A Neuropsicoses de Defesa
Por: Louise Gloria • 23/4/2018 • Trabalho acadêmico • 1.122 Palavras (5 Páginas) • 487 Visualizações
As neuropsicoses de defesa ocorrem como uma defesa do aparelho psíquico contra ideias inconciliáveis pelo sujeito, causando-lhe afeto penoso. Cada neuropsicose ocorre através de um meio e com sintomas distintos, se dividindo em: histeria, fobia, neurose obsessiva e psicose alucinatória. Tais neuropsicoses são majoritariamente divididas por seu processo de defesa, e no que o afeto transposto da memória em questão será ligado, gerando assim diferentes sintomas.
Na histeria, a defesa envolvida acontece através do recalque, onde a ideia ou memoria insuportável ao sujeito é “empurrada pra longe” sendo recalcada no inconsciente. O afeto, entretanto, é mantido na consciência. Porém é importante ressaltar que nenhum tipo de defesa é 100% eficaz, e por isso surgem os sintomas, como uma volta do afeto desalojado daquela idéia insuportável recalcada no inconsciente. “O afeto de que o ego sofreu permanece como antes, inalterado e não diminuído, diferindo apenas no fato de que a ideia incompatível é reprimida e expulsa da lembrança” (FREUD, 1894, p.67). No caso da histeria, o afeto se desloca da idéia insuportável e se firma em sintomas somáticos, como o caso da histérica que não mexia a perna, por exemplo. Freud chamava as transformações da soma de excitação em alguma coisa somática de “conversão”, e ela poderia ser total ou parcial operando ao longo da linha da inervação motora ou sensória que é relacionada à experiência traumática. (FREUD, 1894)
Tudo o que resta da idéia de que foi separado o afeto é o que Freud chama de ‘símbolo mnêmico’, uma espécie de memória que marca a presença anterior da idéia; e apesar da conversão, os pacientes podem ser atormentados por idéias associadas ligadas à uma incompatibilidade que reativa-as por links restabelecidos com ele, forçando novas conversões, novos sintomas histéricos, a serem fabricados. (HEWITSON, 2016, p.3)
Na fobia, a defesa envolvida também acontece através do recalque, mas o afeto envolvido na memória em questão é transposto a idéias incompatíveis, e essa “falsa conexão” gera um medo exacerbado e obsessivo sem explicação. (FREUD, 1894). Por exemplo o medo de palhaços, aranhas, baratas, escuro, buracos, etc. De maneira que, Freud pode constatar que embora não seja impossível esse afeto assomar em outros terrenos, até agora só pode ser observado por ele a origem sexual, de forma que “... é precisamente a vida sexual que provoca as mais numerosas ocasiões para a emergência de ideias incompatíveis. ” (FREUD, 1894, p.65)
“... a ansiedade liberada, cuja origem sexual o paciente não deve lembrar, vincula-se às fobias primarias comuns da espécie humana quanto a animais, tempestades, escuridão, e assim por diante, ou quanto a coisas inequivocamente associadas, de um ou outro modo, ao que é sexual – tais como a micção, defecação ou, de um modo geral, a sujeira e o contagio. (FREUD, 1894, p.67)
E na neurose obsessiva, apesar do mecanismo de recalque também ser o mesmo, e que o afeto desalojado se ligara a ideias incompatíveis gerando uma obsessão, o que muda frente à fobia é que ao invés de ter uma fobia, o individuo desenvolve a necessidade de realizar rituais temendo que algo de um ruim aconteça se não o fizer. Por exemplo: a moça que sempre tinha vontade de urinar em espaços públicos e não conseguia permanecer em um lugar sem saber que tinha um WC próximo para ele usar; ou o exemplo mais conhecido tratado por Freud apelidado de “O homem dos ratos”. Tal paciente se queixava que se não cumprisse com suas obrigações de pagar as dívidas que tinha, temia que ratos iriam perfurar os anus de sua amada e de seu pai, os matando. O que nos permite diferenciar melhor a neurose obsessiva das outras formas de neuropsicose de defesa. “A neurose obsessiva utiliza-se prodigamente da incerteza da memória para a formação os sintomas. ” (FREUD, 1909, p.95.)
Por fim, a psicose alucinatória é um pouco diferente das outras neuropsicoses de defesa apresentadas até agora. Visto que, o mecanismo de defesa utilizado na psicose é a rejeição, que é uma forma de defesa mais radical que o recalque. Nessa forma de defesa, não somente a memória é rejeitada, mas também o afeto, o que faz com que o sujeito não mais se lembre daquele incidente
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