Resenha Mudanças Climáticas Através da Visão de Greta
Por: Natália Witezorek • 30/8/2020 • Resenha • 591 Palavras (3 Páginas) • 169 Visualizações
Num texto tocante e profundo, Eliane Brum, escritora, repórter e documentarista, consegue retratar com fidedignidade a visão realista e quase perturbadora de Greta Thunberg, ativista ambiental sueca, de 17 anos de idade. Brum, ao escrever “O grito de uma geração” publicado no jornal EL PAÍS, em setembro de 2019, traz à tona a importância de nos atentarmos às grandes mudanças climáticas e, principalmente, à urgência de atitudes assertivas frente aos desastres ambientais que nos acometem diariamente em todo o mundo.
O texto nos fala da trajetória da adolescente que está influenciando milhares de outras adolescentes ao redor do mundo. Foi com apenas 15 anos, deixando de lado suas aulas, que deu início a uma jornada de lutas pelo que chama de sua segunda casa, o planeta, e argumenta: “Estou fazendo isso porque vocês, adultos, estão cagando para o meu futuro”. De que adianta ir à escola se não vai ter amanhã? Ela demonstrava uma inteligência lúcida ao fazer esse questionamento ao parlamento sueco, em agosto de 2018.
A autora explana alguns dos mais importantes movimentos que Greta já realizou e segue realizando, como o Fridays for Future, uma greve escolar pelo clima, que leva toda semana milhares de estudantes às ruas no mundo todo. Neste momento podemos dizer que há várias “Gretas” ao redor do mundo. Também fala do quanto seria urgente, na visão de Thunberg, que tenhamos um olhar atento às mudanças climáticas, mas antes disso, à nossos hábitos de consumo, ao que estamos dando mais importância neste momento, bem como o imediatismo em que vivemos. Passando por questões políticas de interesses financeiros, as pessoas não estão atentas à verdadeira intenção dos governantes e a mídia aliada à indústria, nos faz acreditar cada vez mais que precisamos de coisas que de fato não precisamos.
Brum trata do assunto todo com a confiança de quem sabe o que está escrevendo, onde a partir da fala de Greta sobre os adultos infantilizados que somos, traz a reflexão de se compreender quais serão os efeitos do que chama de inversão radical do adulto/criança: “A geração imediatamente anterior a de Greta é justamente a geração mais consumista e mimada dos países ricos ou da parcela rica dos países pobres. Aqueles que hoje estão na faixa dos 30 e poucos anos, 40 anos são aqueles criados no imperativo do consumo e da satisfação imediata, muitos se recusam a se tornar adultos porque isso significa aceitar limites. Formados na lógica capitalista de que liberdade é poder tudo”.
A “geração Greta” como chama, anda de bicicleta, condena a indústria de combustíveis e o consumo de carne, bem como a indústria da moda e infelizmente é muito criticada pela radicalidade de seus pensamentos, o que a autora parece defender com a sabedoria de quem também entendeu o recado da adolescente.
Este texto me pareceu riquíssimo, como uma síntese de algo maior que é a coragem de uma menina que poderia estar vivendo sua vida adolescente em algum lugar do mundo, mas decidiu expor suas ideias num grau elevado de urgência na mudança climática. Eliane Brum soube trazer a força e determinismo de Greta de maneira clara e em poucas mas ricas páginas. Para aqueles que querem entender um pouco mais sobre a importância de se rever conceitos de sustentabilidade, de forma mais geral, ou apenas reforçar convicções, e também para aqueles que não estão muito por dentro deste assunto tão necessário, recomendo a leitura deste texto, na expectativa de que seja uma porta de entrada para outros tão interessantes quanto este, na temática do clima em nosso planeta.
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