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O Comportamento Ou Processo De Defesa Psíquica

Por:   •  19/5/2023  •  Artigo  •  2.000 Palavras (8 Páginas)  •  76 Visualizações

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Comportamento ou processo de defesa psíquica, com valor de sintoma, mobilizado pelo sujeito como reação a determinados conteúdos ou desejos inconscientes. A formação reativa expressa, acima de tudo, de maneira manifesta, o componente defensivo do conflito. Enquanto, na formação do compromisso, as duas forças que se separaram colidem novamente, na formação reativa é o processo de defesa que predomina em sua sistemática oposição à emergência de movimentos instintivos reprimidos. Nesse sentido, a formação reativa tem sua origem essencialmente no superego (Chamama, 1995).

As formações reativas podem ser muito localizadas e se manifestar por um comportamento peculiar, ou generalizadas até o ponto de constituírem traços de caráter mais ou menos integrados no conjunto da personalidade. Do ponto de vista clínico, as formações reativas assumem um valor sintomático no que oferecem de rígido, de forçado, de compulsivo, pelos seus fracassos acidentais, pelo fato de levarem, às vezes diretamente, a um resultado oposto ao que é conscientemente visado (summum jus summa injuria) (La Planche, 2000).

 Desde as primeiras descrições da neurose obsessiva, Freud põe em evidência um mecanismo psíquico especial, que se traduz em lutar diretamente contra a representação penosa substituindo-a por um ‘sintoma primário de defesa” ou “contra-sintoma”, que consiste em traços da personalidade — escrúpulo, pudor, falta de confiança em si próprio — que estão em contradição com a atividade sexual infantil a que o sujeito se tinha inicialmente entregado durante um primeiro período chamado de “imoralidade infantil’. Trata-se então de uma defesa bem-sucedida”, na medida em que os elementos que atuam no conflito, tanto a representação sexual como a “recriminação” por ela suscitada, são globalmente excluídos da consciência, em proveito de virtudes morais levadas ao extremo . Depois a psicanálise não cessará de confirmar, no quadro clínico da neurose obsessiva, a importância dessas defesas cuja denominaçào, ‘reativas”, vem sublinhar o fato de se oporem diretamente à realização do desejo, tanto pelo seu significado como do ponto de vista econômico-dinâmico.

A formação reativa constitui um contra-investimento permanente. “O sujeito que elabora formações reativa certos mecanismos de defesa para empregar diante da ameaça de um perigo pulsional; mudou a estrutura da sua personalidade como se esse perigo estivesse sempre presente, para estar pronto em qualquer momento em que surgir.” As formações reativas são especialmente patentes no caráter anal”. O mecanismo da formação reativa não é específico da estrutura obsessiva. Podemos encontrá-lo particularmente na histeria, mas ‘... é preciso acentuar que, diferentemente do que acontece na neurose obsessiva, estas formações reativas não apresentam [então] a generalidade de traços de caráter, antes limitam-se a relações inteiramente eletivas (La planche, 2000).

A formação reativa é um mecanismo de defesa regressivo, de tal forma que comparado à projeção, por exemplo, é um mecanismo de defesa ainda mais regressivo, de modo que os impulsos e pensamentos indesejados não são reconhecidos.  Tendo em vista também que a uma recusa do desejo e um comportamento totalmente oposto deste.

Por exemplo, um histérico que está muito chateado com um amigo por alguma situação, trata este de forma muito gentil, quando sua vontade inconsciente é de agir de forma hostil, seu conflito é contra a sua própria hostilidade. Um sujeito que é em seus relacionamentos frio, diz que não deseja se “apegar” em ninguém, nunca teve relacionamentos estáveis, no entanto ele tem enorme carência, relacionada provavelmente frustrações do passado com seu objeto, a talvez uma falta de afeto, afeto este que ele deseja muito inconscientemente.

Já a projeção é um termo utilizado por Sigmund Freud a partir de 1895, essencialmente para definir o mecanismo da paranóia, porém mais tarde retomado por todas as escolas psicanalíticas para designar um modo de defesa primário, comum à psicose, à neurose e à perversão, pelo qual o sujeito projeta num outro sujeito ou num objeto desejos que provêm dele, mas cuja origem ele desconhece, atribuindo-os a uma alteridade que lhe é externa (La planche, 2000).

Chamama (1995) designa a projeção como, uma operação pelo qual um sujeito se coloca no mundo exterior, mas sem identificá-los como tais, pensamentos, afetos, concepções, desejos, acreditando em sua existência externa, objetiva, como um aspecto do mundo.

Em um sentido mais estrito, a projeção constitui uma operação pelo qual um sujeito expulsa e localiza em outra pessoa uma unidade que ele não pode aceitar em si mesmo. A projeção, ao contrário da introjeção é uma operação essencialmente imaginária (Chamama, 1995).

Bergeret (2006) destaca que é preciso distinguir na projeção não uma forma de retorno do recalcado, mas um retorno do que, após o recalcamento normal, deveria ter sido recalcado, mas não o pôde ser. A projeção é uma maneira de tratar esse não-recalcado, que, tornando-se incômodo, deve ser eliminado por procedimentos menos eficazes que o recalcamento, mas também menos custosos em contra-investimento. 

Deste modo, a projeção, é um mecanismo de defesa regressivo, mas se comparado a outros como a foraclusão ou formação reativa, é menos regressivo, tendo em vista que desejo por exemplo é identificável, todavia em outro, havendo uma pequena distorção da realidade, pois este desejo não é reconhecido como seu. Mas se comparado com a sublimação, que é um MD mais elaborado, ele é mais regressivo.  Pode–se citar como exemplo, alguém que é intolerante com relação à crenças, entretanto diz que outra pessoa de outra religião que é intolerante, ou alguém cuja acusa um outro alguém de racista, quanto na verdade ele que tem comportamentos racistas.

Segundo Roudinesco (2015) o Deslocamento é um processo psíquico inconsciente, teorizado por Sigmund Freud, sobretudo no contexto da análise do sonho. O deslocamento, por meio de um deslizamento associativo, transforma elementos primordiais de um conteúdo latente em detalhes secundários de um conteúdo manifesto. Freud utiliza o termo deslocamento desde 1894, num artigo dedicado às neuropsicoses de defesa, numa acepção que não mais se alteraria. Trata-se, no fim desse artigo, de “alguma coisa”, um quantum de energia, “que é passível de aumento, diminuição, deslocamento e descarga, e que se espalha pelos traços mnêmicos das representações mais ou menos como uma carga elétrica sobre a superfície dos corpos”. Ou seja, do mesmo modo, nos estados narcísicos, o investimento do ego aumenta proporcionalmente ao desinvestimento dos objetos. Fato de a importância, o interesse, a intensidade de uma representação ser suscetível se destacar dela para passar a outras representações originariamente pouco intensas, ligadas à primeira por uma cadeia associativa. Esse fenãmeno, particularmente visível na análise do sonho. encontra-se na formação dos sintomas psiconeuróticos e, de um modo geral, em todas as formações do inconsciente.  (La Planche, 2000).

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