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Figueiredo - Introdução á Psicologia

Por:   •  1/6/2019  •  Resenha  •  887 Palavras (4 Páginas)  •  206 Visualizações

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1. Psicologia como campo científico independente

Figueiredo argumenta que a psicologia tem dificuldade de estabelecer-se como campo científico independente por,

a. Não possuir um objeto de estudo bem definido que não se confunda com as outras disciplinas.

b. Dividir com outras ciências conceitos atualmente próprios da psicologia.

c. Depender de outras ciências para efetivar a prática psicológica.

d. Possuir como preocupação a “´psique” que é abstrata e exige além dos sentidos, profunda capacidade de interpretação e observação.

2.  Condições para o aparecimento da psicologia como ciência

a. O surgimento de uma subjetividade privatizada

O que é a Subj. Privatizada?

  • O sentimento de que somos responsáveis pelo que fazemos e de que somos livres para agir de maneira própria. A sensação de sermos únicos.
  • As crises sociais causam a perda de referenciais coletivos, devido a isso os indivíduos tendem a agir de acordo com seus próprios referenciais, responsabilizando-se por si e criando uma moral interna.

A subjetividade privatizada é uma construção da modernidade – A desagregação do mundo medieval determinou no renascimento uma perda de referenciais coletivos e de instituições, associada à expansão europeia para as américas. Desse modo, o homem se sentiu “jogado” num mundo estranho.

  • Ocorreu uma situação paradoxal, porque ao mesmo tempo que o homem se independentiza, também se sente perdido do que fazer com essa independência.
  • Humanismo: Surge a crença de que o homem é um ser livre de amarras, e por isso é o centro do mundo, podendo modifica-lo como quiser.

Expressões filosóficas favoráveis ao surgimento de uma Subj. Privatizada:

  • Michel Montaigne: Em sua obra Ensaios, desenvolve um “eu”, tomando a si mesmo como objeto para valorizar a interioridade e as individualidades.
  • Pico Della Mirandola: Seu pensamento associa a liberdade com o dom divino, por isso deveríamos utiliza-la bem, ou seriamos punidos por Deus. Paradoxalmente, o homem é livre, mas deve sujeitar-se a Deus.
  • René Descartes: No argumento do cogito, Descartes argumenta que nossa única certeza é a nossa existência como sujeitos, até porque até para pensarmos é necessário sermos quem somos. Logo, valoriza a subjetividade porque é ela quem nos permite conhecer.
  • Francis Bacon: Através da empiria, valoriza a capacidade dos sentidos individuais como método de conhecimento da realidade.

Sistema Mercantil

  • Sociedades tradicionais: Os indivíduos agem em conjunto, onde todos dependem uns dos outros e os produtos são compartilhados.
  • Sociedades mercantis: Os indivíduos dependem de si mesmos, são especializados em uma função e o lucro associado aos interesses individuais prevalece. Os homens que vendem sua força de trabalho por um salário, porque não possuem instrumentos de trabalho, portanto, são meios de subj. Privada e responsabilidade individual.

b. A crise dessa subjetividade privatizada

Críticas ao método seguro de Francis Bacon e René Descartes:

  • A razão e a subjetividade não seriam métodos eficazes de conhecermos o mundo.
  • David Hume: A nossa subjetividade não é a senhora das nossas experiências, mas efeito delas. O “eu” não é o mesmo de sempre, pelo contrário, ele se modifica através de experiências.
  • Emanuel Kant: A subjetividade privada é incapaz de conhecer além de incertezas, só a subjetividade universal conhece o que é conhecível. O sujeito, portanto, busca autonomia, a vazão de seus impulsos e desejos sempre controlados pela razão.
  • Friedrich Nietzsche: Para Nietzsche a noção de sujeito da modernidade é uma criação humana, em síntese, as noções do “eu” e sujeito também são ficções.

Romantismo: 

  • O romantismo enfatizava que as emoções e as forças da natureza eram superiores à consciência do homem. Enviesa uma crítica à modernidade e um saudosismo ao passado quando todos viviam “comunitariamente” numa responsabilidade coletiva. A pintura do inglês William Turner mostra um barco lidando com as forças naturais, e esse barco representa a razão e o metodismo que estão prestes a serem devastados pela tempestade. Assim, o romantismo desloca o “eu” do lugar de soberano para impotente. Ao mesmo tempo, o romantismo também valoriza a individualidade porque qualifica o “eu” em níveis de profundidade desconhecidos.

Regimes Disciplinares: 

  • Os indiv. sentiram desamparo e precisaram de "regimes disciplinares" que impunham regras de conduta gerais que controlam a subj. e padronizavam os comportamentos individuais. A Crise da Subj. privatizada significou entender que a liberdade e a diferença são ilusões, porque os "regimes disciplinares" interferem na vida dos indiv.
  • A crise da subjetividade privatizada faz os homens perceberem que não são totalmente singulares nem livres. Os indiv. sozinhos tem mais dificuldade de defender seus interesses, as associações ou agrupamentos defendem melhor os interesses dos indivíduos do que estes isolados.
  • A psicologia surge como necessidade de padronizar os comportamentos dos indivíduos para entende-los e controla-los, e estudar o “porque” de mesmo nos regimes disciplinares ainda existirem subjetividades privatizadas.

3. A PRÁTICA CIENTÍFICA PARA A EMERGÊNCIA DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

Ciência e psicologia:

  • A emergência da psicologia como ciência deveu-se a filósofos e psicólogos que estudavam a ciência preocupados com o aperfeiçoamento desta.
  • A ciência considera o homem senhor da natureza com o direito de utilizá-la de acordo com os seus interesses, vale-se da objetividade e evita os subjetivismos. Para “expurgar” os subjetivismos era necessário conhece-los e controla-los, o que foi feito através da inversão do homem pesquisador para o homem objeto de estudo.
  • Ao mesmo passo que a ciência considera os indivíduos “únicos” e senhores do mundo, também quer estuda-los para entender sua subjetividade e eliminar os subjetivismos (as percepções individuais e as diferenças entre as pessoas)  buscando a objetividade (visão neutra e os padrões de sujeito).

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