RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “TERAPIA DE FAMÍLIA”, DE HELOISA SZYMANSKI RIBEIRO GOMES
Por: reneliogois • 30/4/2018 • Resenha • 1.164 Palavras (5 Páginas) • 1.294 Visualizações
Faculdade UnYLeYa
TERAPIA FAMILIAR
RENELIO DE JESUS GOIS
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “TERAPIA DE FAMÍLIA”, DE HELOISA SZYMANSKI RIBEIRO GOMES
Porto Seguro
2017
A família, é uma instituição cuidadora de seus membros, e responsável pela transmissão de valores éticos e morais e de indiscutível relevância como instituição capaz de contribuir para a prevenção frente a inúmeros problemas no âmbito da saúde mental. Devemos enxergar a família, como o ponto de partida, e olhar para esse agrupamento humano como um núcleo em torno do qual as pessoas se unem, primordialmente, por razões afetivas, dentro de um projeto de vida em comum, em que compartilham o cotidiano e, no decorrer das trocas, transmitem tradições, planejam seu futuro, acolhem-se.
A família é considerada estratégica para a “sobrevivência” dos indivíduos e para a proteção e socialização de seus membros, assim como a transmissão dos valores sociais e culturais. A família provém funções básicas, tais como: cuidados físicos e psicológicos, sendo também exemplo para condutas e comportamentos. MALTA et al, 2011.
Aprendemos a construir a nossa subjetividade e individualidade nessa valiosa interação familiar, é nela que também nos constituímos como seres pertencentes a algo. Desde que nascemos recebemos dos nossos cuidadores todo o aparato necessário para a nossa sobrevivência, que vai desde o suporte para suprir nossa necessidade fisiológica (comida, água, agasalho), até as necessidades psicológicas e emocionais (carinho, cuidado, segurança, sentimento de pertencimento). Nesse ponto chegamos a uma conclusão óbvia, existe uma relação de dependência e interação entre os membros constituintes de uma família.
A razão de se incluir toda a família no tratamento de problemas de ajustamento baseia-se no fato de que o que ocorre num indivíduo que vive numa família não decorre apenas de condições internas a ele, mas também de um intenso intercâmbio com o contexto mais amplo no qual está inserido. Ele não só recebe o impacto desse ambiente como atua sobre ele, influenciando-o. Nesse enfoque, o terreno da patologia, como diz Minuchin(1982), é a família. (GOMES, 1986)
Portanto, devemos sempre considerar a família em seu aspecto mais amplo, mais abrangente, levando em conta as variáveis que a cercam. Esse novo modo de pensar é legitimado pelo próprio comportamento das famílias, quando estas evidenciam serem modeladas, modificadas e adaptadas por eventos externos. A família interage tanto de dentro para fora (para o ambiente) como de fora para dentro.
Um aspecto importante a ser considerado é o que se refere ao risco que constitui a atitude negativa da família com relação aos seus componentes, que podem causar distúrbios a longo prazo, a ausência de investimento nos vínculos que unem pais e filhos; as práticas disciplinares inconsistentes ou coercitivas; as práticas excessiva de permissividade, dificuldades de estabelecer limites aos comportamentos infantis e juvenis e tendência à superproteção; educação autoritária associada a pouco zelo e pouca afetividade nas relações; monitoramento parental deficiente; aprovação do uso de drogas pelos pais; expectativas incertas com relação à idade apropriada do comportamento infantil; conflitos familiares sem desfecho de negociação; ser filho de pais autoritários; indulgente e negligentes, são situações que trazem para o seio familiar inúmeros conflitos.
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Num grupo familiar disfuncional os modos de interação entre seus membros vão-se cristalizando, quer na forma de distanciamento, ou de excessiva interferência na vida uns dos outros, formando alianças entre alguns membros, deixando outros periféricos, ou transformando outros em bodes expiatórios (geralmente a criança). (GOMES, 1986)
A autora traz para o foco, a questão da tendência à estabilidade dos sistemas. Mesmo em um sistema familiar disfuncional, a cristalização ou a criação dos “costumes” dão a falsa impressão de que as coisas estão ocorrendo de forma correta, mas apenas estão ocorrendo dentro dos padrões de normalidade aceitável por aquela família disfuncional.
Por muitas vezes pode-se observar que para membros de famílias diferentes, um comportamento aceitável em um sistema familiar pode ser facilmente repudiado em outro. A autora também comenta que os sintomas da disfunção do modo de interação dos membros do grupo familiar só são observados quando estes se refletem de forma negativa junto a outros grupos mais abrangentes na sociedade, como as notas baixas tiradas nas avaliações colegiais, ou quando se externaliza em comportamento agressivo contra si mesmo, contra o outro ou contra o patrimônio alheio. Mas são esses mesmos sintomas que denunciam que há um problema que precisa ser resolvido.
Se faz necessário reestruturar as famílias para que tenhamos cidadãos estruturados, saudáveis. Desde há muito se vêm falando sobre a família como a “base”, mas o que podemos perceber é que essa base tem perdido chão diante das conjecturas atuais.
Do ponto de vista dinâmico, há, em muitos casos, dificuldade em assumir a função de pais, com suas responsabilidades e limites, bem como dificuldade em estabelecer objetivos familiares e organizar-se para atingi-los. (WEITZMAN, 1985 apud GOMES, 1986).
O estilo de vida moderna, corrido e voltado para a interação global, e o alto apelo para o consumismo, tem forçado os pais a estarem mais preocupados com as suas competências profissionais e com aquilo que podem saciar esse desejo de consumo, deixando de lado as sutis percepções necessárias para entender as demandas emocionais dos membros familiares. Porém, quando um desses componentes familiares é acometido por algum problema, envolve toda a família no mesmo processo, “assim o sintoma de um membro da família [...] envolvem outros membros da família”.
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