Grafismo Infantil Piaget
Por: 99894583 • 25/3/2017 • Trabalho acadêmico • 3.132 Palavras (13 Páginas) • 1.625 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo coletar dados por meio de desenhos infantis e relaciona-los as fases do desenvolvimento cognitivo segundo a teoria construtivista do Psicólogo Jean Piaget e também com as fases do Grafismo Infantil segundo Luquet.
Primeiramente são apresentadas algumas considerações teóricas sobre a inteligência infantil pela perspectiva construtivista e de demais correntes teóricas. Voltado à perspectiva construtivista de Piaget, explica-se os estágios sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal definindo cada um com suas características próprias. Por fim é abordado o tema do Grafismo Infantil, e pela perspectiva de Luquet os estágios de desenvolvimento: Realismo Fortuito, Realismo Falhado, Realismo Intelectual e Realismo individual.
Como metodologia todos os participantes aplicaram a atividade de desenho livre para crianças de 02 a 15 anos de idade, foram utilizados materiais como, folha sulfite, lápis de cor e canetas esferográficas. O local da aplicação foi de acordo com a escolha de cada participante. Após a coleta dos desenhos foi realizada uma oficina em sala de aula onde foram dadas orientações para a análise dos desenhos obtidos de acordo com as fases do Grafismo Infantil.
2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
2.1. TEORIA PIAGETIANA
Existem três perspectivas que caracterizam a inteligência, são elas: inatismo, empirismo e construtivismo. No inatismo, a inteligência é vista como uma capacidade, um dom, sendo independente do que o indivíduo experimentou e viveu após seu nascimento, fazendo com que este seja colocado como um ser passivo. É uma estrutura biológica, herdada geneticamente.
Já no empirismo, o conhecimento é dependente da experiência tanto positiva quanto negativa e o desenvolvimento ocorre através da soma das aprendizagens feitas pelo indivíduo. Aqui não é levado em conta nada que seja inato, ou seja, o indivíduo é considerado uma tábula rasa, uma folha de papel em branco que será preenchida com essas experiências.
Na perspectiva construtivista, que é a que abordaremos no presente trabalho, a inteligência é vista de forma interdependente e reversível o que a caracteriza como operatória. A interdependência é a capacidade de perceber a autonomia das partes de um problema, relacionar as partes entre si e coordená-las com o todo que as integra. É ela que possibilita a resolução de problemas sem uma correção posterior, sem primeiro agir e depois sofrer as consequências da ação.
A reversibilidade coordena a interdependência, ou seja, caracteriza a possibilidade mental, corporal ou social de considerar a relação entre as partes e entre as partes e o todo de modo simultâneo. Ela possibilita fazer viagens mentais antes de tomar uma decisão. É por ela que liga-se passado, presente e futuro. O passado corresponde a um pensar ou agir históricos, sendo atualizado e não esquecido, e nem repetido. O futuro, por sua vez, é antecipação, é planejamento e tomada das melhores decisões antes de realizá-las de fato.
A perspectiva construtivista visaa autonomia da criança, não no sentido de independência do adulto, mas no sentido de construir e coordenar esquemas de ação, noções e representações, realizar e compreender as coisas por si própria.
Nessa teoria, o que vigora é a epistemologia genética que rejeita a ideia de que a bagagem hereditária (apriorismo) já traz as estruturas do conhecimento e que bastaria a maturação das mesmas em determinadas faixas etárias. Rejeita também a ideia do empirismo, onde o meio social e físico determinariam, no sujeito, as estruturas do conhecimento. Para esta epistemologia o correto seria a associação do apriorismo com o empirismo, ou seja, o conhecimento vem da interação com o meio a partir de estruturas cognitivas que o indivíduo já possui.
Jean Piaget, o mentor da psicologia construtivista, observou que existem diferentes formas de interação com o ambiente em diferentes faixas etárias. Elas deram origem aos períodos ou estágios de desenvolvimento. Em qualquer período ou estágio a criança é vista como agente, ou seja, atua no próprio desenvolvimento. Esse desenvolvimento tem como pilares quatro determinantes básicos: maturação, estimulação do ambiente físico, aprendizagem social e tendência ao equilíbrio. Nesses estágios, a criança depende de conhecimentos construídos anteriormente para continuar a construir, porém em níveis mais elevados. Cada estágio é caracterizado pela aparição de estruturas originais, cuja construção o distingue dos estágios anteriores. Estes períodos são: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.
O estágio Sensório-Motor tem a faixa etária de 0 à 2 anos.Logo que os bebês nascem eles não conseguem diferenciar o eu do mundo, pois o eu é inconsciente de si mesmo e vai sendo construído à medida em que a criança entra em contato com a realidade. Nesta fase, a inteligência tem como objetivo a diferenciação básica entre mundo externo e o próprio corpo. É o estágio das regulações afetivas elementares e das primeiras fixações exteriores da afetividade. Ao final do período, o bebê já tem condições de lidar com a maioria dos problemas apresentados, porém de forma rudimentar.
O estágio Pré-Operatório que inclui dos 2 aos 7 anos, é uma fase de transição caracterizada por formação de esquemas simbólicos, ou seja, é a capacidade de representação de uma coisa por outra. Aqui a criança ainda é egocêntrica e esse egocentrismo afeta a área intelectual, social e de linguagem. Cognitivamente é um período marcado pelo animismo (atribuir vida aos objetos), artificialismo (atribuir causa humana a fenômenos naturais) e antropomorfismo (atribui formas humanas a objetos) e socialmente começa o interesse por crianças da mesma idade.
No estágio de Operações Concretas, que vai dos 7 aos doze anos, esse egocentrismo exagerado entra em declínio e a criança já é capaz de compreender o outro como outro. Ela faz grandes aquisições intelectuais e passa a possuir uma lógica concreta compreendendo regras e as julgando por responsabilidade subjetiva. Aqui, o indivíduo já caminha em direção à autonomia e aos sentimentos morais e sociais de cooperação.
No último estágio, o período das Operações Formais (doze anos em diante), o indivíduo já é capaz de formar esquemas e conceituar termos abstratos como amor, fantasia e democracia. Eles já criticam os sistemas sociais bem como as relações sociais. Ocorre a busca pela identidade e pela autonomia pessoal, assim como a formação da identidade. É pela adolescência que ocorre sua inserção afetiva e intelectual na sociedade dos adultos.
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