O Caso Von Gierke
Por: Lucianna Arruda • 27/5/2020 • Trabalho acadêmico • 1.013 Palavras (5 Páginas) • 260 Visualizações
Caso 1 – Doença de Von Gierke
Um menino de 6 anos foi examinado por seu médico de família por causa de episódios de cansaço, náuseas e tontura que apareciam quando ele pulava uma refeição. Ele tinha hepatomegalia acentuada no exame físico. Os exames laboratoriais indicaram acidose lática, hiperlipidemia e hipoglicemia.
1) Explique o metabolismo bioquímico dessa doença.
A doença de Von Gierke é caracterizada pela deficiência da enzima glicose 6-fosfatase. Essa doença irá afetar principalmente a última etapa da glicogenólise que ocorre no fígado, sem a enzima citada anteriormente não há como a glicose 6-fosfato ser convertida à glicose livre e liberada na corrente sanguínea. Dessa forma, a glicose fosforilada acumula-se no fígado, por conseguinte poderá resultar na hipoglicemia – uma vez que o fígado não conseguirá manter os níveis de glicemia no indivíduo –, hepatomegalia, acidose lática e ainda afetar rins e intestino.
2) Qual é a causa da fadiga, náusea e tontura?
A hipoglicemia, uma vez que o organismo não consegue manter os níveis normais de glicose circulante. Geralmente, esses são os sintomas mais comuns.
3) Como a acidose lática é produzida?
A glicólise no fígado é estimulada pelo excesso de glicose-6-fosfato nesse órgão. Assim, o piruvato também é produzido em excesso e impede a oxigenação adequada do tecido para que haja o suporte necessário à oxidação aeróbica desse nutriente. Consequentemente, dá-se início à fermentação lática (como alternativa de metabolização anaeróbia) com produção de lactato. Dessa forma, há um acúmulo de lactato e piruvato no sangue, uma vez que em portadores de Von Gierke o Ciclo de Cori não acontece, impedindo que a gliconeogênese ocorra e dando origem à acidose lática.
4) Explique porque ocorre a hipoglicemia e a hepatomegalia.
A glicose-6-fosfato (produto da gliconeogênese e da glicogenólise), para atravessar a membrana citoplasmática, precisa ser convertida em glicose livre. Porém, com a deficiência da glicose-6-fosfatase, esse processo de conversão não ocorre. Em decorrência disso, apenas uma pequena parte da glicose retirada do glicogênio fica disponível para o controle glicêmico; além de que, essa glicose surge da quebra de ligações alfa-1,6, de modo que o fígado se torna incapaz de manter os níveis normais de glicose no sangue, dando origem à hipoglicemia.
Já a hepatomegalia se dá pelo fato de que a síntese de ácidos graxos fica aumentada pela intensificação da via glicolítica. Por esse motivo, uma maior quantidade de gorduras se acumula no fígado, aumentando o volume desse órgão.
Caso 2- Galactosemia
O paciente, um menino, era o primeiro filho de pais saudáveis, sem consanguinidade conhecida. O parto foi normal e o peso ao nascer foi 3,78 Kg. A partir do terceiro dia de vida, a criança desenvolveu um grau crescente de icterícia e ao mesmo tempo tornou-se indolente e difícil de alimentar. Não se demonstrou nenhuma incompatibilidade de grupo sanguíneo. Aos 6 dias de idade, ele tinha bilirrubina sérica de 504 umoles/L, e seu peso era 15% abaixo do peso normal. Ele foi admitido ao hospital ao sétimo dia após o nascimento. O tônus muscular diminuiu e, mais tarde, o paciente entrou em convulsões. Entre o sétimo dia e o nono, transfusões de troca de sangue foram feitas 3 vezes, mas a concentração de bilirrubina sérica continuou, ainda, alta. No nono dia de vida, o menino começou a vomitar e o aumento do fígado foi observado. Um teste positivo de açúcares na urina já havia sido obtido no sexto dia após o nascimento. O teste foi repetido no sétimo dia e este foi positivo, enquanto o teste Clinistix, específico para D-glicose foi negativo. Suspeitou-se, então, de galactosemia hereditária e testes especiais que foram feitos no oitavo dia confirmaram o diagnóstico. A alimentação com leite foi interrompida no nono dia e foi substituída por administração intravenosa de glicose. No décimo dia de vida, uma dieta livre de galactose foi introduzida. Com este tratamento, o paciente melhorou drasticamente. Exames laboratoriais: AST ----acima do normal ALT ----acima do normal Galactose 1-P uridil transferase (eritrócitos) ----- 0 (normal de 2 a 31 unidades/g
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