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PARTE II O DESABROCHAR DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA

Por:   •  2/7/2019  •  Trabalho acadêmico  •  22.840 Palavras (92 Páginas)  •  495 Visualizações

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PARTE II O DESABROCHAR DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA  

7. Os pioneiros e o pai da psicologia científica

 Dois nomes se ligam à data do   nascimento da p psicologia e disputam   a sua paternidade.  São eles:  Feche e Und.  O nome de   Feche está relacionado com a publicação de sua obra “Elementos de Psicó física" publicada em 1860.  O de WUnd está ligado à publica cão de seu livro Elementos de   Psicologia Fisiológica, em 1 864, e à   criação do   primeiro laboratório psicológico, em Leipzig, Além anhá, e m 1879.  Considerando qualquer um a dessas datas, o certo   é que foi, na se funda  metade  do  século XIX  e  na   Alemanha,  que  veio  à  luz  e ssa  nova  ciê ncia.  Isso não quer dizer que outros países não participaram do acontecimento.  Já foi visto que, tanto na França como na Inglaterra, essa   ciência estava bem representada e, sem dúvida, esses países colaboraram muito na efetivação desse fato. Os Estados Unidos, na época, davam os primeiros passos na conquista desses conhecimentos, com William James em Harvard. Gustav Theodor Feche r (1801 -1887), Alemão. Como foi dito acima, sua obra E elementos d e Psicofísica foi um m arco na   história da psicologia.  O ponto central de suas preocupações e d e sua obra era e encontrar a   relação e existente entre mente x corpo, físico x psi quico.  Adapta a ideia do paralelismo, considerando mente x corpo como sendo duas faces da mesma moeda. Feche demonstra que existe uma ligação   entre esses dois mundos e é uma relação matemática, quantitativa.  Para chegar a essa conclui são, fe z diversas experiências, testando os processo s psico lógicos com os métodos das ciências exatas.  Achava que   as sensações só poderiam ser te estadas através dos estímulos.  Ao modificar um estímulo, aumentando-o ou diminuindo-o, este iria modificar, mais ou menos, as sensações (relação matemát ica).  Aí estaria a chave d as relações e da unidade pente x corpo.  Dessas experiências, nasceram o s métodos psicofísicos, e experimentais e quantitativos que constituíram a sua maior e mais importante conta ribeirão para a hist. oriá do desenvolvimento da nova ciência.  Foi uma contribuição metodológica.  Esta dis métodos constituem, ainda hoje, os melhores instrumentos de pesquissa psicológica e, por isso, pode ser considerado o precursor da psicometria. Fechner era físico, filósofo emístico. Lutou contra o materialismo e era a favor do espiritualismo. Tinha a preocupação com Deus e a alma. Wilhelm Wundt (1832-1920).  A vida de Wundte a história da psicologia foram marcadas pela publicação  do  livro  Elementos  de  Psicologia  Fisiológica  e pela  f undação,  em  Leipzig,  do  laboratório  para  pe squisas  p sicológicas.  A afirmação da psicologia, com a ciência  autônoma  e  experimental,  liga-se  a  esses dois fatos e dão a Wundt a sua paternidade. Com a pub licação do livro Elemento s de Psicologia Fisiológica, em 1864, Wundt  reúne,  num  tronco,  as  raízes  ou  tendências  científicas  e  f ilosóficas  da psicologia  que  h aviam  surgido  at é  entã o.  Ficando  de   fora  algumas  tendências isoladas,  que  foram  analisadas  n o  capítulo  anterior.  W undt  não  só  reú ne,  mas classifica  e   agrupa  os  elemento s  da  vida  menta l,  determina  o  seu  obje to  e objetivo,  enuncia  os  seus  princípios  e  o s  seus  problemas,  estabelece  os métodos de e studo, enfim, estrutura  e normatiza a psicologia. Com  isso, dá-lhe, também, uma no va definição. A psicologia deixa de se r o estudo da vida mental e  da  alma  e  passa  a  ser  o  estudo  d a  consciência  ou  dos  fatos  conscientes. Assim  estruturada   e  sistem atizada,  a  psicologia  passa   a  ser  uma  ciência autõnoma, não mais um  apêndice da filosofia ou da fisiologia.  A  fundação  do  labo ratório  para  pesquisas  psicológicas,  em  18 79,  veio  complementar  e  te star  tu do  aquilo  que  já  havia  sido  d ito  n o  seu  livro.  O  grande desafio  e  principal  objetivo  era  o  de  es tudar  os  p rocessos  mentais  at ravés  dos métodos e xperimentais e  quantitativos que  eram  pertinentes às  outras ciênc ias, mostrando,  n essa  sua  prefe rência,  a  influência  da  raiz  ou   f onte  científica.  Os métodos  constituíam  o   fu ndamento  do  seu  t rabalho.  Utilizou  a  obse rvação,  a experimentação  e  a  quantificação  sem,  no  en tanto,  desprezar  a  introspecção. Limitava  a  experimentação   ao  estudo  do s  conteúdos  experimentais  b ásicos, tais  como  a  sensação  e  a  associação.  Como  a  experimenta ção  inclui  a introspecção,  ou  seja,  a spectos  subjetivos,  não  poderia  se r  utilizada  para  os estudos  dos  proce ssos  men tais  mais  elevados  como  o  pensamento,  criações artísticas,  personalidade,  et c.  