A PSICOLOGIA SÓCIO INTERACIONISTA - ANALISE DA CHARGE
Por: 456598996 • 31/3/2019 • Bibliografia • 1.007 Palavras (5 Páginas) • 681 Visualizações
Introdução
O presente trabalho tem como objetivo realizar a análise de uma charge, utilizando como base a teoria do desenvolvimento de Wallon. Em seu estudo, ele se centraliza na criança contextualizada e divide sua teoria em estágios. Utilizaremos como objeto de estudo a fase Categorial, uma vez que se adequa ao personagem do quadrinho que apresentaremos a seguir.
Estágio Categorial
O período categorial é dividido em duas etapas:
- Pensamento Pré-categorial que corresponde ao período de 6 aos 9 anos de idade. Esta fase ainda é marcada pelo sincretismo. Tem como principais características a fabulação (invenção de histórias para contar fatos) e o reconhecimento por pares (reconhece um objeto ou situação sempre em relação a um segundo elemento).
- Pensamento categorial que ocorre entre 9 e 10 anos. Nesta fase, a formação de categorias intelectuais permite que a criança se posicione no mundo utilizando categorias para ordenar a realidade, desenvolvendo a capacidade de identificar, analisar e classificar objetos com base em suas diferentes situações. A partir daí ela também passa a obter a capacidade de operar com noções abstratas, como é o caso da noção de tempo, espaço e de causa.
Neste estágio a criança utiliza a inteligência para explorar e conhecer os objetos e o meio físico e social. Ela passa a se reconhecer dentro de um grupo, identificando seu papel no mesmo. Há um grande interesse em explorar situações novas, e particularmente se envolvem em coisas que podem ser malejadas e transformadas, dando margem ao exercício da criatividade. Nesta fase, há um maior interesse pele inteligência e mundo externo, onde a afetividade e interesse pelo mundo interno não mais predominam.
Segundo Wallon, um outro determinante para a formação da criança nessa fase é o meio humano de onde provem. Outros aspetos que caracterizam o meio são a semelhança de costumes e interesses, de modo que um local possa coincidir com um meio funcional, como por exemplo a escola.
“Os meios onde a criança vive e os que ambiciona são o molde que dá cunho a sua pessoa. Não se trata de um cunho passivamente suportado. O meio de que depende começa certamente por dirigir suas condutas, e o hábito precede a escolha, mas a escolha pode impor-se, quer para resolver discordâncias, quer por comparação de seus próprios meios com os outros.” (Wallon, 1975)
Com o desenvolvimento da inteligência, a criança avança para o pensamento abstrato, ganha maior controle de habilidades como a memoria voluntaria, que é a capacidade de memorizar coisas intencionalmente, assim como obtém maior controle da atenção.
Analise da Charge
Wallon obteve como objeto de estudo a psicogênese da pessoa, isto é, estudar a gênese (origem) dos processos que constituem o psiquismo humano. Em sua análise sobre o desenvolvimento infantil, Wallon propôs que fosse realizado um estudo considerando a criança como ponto de partida, vendo a mesma de forma integrada, visando compreender o sentido de sua conduta em função dos contextos nos quais essa conduta esta inserida, na intenção de compreender cada uma das suas manifestações no conjunto de suas possibilidades. Também considerou o desenvolvimento da pessoa completa integrada ao meio em que esta imersa, com seus aspectos afetivos, cognitivos e motores, ou seja, o ser humano é organicamente social e esta estruturação orgânica supõe a intervenção da cultura: “Jamais pude dissociar o biológico e o social, não porque o creia redutíveis entre si, mas porque, eles me parecem tão estreitamente complementares, desde o nascimento, que a vida psíquica só pode ser encarada tendo em vista suas relações reciprocas.” (WALLON; IN: WEREBE; NADEL-BRULFERT, 1986, p.8)
A partir dai, Wallon também enfatiza a ideia de que o meio faz parte de todo esse desenvolvimento: “o meio não é outra coisa senão o conjunto mais ou menos duradouro de circunstâncias em que se desenrolam existências individuais. Ele comporta evidentemente condições físicas e naturais que, porém, são transformadas pela técnica e pelos costumes do grupo correspondente.”
Wallon também discordou dos estudos que tinham como referencial apenas a comparação entre o comportamento da criança e adulto. Para ele, a infância não é apenas um estado provisório como preparação para vida adulta, mas também uma fase que tem sentido em si própria. Manter a visão apenas de comparação, faz com que a criança seja vista como em um estado inacabado, sem levar em conta o fato de que ela se transforma.
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