Mobbing: assédio moral no trabalho
Por: João Eduardo Ornelas • 1/4/2016 • Trabalho acadêmico • 2.303 Palavras (10 Páginas) • 385 Visualizações
MOBBING: ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO
Jéssica QUEIROZ (IC – jessicaqueiroz@gmail.cm), João Eduardo ORNELAS (IC), Rosemary Leite de PAULA (IC) Vitória Pereira LIMA (IC)
RESUMO: Estudos mostram que o mobbing, recorrente em muitos ambientes de trabalho, tem sido fonte de adoecimento com comprometimento do equilíbrio físico e emocional. Foi realizada uma revisão de literatura a partir de vários textos atuais sobre o tema. Os objetivos são: definir e caracterizar mobbing, apresentar os tipos de assédios existentes no ambiente de trabalho, as fases do mobbing, os perfis da vítima e do assediador, as consequências físicas e psicológicas, tratamento e prevenção. É importante que o tema seja mais debatido a fim de ser desmistificado.
Palavras chave: 1 – mobbing; 2 – ambiente de trabalho; 3- assédio moral
APRESENTAÇÃO: Mobbing (molestar) é o termo em inglês para assédio moral no ambiente de trabalho. O conceito, oriundo dos estudos dos animais, foi adaptado para o meio laboral e popularizado na década de 1980 pelo psicólogo do trabalho Heinz Leymann, alemão, radicado na Suécia, considerado o “pai do mobbing” [1]. É definido como sendo o fenômeno no qual uma pessoa ou grupo de pessoas exerce violência psicológica extrema, de forma sistemática e recorrente e durante um tempo prolongado sobre outra pessoa no local de trabalho, com a finalidade de destruir as redes de comunicação da vítima ou vítimas, destruir sua reputação, perturbar a execução de seu trabalho e conseguir, finalmente, que essa pessoa ou pessoas acabe abandonando o local de trabalho [1]. DESENVOLVIMENTO: A violência pessoal, moral e psicológica tem recebido várias denominações dependendo do ambiente e do contexto, tais como, bullying, assédio moral, terror psicológico etc. Contudo, o termo mobbing deve ser aplicado a adultos no contexto ocupacional, e o termo bullying aplicado a crianças e adolescentes, no contexto escolar [1]. É importante diferenciar atritos diversos do mobbing, que para se caracterizar requer a identificação de alguns elementos. Inicialmente é preciso identificar o sujeito ativo ou o assediador, e o sujeito passivo ou assediado. A seguir, identificar a conduta, comportamento ou atos que atentam contra os direitos de personalidade, ou seja, o que está causando sofrimento psicológico ao agente passivo. É fundamental que haja reiteração ou sistematização dos atos de perseguição, pois, somente assim será considerado assédio, e não um ato isolado. Finalmente, a conduta do agente deve ser consciente, intencional ou previsível, sabendo este o efeito danoso sobre o ambiente de trabalho e sobre a integridade psicofísica da vítima [2]. Quanto ao perfil dos envolvidos, o agressor geralmente é alguém narcisista e perverso. O indivíduo perverso é de má índole e de mau caráter que impede a seus subordinados de pensar, compreender e agir. O narcisista é aquele que nutre amor excessivo a si próprio, ou seja, que arroga para si mesmo importância em demasia. Alguém com essas características julga-se superior e acima do bem e do mal, necessita ser admirado e engrandecido, não admite críticas e sempre procura falhas nos outros. Não suporta ser confrontado, e quando tal acontece age com vingança e crueldade. Quanto ao perfil da vítima, geralmente trata-se de alguém mais frágil, pessoas consideradas velhas ou que tenham salários maiores que a maioria. Às vezes tem um senso de responsabilidade paranoico, são ingênuas, bem-educadas, possuem boas qualidades morais e profissionais. Geralmente são perseguidas porque possuem um algo mais, podendo ser uma habilidade, qualificação ou formação, o que faz com que os demais se sintam ameaçados. O perfil da vítima, contudo, pode variar muito, uma vez que está ligado ao ambiente de trabalho e à personalidade do agressor, que escolhe uma determinada pessoa na qual projeta suas próprias fraquezas e medos para poder enfraquecê-la cada vez mais [3]. Quanto às espécies, o mobbing pode ser vertical ascendente, vertical descendente, horizontal ou misto. O tipo horizontal se caracteriza pelo assédio desempenhado por funcionários do mesmo nível, ou seja, pelos colegas de trabalho. É comum em situação em que dois funcionários disputam uma única vaga de promoção, ou quando um dos funcionários se destaca do grupo por algum motivo, e por não saber conviver com as diferenças o grupo passa a atacá-lo. Seria, por exemplo, o caso da mulher em um grupo de homens ou vice-versa, homossexualidade, diferença de raça ou opção religiosa. Este tipo de assédio pode partir tanto de um como de vários colegas. O assédio vertical ascendente, de baixo para cima, ocorre em alguns cenários específicos: quando o superior abusa da autoridade agindo com extremo rigor e soberba para com os comandados; quando o superior não consegue impor respeito e manter o domínio da equipe, ou quando alguém é promovido para o cargo de chefia despertando a inveja nos colegas. Esta espécie de mobbing é mais comum em instituições públicas em que os funcionários gozam de estabilidade. O mobbing vertical descendente, praticado pelo empregador ou superior hierárquico sobre o subordinado, faz com que a vítima acredite ter que aceitar tudo o que lhe é imposto a fim de manter seu emprego. É talvez a forma mais cruel, e a que tem consequências mais graves sobre a saúde da vítima que se sente muito isolada e com dificuldade de vislumbrar uma solução para o problema. Na maioria das vezes, ocorre devido ao medo que o superior tem de perder o controle da equipe, ou quando tem a necessidade de humilhar o subalterno a fim de se engrandecer. Além do perfil perverso do agressor, o mobbing descendente pode também ser estratégico, ocorrendo quando a empresa visa reduzir o seu quadro, ou se livrar daqueles funcionários mais antigos e com maiores salários a fim de substituí-los por novatos, que, em tese, seriam mais produtivos e menos onerosos. Há também o assédio institucional, quando tal conduta seria um instrumento de gestão da empresa que teria por norma aterrorizar os funcionários. Há, por fim, o mobbing misto, quando a vítima é atacada tantos pelos colegas do mesmo nível, quanto pelo superior hierárquico ou o patrão. Normalmente, o assédio horizontal duradouro acaba se transformando também em assédio descendente, porque conta com a omissão da chefia. Igualmente, quando um funcionário sofre perseguição do superior de forma continuada, acaba também sendo discriminado pelos colegas que passam a persegui-lo. Em ambos os casos, a situação tende a se tornar um assédio misto[4]. Na prática, o mobbing é levado a termo por meio de algumas técnicas, todas visando desestabilizar
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