Achava  que   esses  só  poderiam  ser  estudados através  do s  produtos  sociais  e  cu lturais,  tais  como  a  lingua gem,  a  arte ,  os costumes,  as  leis,  para  o  que   se  u tilizaria  o  mé todo  histórico  e  o  da observação.  Com  isso,  se  poderia  descobrir  a  natureza  do s  processos  menta is que geraram aqueles produ tos. Era  um  e lementista.  Analisava  o s  compostos  e  complexos  conscientes  a partir  do s  elementos  ou  unidades:  sensa ção  e  sent imentos.  Era,  também,  um associacionista.  No   entanto,  o  resultado  das  associa ções  não  se  restringia  à soma  d as  características  d os  elementos.  Para  W undt,  a  mente  executa  uma síntese  criadora  que  John  Stuart  Mill  denominou  de  química  mental.  Essa química  mental  se  processa  através  d a  associação  que  se  realiza  de   três formas.  Pela  f usão,  onde  os  e lementos  combinados  aparecem  sempre  jun tos, como  é  o  caso  de  uma  nota  m usical  dentro  d e  uma  m úsica.  Pela  assimilação, que  é,  também,  uma  combinação  de  elementos  em  que  nem  todos  estão presentes  no  consciente.  Quando  se  vê  uma   ca sa,  p or  e xemplo,  p odem  n ão estar  presentes,  na  consciência,  as  figuras  que  compõem  aquela  casa (triângulo,  retângulo,  quadrado).  Como  na  f usão,  essa  combinação  gera  um produto  novo  que  não  é  o  resu ltado  da   simples  so ma  d os  elementos.  A  casa não  é   a  soma  das  f iguras,  ela  é   um  eleme nto  novo.  A  te rceira  forma  é  a chamada  co mplicação,  e m  que   se  reúnem  eleme ntos  de  diferentes modalidades  e  sentidos:  a  noção  de  sabo r  inclui  a  de  gosto,  cheiro  e temperatura. O  m aterialismo  científico  também  est eve  present e  n o  sistema wunditiano,  ao  buscar  a  relação  entre  o s  fenô menos  p síquicos  e  f isiológicos, entre  a  mente  x  corpo.  A  solução,  no  seu  en tender,  encontrava-se  no paralelismo  psicofísico.  Isto  é,  uma  mesma  causa  ou  lei  causal  opera  tanto  na esfera  dos f enômenos  psíquicos,  como  n a  dos  f ísicos.  Os  processos  mentais  e os  processos  corporais  e  fisiológicos  d ecorrem,  paralelamente,  sem interferência mútua. Wundt  também  sintetizou,  na  sua  ob ra,  a  visão  dos  empiristas  críticos. Foi  um   empirista,   em  op osição  ao   nativismo.  Acred itava  que  a  vida  m ental  e ra fruto  d a  experiência  e  n ão  de  idéias  inatas.  A creditava,  ainda ,  que  o s fenômenos  mentais  do  presente  se  baseiam  em  experiências  passadas, antecipando,  d e  certa  f orma,  o   construtivismo  piagetiano.  Completando  a corrente  do  empirismo  crítico,  W undt  utilizou,  no  seu  laborat ório,  os  métodos experimentais preconizados por e sse grupo. O  labora tório  de  W undt  fo i  palco  de  diversas  experiências.  Dessa s,  as inerentes  ao  interesse  p elo  conhecimento  e ,  p ortanto  pe lo  estudo  das sensações  (unidades  de  co nsciência)  e  da  percepção  dominaram  o  cenário. Procedeu-se,  ne le,  à  medida  e  classificação  da s  sensações  no  seu  aspecto visual,  tátil,  olf ativo  e  cinest ésico.  Med iu-se,  igualmente,  a  sua  inten sidade, duração  e  extensão.  Pesquisaram -se  os  sentimentos,  a  vontade  e  a  emoção, registrando-se  as  variações  físicas  como,   por  exemplo,  alteração  da respiração,  da  pu lsação,  etc.  Também   fo ram  analisadas  as  variações  físicas resultantes  da  ap licação  de  estímulos  do  domínio  do  a gradável-desagradável, do tenso-distend ido, do excitado e do dep rimido. A atenção foi ou tro ponto, alvo de  inte resse.  Sua  importân cia  está  ligada  à  distinção  que  fez  entre  f oco  e campo da  consciência. A consc iência é co mposta de duas  partes: o fo co - onde os  objetos  são  percebidos  com  clareza  e  distin ção,  e  o  campo  -  que  forma  a periferia  do  f oco,  não  rece be  tanta  luz,  portanto,  os  o bjetos,  na  penu mbra,  são percebidos  com  menos  inten sidade,  de  f orma  difusa.  A  atenção  traz  os  fato s para  o  foco   da  consciência.  O  que  não  se  encontra  no  foco   e stá  no  campo. Quanto  maior  a  atenção,  ma is  clara  é  a   percepção  dos  fenômenos  que  estão na  área  enfocada.  Essa  visão  de   W undt  relaciona-se  com  o  estudo  de  f igura-fundo  feito  posteriormente  pelos  gestaltistas  e  precede  a  descoberta   d o inconsciente  por  Fre ud.  Pode  dizer-se  que  o  que  se  chamaria  de  f aculdades mentais ou processos me ntais foi analisado no seu laboratório. Os  estudos  feito s  por  W undt  fo ram  f érteis  e  abund antes.  O  seu  livro Elementos  de  Psicologia  Fisiológica ,  que  c ontém  o  seu  sistema,  passo u  por diversas revisões  (seis). O m esmo foi f eito com as  suas ou tras obras. À m edida que  a  ciência  se  desenvolvia  e  que   o  laboratório  se  t ornava  m ais  p rodutivo, essas  revisões  e  atualizações  f aziam-se  necessárias.  Como  diz  H eidbreder,  a grande  realização  de  W undt  f oi  estabelecer  a s  relaçõ es  reais  en tre  muita s coisas que, de fato, já existiam a ntes, porém, não haviam sido sistematizadas.                                                                      

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