Análise Anne Frank - Ciampa
Por: Daniela1408 • 17/11/2017 • Resenha • 839 Palavras (4 Páginas) • 240 Visualizações
Análise Anne Frank (Ciampa) – parte Daniela Rodrigues (pág. 140 – 162)
Quarta-feira, 19 de Abril de 1944 até Terça-feira, 14 de Junho de 1944
Análise Anne Frank:
Leio agora O Imperador Carlos Quinto, escrito por um professor de Guingen que trabalhou quarenta anos nesta obra. Em cinco dias li cinquenta páginas; é difícil ler-se mais, de um livro assim, e ele tem quinhentas e noventa e oito páginas. Agora podes fazer as contas ao tempo que levará a leitura e, depois, falta ainda a segunda parte! Mas... é deveras interessante. Depois li sobre o Brasil: o tabaco da Baía, a abundância de café, o milhão e meio de habitantes do Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo, o rio Amazonas. Fiquei a saber coisas dos negros, dos brancos, das mulheres, dos mulatos, dos mestiços; fiquei também a saber que ainda lá vivem cinquenta por cento de analfabetos e que há malária. ( p. 140 e 141).
Anne conta que é uma menina estudiosa e que busca ler muito adquirindo um conhecimento amplo. Anne vive esses movimentos de metamorfose que podem levar a fragmentos de emancipação, que proporcionam para o indivíduo maior proximidade ao desejo de “vida boa”, que de acordo Ciampa (2009) propõe que é, no processo de identidade-metamorfose, o indivíduo busque não a re-posição da mesmice, e sim uma mesmidade, pois ela sempre busca aprender e cada dia uma coisa nova.
Não tenho ainda experiência nenhuma? Tenho experiência, sim senhora, tenho mais experiência do que os outros; vivi coisas que muito poucos da minha idade viveram. Tenho medo de mim própria, tenho medo de que o meu desejo me arrebate, e então o que há-de ser de mim mais tarde, quando conviver com outros rapazes? Oh, como tudo isto é difícil! O coração e o juízo, e sempre a luta entre os dois. Cada um deles fala no momento próprio, mas sei eu de certeza quais são os momentos próprios? (p.143)
A personagem relata que é aos olhos das pessoas ela pode ser uma simples garota judia, mas logo rebate que tem experiência suficiente para sua idade, convivendo com seus medos interiores como qualquer outra pessoa. Ciampa (2001) fala que é na relação com o outro que vai acontecendo a metamorfose buscando ser ela mesma como atualização de uma essência. Ciampa diz ainda que "cada indivíduo encarna as relações sociais, configurando uma identidade pessoal, uma história de vida, um projeto de vida. Uma vida que nem sempre-é-vivida, no emaranhado das relações sociais" (Ciampa, 1987, p. 127)
E agora outra coisa: Já sabes há muito que o meu maior desejo é vir a ser jornalista e, mais tarde, escritora famosa. Serei capaz de realizar esta minha ambição? Ou será tudo isto uma mania de grandeza ou até uma loucura? Só o futuro o dirá. Mas assuntos não me faltam. Hei-de publicar um livro depois da guerra: O anexo. Se serei ou não bem sucedida, não se pode prever, mas o meu diário servir-me-á de base. Além da história do anexo, tenho outras ideias. Hei-de falar nelas mais longamente quando tiverem tomado forma. (p. 153)
A personagem tem um grande desejo de ser bem sucedida futuramente, ser escritora e seu diário será uma base para outros tópicos que poderá vir a escrever, sendo isso algo que a motiva para um projeto de vida. Ciampa vai relatar isso com processo de construção da representação de si e o a pessoa nasce e logo é inserida em um grupo social que trás uma série de expectativas ( identidade pressuposta).
O meu aniversário passou mais uma vez. Tenho agora quinze anos. Recebi muitas coisas[...] Muitos desejos, muitos pensamentos, muitas acusações e censuras se confundem na minha cabeça como fantasmas. Podes crer, não sou tão presunçosa como algumas pessoas julgam[...] Só há uma diferença: é que eu sei, além disso, que tenho vontade de me corrigir e que, em certa medida, já me tenho corrigido. Muitas vezes pergunto-me porque é que tanta gente me acha presunçosa e pouco modesta[...] "Ninguém me compreende". Estas palavras estão ancoradas em mim e, mesmo que possa parecer incrível, também nela há uma ponta de verdade. Por vezes torturo-me com tantas acusações contra mim própria que seria preciso uma voz reconfortante para me ajudar a repor tudo na medida certa e sã e que também se preocupasse um pouco com a minha vida interior. (p.162 e 163)
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