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Esquizofrenia infantil: um recorte psicanalítico sobre o diagnóstico diferencial entre Autismo e Psicose

Por:   •  18/9/2019  •  Artigo  •  6.693 Palavras (27 Páginas)  •  270 Visualizações

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Esquizofrenia infantil: um recorte psicanalítico sobre o diagnóstico diferencial entre Autismo e Psicose

Childhood Schizophrenia: a psychoanalytic cut on differential diagnosis between Autism and  Psychosis

Hayanne Tallyta Rocha da Silva – Centro Universitário Maurício de Nassau

 Rosiene Vilarim Gomes – Centro Universitário Maurício de Nassau

 Andrea Almeida de Siqueira dos Santos – Centro Universitário Maurício de Nassau


Esquizofrenia Infantil: um recorte psicanalítico sobre o diagnóstico diferencial entre autismo e psicose

Hayanne Tallyta Rocha da Silva – UNINASSAU

 Rosiene Vilarim Gomes  UNINASSAU *[1]

Andrea Almeida de Siqueira dos Santos  UNINASSAU**

Resumo

O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo analisar a relevância do diagnóstico diferencial entre autismo e psicose infantil. O interesse por este estudo se deu através de uma inquietação a respeito de como o diagnóstico em crianças vem sendo realizado de forma genérica e classificatória. Faz-se necessário compreender que tanto o autismo quanto a psicose possuem características e formas diferentes de se apresentar; neste sentido, o diagnóstico diferencial será um referencial na escolha da condução do tratamento. A psicanálise sustenta a importância de levar em consideração o sofrimento psíquico, e não reduzir o sujeito apenas a uma nosologia, com um tratamento fixo e pré-determinado, sem levar em consideração a posição do sujeito perante o seu diagnóstico. Deseja-se por meio deste estudo contribuir com o eixo teórico-metodológico a partir da visão da Psicanálise, para que seja possível a construção de um diagnóstico diferencial baseado não somente no DSM IV e no CID-10, mas também na posição do sujeito em questão.

Palavras-chave: autismo; psicose; diagnóstico diferencial.

Abstract

The objective of this study is to analyze the relevance of the differential diagnosis between autism and childhood psychosis. The interest in this study arised due to a concern about how the diagnosis in children has been carried out in a generic and classificatory way even nowadays. It is necessary to understand that both autism and psychosis have different characteristics and forms of presentation; in this sense, the differential diagnosis will be a reference in the choice of treatment. Psychoanalysis afirms the importance of taking psychic suffering into consideration, not reducing the subject to a nosoly, with a fixed and predetermined treatment, without taking into account the position of the subject before his diagnosis. This study intends to contribute to this theoretical-methodological axis from the perspective of Psychoanalysis, so that it is possible to construct a differential diagnosis based not only on DSM IV and ICD-10, but also on the position of the subject in question.

Keywords: autism; psychosis; differential diagnosis.

INTRODUÇÃO         

        O conceito de esquizofrenia é recente. A princípio, as psicoses eram comumente conhecidas como "loucura" e os ditos loucos eram internados em leprosários. Essa medida segregava os sujeitos e impedia a existência de distinção entre adultos e crianças. A compreensão que se tem da época era a de sujeitos que não se encaixavam nos padrões de comportamento considerados normais pela sociedade, sendo então taxados de "anormais" ou doentes mentais e lançados às margens da sociedade (FOCAULT, 1978).

        Até o início do séc. XX, não existia uma separação dentro do grupo das crianças classificadas deficientes mentais, de forma que os casos de demência e transtornos graves que surgiam em crianças eram genericamente denominados de esquizofrenia. Potter (1933) propõe desvencilhar a esquizofrenia infantil a partir de critérios específicos, como perda de interesse do ambiente usual, transtornos do pensamento, do afeto e alterações do pensamento.

        De acordo com Kupfer (2000), em 1994 o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-IV (1994) insere as crianças em um único grupo e posteriormente, o subdivide em categorias. No mesmo ano, a Associação Americana de Psiquiatria classifica as crianças que apresentavam algum transtorno mental em uma mesma categoria, como Psicóticas e Autistas, não levando em consideração as especificidades de cada transtorno.

        Atualmente muitos psicanalistas não descartam a visão de que exista na psicose e no autismo fatores bio-psíquicos, porém acredita-se que esteja ligada a outros fatores além dessa dicotomia, surgindo até mesmo antes da inserção da linguagem, que é conquistada por meio da submissão da lei, ou seja, da instalação do Nome-do-Pai (JERUSALINSKY, 1993).

         Jerusalinsky (1993) recomenda, com base em seus estudos, que o autismo seja entendido como uma quarta estrutura clínica, além das que já são propostas por Lacan, a saber: psicose, neurose e perversão. Tendo posto as estruturas, ele ainda levanta a hipótese de que na psicose ocorra uma falha da função paterna, e no autismo, da materna.

        Nessa perspectiva, a pesquisa justifica-se pelo interesse em compreender o que é a psicose infantil e o autismo, refletir sobre como se apresentam na infância e como o diagnóstico diferencial poderá conduzir ao tratamento adequado sem deixar de respeitar as especificidades e características de cada sujeito, retirando assim essas crianças da nosologia de esquizofrenia.

         O diagnóstico diferencial em psicanálise, baseia-se na escuta, e considera a relação do sujeito com o mundo mediado por uma realidade psíquica, sobre a qual não se tem o completo conhecimento. O autismo e a psicose se situam de maneira próxima no âmbito das psicopatologias, de forma que a manifestação de ambos nem sempre aparece de maneira clara, permitindo distinção imediata. É importante destacar alguns aspectos que ajudam no entendimento do caso e que exigem um maior cuidado ao se pretender um ou outro diagnóstico, privilegiando a escuta do sujeito na sua diversidade, e não de forma fragmentada, limitada a sinais e sintomas.  

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