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FATORES QUE CORROBORAM PARA A PERMANÊNCIA DA MULHER EM UMA RELAÇÃO VIOLENTA

Por:   •  25/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  3.087 Palavras (13 Páginas)  •  174 Visualizações

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  1. FATORES QUE CORROBORAM PARA A PERMANÊNCIA DA MULHER EM UMA RELAÇÃO VIOLENTA.

Muitos questionamentos, acerca da permanência em uma relação violenta são feitos ás vítimas de violência doméstica. Entende-se atualmente que não existe uma causa única, mas sim múltiplos fatores que contribuem para a continuação da mulher dentro da relação. Em vários casos, a mulher busca uma justificativa para a permanência dentro do relacionamento.

Freqüentemente, as mulheres procuram justificar as atitudes do vitimizador, através de argumentos como o ciúme e a proteção, que acreditam ser demonstrações de amor. Atribuem ainda a fatores externos, como o estresse, decorrentes principalmente do trabalho, das dificuldades financeiras e do cansaço. Também o álcool é um motivo alegado pela grande maioria das vítimas, para explicar o comportamento agressivo de seus parceiros (FONSECA e LUCAS, 2006, p. 17).

A mulher vitima desta violência, é capaz de permanecer anos vivenciando uma relação que lhe cause dor e sofrimento, sem nunca se quer ter prestado queixa das agressões sofridas. A violência possui como fundamento não só a hierarquia entre os gêneros, mas também o poder patriarcal, colocando o masculino como a figura do “homem da casa”. (PIMENTEL, 2011).

De acordo com Fonseca e Lucas (2006) vários são os motivos pelos quais a primeira agressão sofrida não é denunciada: a mulher pode vivenciar um conflito, por não desejar se separar do agressor, que nesse caso é seu companheiro, ou teme que ele seja preso, apenas acredita que as agressões cessarão, procurando socorro quando já está cansada do sofrimento ou se sente impotente.

A mulher se sente frágil e impotente frente ao seu agressor, submetendo-se a este e introjetando a culpa que é dele. Nessa conjuntura, a mulher vivencia uma situação de impasse, pois ainda que esteja sofrendo na relação, a possibilidade de separação para ela também é intolerável, em função do sentimento de incapacidade para reconstruir sua vida sem o parceiro. (TENÓRIO, 2012, p. 45).

Há medida que o desejo de se separar do marido aumenta, esta ideia vem consecutivamente acompanhada por sentimentos de culpa e vergonha pela situação em que vive, por medo, impotência, debilidade, além disso, ainda há os mitos sociais que afirmam o prazer da mulher em apanhar ou que fizeram algo para merecer isso (FONSECA e LUCAS, 2006).

Após tomada esta decisão, ainda enfrentam uma situação de instabilidade ocasionada por ameaças de perder a casa, a guarda dos filhos e a realidade de sobreviver sozinha. Desta maneira, elas só tomam a decisão quando não têm mais alternativas e não suportam a dor. Ainda assim, muitas se mantêm em uma relação de dor para não verem a família destruída (FONSECA E LUCAS, 2006, p.15).

Desta forma a trajetória da mulher que busca romper com o ciclo de violência é longa, marcada por progressos e retrocessos, frequentemente desprovida de apoio. Normalmente as mulheres relatam a violência vivida a pessoas próximas, como familiares, amigos ou até mesmo colegas de trabalho, porém nem sempre encontram solidariedade, principalmente quando as concepções de gênero e família são tradicionais (MACHADO et al., 2014).

A vítima da violência doméstica tem que enfrentar a cultura machista, já que no Brasil ainda há a ideia de superioridade do homem em relação à mulher, em que esta deve ser passiva e obediente com seu marido, companheiro ou namorado. Muitas vezes a própria mulher tem o pensamento machista, pois foi criada e educada assim (PAULA, 2018, p. 35).

A violência doméstica contra a mulher acontece independente das situações econômicas e educacionais. E ainda que essa violência possa adquirir traços diferentes segundo o nível educativo, a etnia, a região geográfica e classe social, nenhuma mulher estará a salvo inserida em uma sociedade patriarcal e misógina (MACHADO et al., 2014).

Em muitos casos, algumas pessoas ainda acreditam que para vitima denunciar seu agressor e sair de uma relação violenta é fácil e simples, dizendo que apenas basta uma iniciativa da mulher. É válido ressaltar que a violência doméstica acontece em ciclos, que se ocorrem progressivamente e que nem sempre são percebidos pelas vítimas, por começarem por tensões e humilhações (SCHWAB e MEIRELES, 2014).

O ciclo começa com a fase da tensão, em que as raivas, insultos e ameaças vão se acumulando. Em seguida, aparece a fase da agressão, com o descontrole e uma violenta explosão de toda a tensão acumulada. Depois, chega à fase de fazer as pazes (ou da ‘lua de mel’), em que o parceiro pede perdão e promete mudar de comportamento, ou então age como se nada tivesse ocorrido e, ao mesmo tempo, fica mais calmo e carinhoso e a mulher acredita que a agressão não vai mais acontecer (PAULA, 2018, p. 36).

A chamada fase “Lua de Mel” é uma das causas responsáveis pela permanência das mulheres em relações violentas. Esse encarceramento pode ocorrer pela esperança de um relacionamento melhor baseado nas promessas e no arrependimento do agressor (RAZERA e FALCKE, 2017).

Em geral, o agressor torna-se extremamente afetivo após os episódios de agressões, levando a vítima a nutrir uma esperança na mudança de seu parceiro. Esses episódios de demonstrações de afeto não precisam ser necessariamente grandes, mas, se tornam suficientes para a vítima permanecer na relação.

Outro fator que colabora para a permanência da mulher dentro da relação violenta é a dependência financeira.

Quando há uma dependência financeira da mulher em relação ao homem, seja pelo fato de ter se submetido à proibição de trabalhar imposta por ele, ou mesmo pela dificuldade ou comodidade de não ter um emprego, esta se torna obrigada a recorrer ao marido, sempre que necessitar de dinheiro, situação que favorece a violência, pois, em muitos casos, o homem utiliza seu poder econômico como forma de ameaçá-la e humilhá-la. (FONSECA e LUCAS, 2006, p. 10).

A dependência emocional do parceiro, também se torna um fator preponderante nas relações violentas, já que a vítima acredita precisar ter alguém como “referência” para a sociedade, sujeitando-se as agressões, que podem ser tanto físicas quantos emocionais. Dentro desta perspectiva, a mulher ainda pensa nos filhos, torna a criação dos mesmos e a presença de uma “figura paterna” como um fator importante para sua permanência no lar.  (DE SOUZA e DA ROS, 2006).

Outra variante é a religião. Bem como a religião instrui que as mulheres devem ser obedientes, passivas e submissas, aos seus maridos e figuras masculinas, resulta em uma produção e reprodução das diversas formas de violência contra a mesma. Os discursos religiosos, os textos sagrados e suas interpretações, as práticas de exclusão e discriminação sexista da Igreja em relação às mulheres contribuem para a manutenção dessa violência (PEREIRA, CAMARGO e AOYAMA, 2018).

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