Psicologia (CLEPSI) na Universidade José do Rosário Vellano, estudando a importância do aluno de psicologia atuar no trabalho de psicoterapia, assim colocando toda teoria estudada durante o curso em realização prática com atendimento. Foram utilizados como embasamento teórico conceitos importantes da abordagem existencial humanista-fenomenológica, na qual as atividades também tiveram como base esta abordagem.
Palavras-chave: psicoterapia, estágio clínico, relação terapêutica,
Introdução
A prática na clinica humanista para alunos de psicologia é essencial para sua formação como psicoterapeuta, é uma abordagem centrada na pessoa na qual é fruto de trabalho desenvolvido por Carl Rogers e demais colaboradores, assim é dito pelo mesmo que no relacionamento formado entre o terapeuta e o cliente se faz necessário para que ocorra uma terapia três condições básicas, sendo elas: a aceitação incondicional, onde o cliente deve ser recebido e aceito da maneira que se mostra, da maneira que ele é enquanto ser singular perpassando por um historia de vida que o terapeuta pode possibilitar que haja um movimento terapêutico e consequentemente um avanço no processo, pois a partir desse acolhimento o terapeuta já se situa em uma posição de ajuda e positiva em relação ao cliente, procurando ver em sua integralidade sem impor condições a seus sentimentos, pensamentos e atos; a empatia onde o terapeuta tem a capacidade de se colocar no lugar do cliente, aceitando e considerando a pessoa em seus aspectos, assim ele obtém com precisão os relatos do cliente sem impor seus próprios valores e opiniões, mas sim compreendendo o outro lado. Por campo de referência pode-se entender como tudo aquilo que constitui o sujeito enquanto ser, baseado na sua experiência de vida e nas significações que este dá as suas experiências, a forma como interpreta, vivencia e sente os acontecimentos. Dessa forma, exercendo esta escuta o terapeuta pode adentrar nos sentimentos mais profundos do seu cliente, tanto aqueles conscientes como aqueles que se encontram abaixo do nível de consciência. Além disso, com a empatia evita-se o julgamento de valor do que for exposto, visto que não cabe ao profissional ver o cliente com base nas suas crenças e sim buscá-lo compreender e ouvi-lo de acordo com o que ele verifica; e a congruência, na qual o terapeuta com uma postura sincera, real e autentico consigo mesmo e o cliente busca na relação romper com as barreiras profissionais e pessoais. Assim o cliente pode reconhecer a posição do terapeuta e não encontrar nele nenhum tipo de resistência, ou seja, uma condição essencial para que possa haver evolução e crescimento da terapia. Vale salientar que nesta atitude o profissional não irá falar tudo o que passa em sua mente de maneira inconsequente e irrefletida, pois não é isso que propõe, mas sim que o terapeuta esteja inteiro quanto sujeito atuante da relação e aberto para escuta, sendo necessário sempre que seus pensamentos durante a sessão sejam sempre repensados para que não se confunda do que é do processo e o que seria do seu próprio âmbito pessoal.
Uma relação terapêutica estabelecida através dessas condições (empatia, congruência e aceitação incondicional) implica uma importante redefinição do seu papel, pois além das técnicas ou os instrumentos utilizados, o terapeuta constrói a si mesmo por meio de atitudes que trazem para a relação e que compõem o verdadeiro fator impulsionador da mudança. Assim o terapeuta se torna um facilitador em todo processo que o cliente passa, em seu autoconhecimento, sua construção, seu desenvolvimento, pois sabe que ninguém melhor para interpretar, construir e modificar sua própria realidade.
O psicoterapeuta humanista não é neutro em relação ao seu cliente, ele se permite afetar e ser afetado pela experiência trazida do cliente, percebendo-o não como um mero objeto a ser estudado, mas como um ser relacional e digno de respeito. Essa experiência ocorrida no setting terapêutico o psicoterapeuta se apresenta ativo e comprometido com seu cliente na medida em que divide a carga com ele. Segundo Moreira (2009) este processo tem uma grande importância para o cliente que se sente sozinho mesmo que esteja cercado por muitas pessoas.
Pode-se dizer em linguagem menos precisa, mas talvez mais comunicativa, que esta abordagem se realiza quando alguém dirige a melhor parte de si mesmo à melhor parte do outro, e, assim, pode emergir algo de valor inestimável que nenhum dos dois faria sozinho (WOOD apud Tassinari, 2008, p. 172).
Esta abordagem tem como base técnica a fenomenologia onde propicia um espaço ao cliente que revê sua existência e se coloca como sujeito ativo nela, com isso o indivíduo pode sofrer algumas modificações que nem sempre são fáceis, pois estará vivenciando o novo, podendo trazer temáticas desenvolvidas e trabalhadas na terapia.
Rogers, já em sua última fase, expandiu suas concepções deixando indicativos de mudanças e ampliação de sua abordagem. Fonseca (1998) considera que Rogers contribuiu, de forma significativa e diferenciada, com a constituição de um modelo fenomenológico-existencial de psicologia e de psicoterapia. Alerta-nos sobre a importância de uma compreensão efetiva, experimentação e desdobramento deste modelo. A relação terapêutica nada mais é que uma relação humana, na qual se proporciona a ambos os envolvidos – terapeuta e cliente, um meio de aprendizado de si mesmo e para o terapeuta, principalmente, um aprendizado da dinâmica do outro. O psicoterapeuta existencial deve procurar sempre conhecer a si mesmo e trabalhar suas questões pessoais mais conflituosas, para que durante o processo psicoterapêutico possa ocupar o lugar do outro sem emitir juízo de valor.
A fenomenologia possibilitou à psicologia uma nova postura para inquirir os fenômenos psicológicos: a de não se ater somente ao estudo de comportamentos observáveis e controláveis, mas procurar interrogar as experiências vividas e os significados que o sujeito lhes atribui, ou seja, o de não priorizar o objeto e/ou sujeito, mas focar na relação de sujeito com o mundo.
A base teórica filosófica da clínica humanista é baseada no existencialismo no qual mostra um conjunto de teorias formuladas no século XX. Seus principais pensadores foram Kierkegaar considerado o pai do existencialismo, que segundo Erthal(1994) a escolha para ele era a principal de sua filosofia, pois não há logica nela, assim o individuo escolhe aquilo que é de sua intenção e não daquilo que é colocado como o certo; Heidegger, Sartre, Beauvoir, Jauspers, entre outros. Uma característica forte sobre esse estudo é sobre a existência que precede a essência.
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