Analise psicanalítica do filme "O retrato de Dorian Gray"
Por: Marcela Macedo • 23/4/2024 • Resenha • 2.837 Palavras (12 Páginas) • 74 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
Instituto De Ciências Humanas
Curso De Psicologia
TEORIA PSICANALITICA
JUNDIAÍ
2024
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
Instituto De Ciências Humanas
Curso De Psicologia
TEORIA PSICANALITICA
Trabalho apresentado como parte integrante da disciplina Teoria Psicanalitica, ministrada pela Professora Dr.a. Rita Cerioni, como parte da nota bimestral.
JUNDIAÍ
2024
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
A psicanálise, como um dos campos mais influentes da psicologia, oferece uma visão profunda e multifacetada da mente humana, explorando conceitos diversos e abordando temas como o inconsciente, os mecanismos de defesa e a intrincada dinâmica dos desejos. Como afirmou Freud (1915), "A mente é como um iceberg, a maior parte está abaixo da superfície." Neste trabalho, pretendemos explorar esses conceitos, relacionando-os ao filme adaptado do romance literário homônimo, "O Retrato de Dorian Gray", que narra a história de Dorian Gray, um aristocrata cuja aparência é retratada em um quadro que, após um pacto, passa a sofrer os efeitos das depravações e do natural envelhecimento de Dorian.
Um dos conceitos fundamentais que abordaremos é o princípio do prazer e o princípio de realidade. Segundo Freud (1920), o princípio do prazer refere-se à busca incessante do indivíduo pela realização e consumação de seus desejos, uma fuga constante do desprazer, evitando o contato com moral, ética ou quaisquer amarras sociais. Ele afirma que "O princípio do prazer é uma força poderosa que busca a satisfação imediata." Já o princípio da realidade, é uma função do ego, que busca ainda a satisfação, porém, atendo-se às realidades vividas pelo indivíduo.
Outro tópico que será elucidado neste trabalho é o relacionado aos conceitos de desejo e castração. Segundo a psicanálise freudiana, o aparelho psíquico é colocado em movimento a partir dos desejos, sendo uma marca psíquica que busca pela satisfação plena, atingida durante os primeiros dias de vida e intrinsecamente incapaz de ser novamente alcançada. Como destacou Freud (1905), "O desejo é a mola mestra da mente humana." A castração, por sua vez, refere-se ao primeiro momento em que se sente a realização da insatisfação, da falta de recursos para a manutenção do eu e dos desejos.
As pulsões também são um conceito essencial para o entendimento da psique humana segundo esta vertente, sendo divididas em pulsões de vida e de morte. As pulsões de vida estão ligadas às excitações, tudo que induz à busca e à satisfação, contrapostas a isso, as pulsões de morte referem-se a aquilo que leva à estagnação e autodestruição, operando em oposição à pulsão de vida.
Além disso, exploraremos o conceito de narcisismo, que se refere à fixação das pulsões voltadas ao indivíduo, podendo ser natural em alguns eventos, mas também prejudicial ao indivíduo e seu entorno. Freud discute os conceitos de eu ideal e ideal do eu em "O Ego e o Id" (1923), onde descreve o Eu Ideal como uma representação do que uma pessoa aspira a ser, enquanto o Ideal do Eu como uma idealização do eu influenciada por figuras importantes na vida do indivíduo, cultura e aspectos de sua vivência.
2 OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo explorar os conceitos fundamentais da psicanálise, conforme delineados por Sigmund Freud, e sua aplicação na análise do filme "O Retrato de Dorian Gray". Em particular, buscaremos compreender como os conceitos de princípio do prazer e princípio de realidade, desejo e castração, pulsões de vida e de morte, bem como o narcisismo e os ideais do eu, são representados e manifestados na narrativa cinematográfica.
3 MÉTODO
Primeiramente, os participantes do grupo assistiram ao filme individualmente, a fim de evitar distrações e facilitar a compreensão dos tópicos. Após essa etapa, realizou-se um debate sobre a temática e os conceitos envolvidos. Por fim, foram separados tópicos focais para cada integrante, que foram posteriormente reunidos e equacionados.
4 DORIAN GRAY E A PSICANALISE
No início do filme, Dorian é retratado como um jovem belo, rico e ingênuo, ávido por explorar a vida e suas possibilidades, aparentemente desprovido de grandes ambições. Dorian, em um momento inicial, demonstra sua ânsia pelo prazer, à medida que relata a Basil, logo após o início da pintura do retrato, sua insatisfação por estar há duas semanas em Londres e ainda não ter frequentado festas. "Eu pensei que fosse me divertir."
Na primeira festa que Dorian frequenta, é-lhe oferecido um cigarro por Lorde Henry através da frase: "Acho o cigarro o prazer perfeito. É maravilhoso e nos deixa insatisfeitos." Esta frase relaciona-se diretamente ao conceito de prazer freudiano. O aparelho psíquico, seguindo o princípio do prazer, encontra-se em constante busca pela satisfação plena, nunca alcançada.
Dorian, a partir do momento em que vê seu retrato finalizado, assume um narcisismo não antes explicitado na obra. Em um primeiro momento, Dorian se surpreende com como se parece, afirmando que poderia "pregar sua alma no altar do diabo" para a manutenção de tal aparência. Indiretamente, Gray vende sua alma para permanecer tão belo e jovem quanto naquele dia.
Em uma noite, Dorian assiste a uma peça onde Sybil atua como Ofélia, por quem, em um impulso, ao vê-la na personagem, apaixona-se, de forma narcisista, pretendendo-se casar com ela após poucos dias. Em uma função narcísica, Dorian vê Sybil como um eu ideal, referindo-se a ela como sagrada e pura em uma conversa com seus amigos. Logo após o noivado e a consumação do ato carnal, Dorian relata a seus próximos a respeito e os sugere levar a peça de teatro dela, somente Lorde Henry concorda, embora o mesmo o leve a um bordel em vez de para a peça. Após a ida ao bordel, Dorian e Sybil brigam, se separando, e Sybil se suicida após isso; seu irmão vai até ele e conta que ela estava grávida de Dorian.
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