A Escola da Ponte
Por: villasboaseuka • 22/10/2018 • Resenha • 423 Palavras (2 Páginas) • 375 Visualizações
Resumo
A Escola da Ponte
Rubens Alves
A Escola da Ponte se estabelece num ambiente partilhado por todos, sem separação por turmas.
Todos partilham de um mesmo mundo, há cooperação e não competição
A escola da Ponte é uma escola da rede pública de Portugal, onde, em meados da década de 1970, alguns professores se aperceberam repletos de muitas certezas e escassas dúvidas. E se questionavam: afinal, por que é que nós damos aulas tão bem dadas e há alunos que não aprendem? Quando encontraram a resposta, foram reelaborando a sua cultura profissional, gradualmente e com profundo respeito pelos jovens, sem tratá-los como cobaias de laboratório.
Como a educação é um direito de todos, foi assumido um compromisso ético com ela. Os professores elaboraram uma espécie de ”roteiro” de pesquisa atrelado ao projeto de vida profissional deles. Era preciso gerar autoconhecimento, cuidar da pessoa que há por trás do professor, para que, respeitando a própria dignidade, ele veja os outros educadores e alunos também com a mesma humanidade. Sem outras ferramentas tecnológicas, que não fossem a intuição pedagógica e o amor pelos alunos, foram desenvolvidas aquilo que, hoje, nós chamamos de “competências-chaves do século XXI”: interagir em grupos heterogêneos da sociedade e agir com autonomia, competências que, dificilmente, o modelo de ensino convencional logra desenvolver.
Decorridas quatro décadas de sua criação, a escola da Ponte não tem séries, ciclos, turmas, provas, ou outro resquício da escola do século XIX. Organiza-se em núcleos de projeto e faz avaliações formativas, contínuas e sistemáticas. Tal como faz o Ministério da Educação de Portugal, através de avaliações externas, no quadro de um contrato de autonomia. A última avaliação externa foi mais uma prova de que a Ponte é uma escola de excelência acadêmica e que promove a inclusão social.
Não creio que seja aconselhável instalar réplicas da Escola da Ponte no Brasil, mas, acompanho projetos brasileiros que, inspirados na Ponte, foram muito além dela. Com professores por quem nutro profundo respeito, ajudo a criar protótipos de novas construções sociais, que substituirão o modelo de escola que, em muitos lugares, ainda temos.
O que une a Escola da Ponte e esses projetos é a ruptura com uma tradição de educação hierárquica e burocrática. São escolas que ousam reconfigurar as suas práticas, que viabilizam uma educação integral para todos. Outra semelhança é o fato de essas escolas cumprirem, efetivamente, os seus projetos político-pedagógicos. Transformam-se com referência a uma matriz axiológica, a uma visão de mundo e de sociedade, que o Brasil merece e pode ter.
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