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O Inconsciente é Dizível?

Por:   •  17/9/2015  •  Artigo  •  6.858 Palavras (28 Páginas)  •  257 Visualizações

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O inconsciente verbalizado

The unconscious verbalized

Erick Menestrini-8208972828;Gisele Machado De Barros-8403205456;Letícia Alves Dutra-8094911575;Luana Corrêa Vanghon-840913857;Uiara Rangel-8095823206;Vinicius Santos-8409140106

RESUMO

O artigo trata das diversas formas utilizadas pelo inconsciente de se comunicar com o indivíduo. Mostrando que ele não se comunica somente pelo ato fonético, mas também por gestos, expressões, acenos e demais linguagens corporais. No artigo é exposto também a relevância da teoria de Freud sobre a associação livre, ou seja, fazer com que o paciente se sinta mais a vontade para deixar fluir suas lembrança reprimidas no inconsciente, desse modo, o paciente conseguirá completar as lacunas do seu consciente, entendendo melhor seus pensamentos e obtendo uma vida mais saudável.

Palavras-chave: Linguagem, Verbalização, Inconsciente, Psicanálise, Terapia, Paciente, Analista.

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ABSTRACT

The article deals with the various forms used by the unconscious to communicate with the individual. Showing that he does not communicate only by phonetic act, but also gestures, expressions, nods and other body language. Article is also stated the importance of Freud's theory of free association, that is, to make the patient feel more at ease to let go their memory repressed in the unconscious, thereby , the patient will be able to complete the gaps in your conscious, better understanding their thoughts and getting a healthier life .

Keywords: Language, Verbalization, Unconscious, Psychoanalysis, Therapy, Patient, Analyst.

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1 – O imperativo de verbalizar tudo

Desde o início a clínica psicanalítica definiu-se pela relação especial com a linguagem. Em cima disso, Breuer usava o método que Anna O. chamava de “talking cure” ou “cura pela fala”. Mas certa vez, Breuer escutou uma coisa tão enigmática que seduzia e aterrorizava ao mesmo tempo, que resolveu até tampar os ouvidos para ela. Então, Freud percebeu que nessa corrente verbal da paciente de Breuer, havia um novo sintoma a ser interpretado para fazer algum sentido clínico. 

Desde então, não somente as patologias psíquicas mas também a estrutura de ser humano, a sua vida sexual, o seu desenvolvimento cultural em geral, isto é, os temas centrais da psicanalise tradicional, passam a ser tratadas em função da sua relação com a fala. Assim, a fala permaneceu no centro da teorização e da pratica clínica do tipo psicanalítico. Com isso, ficou em evidencia um modo sádico de verbalizar, tendo seus primeiros registros em confessionários católicos. Foi então, que os libertinos franceses do século das luzes começaram a expor isso publicamente, mas foi o Marquês de Sade que levou isso ao extremo e começou a verbalizar o abominável. E ele conseguiu ter alguns discípulos que buscavam irritações mais fortes, buscando violentas, nos outros e em si mesmos, cometendo meticulosamente crimes contra a humanidade. 

Para essas pessoas, que ficaram conhecidas como Sadeanos, o crime perfeito seria aquele que destruiria as próprias leis da natureza. Mas eles viriam que só conseguiriam cometer esses crimes através de palavras. Juliette, a mais radical dos radicais, no fim de sua vida, depois de ter declarado: “A filosofia deve dizer tudo”, silenciou a si mesma para se recolher num segredo que calou até mesmo o divino Marquês, mas esse silêncio de Juliette também foi respondido com silêncio. De um modo que as reações e seus dizeres inauditos foram parecidos as de Breuer diante de Anna O., sendo medo e rechaço, ou seja, não obtendo nenhuma resposta interpretativa. Para Freud, esse “sadismo”, é um modo excessivo de existir e de dizer, passou a valer, sem nenhuma obra sadeana, como a principal e a maior entre as perversidades.

2. Regulamentação iluminista da verbalização

A partir do momento em que se reconhecia a palavra como poder de revelar verdades essenciais e por isso o homem ocidental a descobrir os abismos da verbalização destrutiva, para a qual dizer a verdade estava acima do interesse pelo bem estar, que se trata de uma reação terapêutica negativa do tamanho da cultura ocidental. Dessa vez, o que aterrorizava não era o verbo tentador, mas sim, a verdade acima de tudo. E a profunda desconfiança para com a palavra estigmatizou o incorreto e excluiu o pré-verbal e o não-verbal, e o silêncio virou resistência, motivo de suspeita.

Com isso, a ortopedia verbal da fala tornou-se uma prática corrente, já com Leibniz que concebeu uma língua universal, na qual tudo que existia poderia ser formulado e assim, objetivado. A esperança depositada nessa “característica universal” era a de que todos os problemas nela formulados poderiam ser resolvidos pelo cálculo. E pela primeira vez dizer a 

verdade passou a fornecer informações verbais para a computação de novas informações sobre o mundo. Kant aprofundou o projeto leibniziano, submetendo a linguagem da metafísica, da moral e da estética, ou seja, toda e qualquer linguagem com pretensão cognitiva, normativa ou refletiva, a condições especificadas na sua semântica transcendental. Esse projeto estipulava as regras teóricas e os métodos efetivos para evitar que as palavras permanecessem vazias de conteúdo, assim, somente as palavras recheadas de dados da sensibilidade (palavras interpretadas em domínios constituídos por esses dados) podiam ser usadas para falar com pretensões veritativas, normativas ou valorativas sobre o que quer que seja ou deva ser. E apenas as palavras cheias podiam acomodar coisas inteiras, idênticas a si mesmas, a veicular sentidos (conceitos, enunciados, regras valorizações) completos.

No nosso século, foi Carnap quem mais se empenhou em realizar o sonho leibniziano e iluminista de uma linguagem unitária da ciência, na qual todas as coisa poderiam ser caracterizadas, significadas e todos os problemas, bem formulados, poderiam ser mecanicamente respondidos por sim ou não. Ao mesmo tempo, Wittgenstein criava a própria filosofia como prática terapêutica destinada a prevenir doenças intelectuais, ou seja, o surgimento de problemas insolúveis mal formulados, e isso se trata mais de uma clínica verbal, dessa vez de males filosóficos que procedia à correção do dizer pelo estudo do uso da linguagem comum nas situações comuns da vida social. Após a liberação do dizer, ainda permanecerem três cânones que proibiam: a lógica, a moral e a estética de todos os fundamentos em regras de linguagem. Nos dias de hoje, os três cânones da racionalização saíram do domino fechado do debate filosófico desceram do pedestal filosófico-teológico e transformaram-se em ditadura do falar correto, no sentido tecnológico e prático. E essa ditadura do falar correto é vista em alguns grupos, tais como: advogados, médicos, jornalistas, moralistas midiáticos, investigadores policias, entre outros, que recorrem de maneira cada vez mais sistemática. Desse modo, a fala humana torna-se, assim como o sexo, a violência ou a moda, matérias prima da tecnologia da informação.

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