O CASO ELISABETH VON R
Por: Carolina Alonso • 23/5/2020 • Trabalho acadêmico • 632 Palavras (3 Páginas) • 762 Visualizações
CASO ELISABETH VON R
Em sua obra “Estudos sobre Histeria” (1895), Freud descreve o caso de Elisabeth Von R, pseudônimo de Ilona Weiss, uma jovem húngara que foi tratada pelo analista no período entre o outono de 1892 até Julho de 1893.
Elisabeth Von R. tinha vinte e quatro anos e era a terceira filha de uma família de boas condições financeiras. Freud a recebeu mediante queixas, por parte da paciente, de dores nas pernas e dificuldades para andar que estavam perdurando havia dois anos. Após a confirmação do diagnóstico de histeria, o analista percebeu que ao beliscar ou exercer pressão na pele ou nos músculos em que ela apontava dor, a jovem expressava uma fisionomia mais de prazer do que de dor. Além de gritar como se estivesse recebendo cócegas, ruborizava-se intensamente, jogando a cabeça e o busto para trás enquanto fechava os olhos.
Freud se utiliza da hipnose a fim de despertar novas lembranças, contudo, a paciente não se mostra hipnotizável. Propôs um tratamento catártico depois de quatro semanas de tratamento elétrico. Ele percebe que toda a história de Elisabeth inicia-se a partir da doença e morte do pai a quem ela era muito próxima e íntima. A enfermidade e falecimento de sua irmã seguida de brigas entre familiares se caracterizavam como momentos que contribuíram com a evolução das dores na jovem.
Passaram-se muitas sessões até que Elisabeth apontasse certa melhora ao indicar que as dores tinham origem nas partes da coxa onde o pai apoiava as pernas inchadas para a troca dos curativos: essa era a raiz de sua “conversão histérica”. Segundo Freud, ele mesmo variava entre se deixar conduzir pelo discurso da paciente e intervir quando sentia que determinada parte da história não havia sido explorada o suficiente. Dessa maneira, passou a reconhecer a grande importância que a resistência a determinadas lembranças tinha no processo, agrupando as situações em que essa resistência se destacava. Sendo assim, ao passo que o diálogo se desenvolvia, ele concluiu que o mecanismo de rebeldia e de esquecimento voluntário seria um sintoma. Para Freud este seria o primeiro passo para a concepção da técnica da associação livre e Esse foi, para Freud, o primeiro passo em direção à técnica da associação livre e para a formação da noção de resistência.
O analista convenceu-se que Elisabeth estava apaixonada pelo cunhado quando, na primavera de 1893, uma dor aguda e repentina acometeu a jovem no momento em que o homem chegou ao consultório para busca-la. A paciente afastava da consciência os desejos de morte que tinha pela irmã que morrera em decorrência de doença cardíaca, deixando o cunhado livre para ser desposado. Apesar da paciente não ter confirmado a teoria, Freud persistiu na ideia e procurou confirmação da mãe dela, que relata já ter essa desconfiança.
É importante destacar que, no caso de Elisabeth, Freud menciona a dificuldade por parte da paciente em relatar tudo que vinha à mente por julgar pouco importante ou muito incômodo. É nesse momento que ele passa a assumir a atitude de não aceitar mais a falta de conteúdos, estimulando-a a contar tudo.
Podemos perceber que no caso Elisabeth, Freud parece menos dependente da hipnose, apesar de sua utilização ainda ser bastante frequente. Essa técnica passou a ser um recurso do qual era possível se valer quando o relato do paciente em vigília encontrava algum ponto de resistência que impedia o avanço da fala e o esclarecimento do sintoma.
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