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Resenha das 15 primeiras páginas do livro O Pequeno Hans

Por:   •  17/5/2018  •  Resenha  •  1.861 Palavras (8 Páginas)  •  483 Visualizações

Página 1 de 8

Duas histórias clínicas

(O “Pequeno Hans” e o “Homem dos ratos”)

VOLUME X (1909)

Sigmund Freud

INTRODUÇÃO

O livro se propõe a descrever a doença e o reestabelecimento de um paciente de cinco anos chamado Hans. E este relato só foi possível por conta de seu pai ser o principal agente dessa história, um médico, que tratou a doença de Hans, e que possuía grande carinho afetivo por seu filho, e enorme interesse científico. Sem este não seria possível a aplicação da psicanálise em uma criança de 5 anos. 

Freud possuía um desejo de poder estudar a sexualidade na infância mais de perto, ou seja, de fato com uma criança, não apenas em adultos já formados sexual e psicologicamente. Dessa forma, sempre encorajou seus alunos e colegas a observarem a vida sexual das crianças e enviarem relatos daquelas observações, e o caso do pequeno Hans, à medida em que os relatos chegavam até Freud, a partir de seus pais, foram lhe chamando a atenção. 

Os primeiros relatos aconteceram quando a criança estava para completar 3 anos de idade. Por meio de perguntas e observações, seus pais puderam perceber que ele mostrava um interesse frequente pela parte de seu corpo que chamava de "pipi", ou seja, seu pênis. Este interesse não era somente teórico, e isso pode ser observado quando, aos 3 anos e meio sua mãe o vê tocar em seu membro com a mão, e, instantaneamente, o ameaça com palavras como "cortar seu pipi", causando o que para Freud é chamado "complexo de castração", cuja presença era bastante notada em seus pacientes neuróticos. 

Freud explica a importância dos animais nessa descoberta sexual por mostrarem abertamente suas partes íntimas e funções sexuais em contos, desenhos e mitos. 

Com três anos e nove meses o pequeno Hans tomou consciência de que objetos animados possuíam diferencias, no âmbito sexual, dos objetos animados, ao perceber que, um cachorro tem um "pipi" mas uma mesa não. 

De acordo com os relatos, o grande marco na vida de Hans foi o nascimento de sua irmãzinha Hanna, quando estava com 3 anos e meio. Suas dúvidas continuaram. Hans entrou no quarto de sua mãe logo após o parto, e ao ver uma bacia é uma comadre com água e sangue, ficou se questionando porque não saia sangue de seu "pipi". 

Hans apresentava bastante ciúme da recém-nascida, quando a elogiavam ele logo dizia que ela não possuía dentes. E em seus primeiros dias, Hans adoeceu subitamente com uma forte dor de garganta e febre. Alguns meses depois já havia superado o seu ciúme da pequena Hanna, e apresentou uma nova observação de cunho sexual, porém, desta vez, acerca de sua irmãzinha tomando banho. Hans observou e verbalizou que o "pipi" de Hanna Ainda era bem pequenininho, e que quando ela crescesse, ficaria maior. 

Com 3 anos e 9 meses Hans fez um relato de um sonho com uma antiga vizinha sua de 13 com quem costuma brincar antes de mudar se mudar de Gmunden, e enfatizou bem o fato de estar "bem a sós" com a menina no sonho. De acordo com os pais do menino, ele aparentava durante os primeiros dias ter se adaptado muito bem a mudança, porém, um pouco mais tarde começou a elaborar reminiscências em forma de fantasias sobre o tempo em que passará em Gmunden, imagina que está brincando com as crianças, conversa como se estas estivessem presentes, por horas. Passou a chamar essas duas crianças com quem "brinca" de filhas após o nascimento de sua irmã.

O interesse do pequeno Hans por "pipi" o levou a criar um jogo próprio. Hans entrava em um armário de madeira dizendo que ia para o seu banheiro, e certa vez mostrou seu membro para seu pai, que resolveu espiar o que Hans fazia dentro do armário, e disse que estava "fazendo pipi". 

Além de falar sobre sua sexualidade, Freud se atenta também a não deixar de lado suas relações amorosas com outras crianças, onde, em Hans, notava um grau de inconstância e uma disposição à poligamia.

Em um novo relato, ainda com 3 anos e 9 meses de idade, o pai de Hans conta que em um passeio, apresentou duas filhas de um amigo que tinham cerca de 10 anos de idade. Hans sentou ao lado das meninas, e não parava de admirá-las, enquanto as meninas, mais maduras, o olhavam com um tom de desprezo. A partir desse dia, Hans sempre se referia a elas como "minhas meninas", perguntando sobre as meninas e sobre quando seria o próximo encontro com elas.

É notado o primeiro traço de homossexualidade em Hans ao completar 4 anos, quando recebe a visita de um primo de 5 anos, e ao abraçá-lo com ternura, Hans diz: "eu gosto tanto de você".

Aos 4 anos de idade Hans se mudou para um apartamento, e segundo relatos de seu pai, conseguia ver o apartamento do lado, e, dessa forma, descobriu uma menina de 7 anos da qual não tirava o olho, ficava admirando a menina por horas, e quando esta não aparecia, ficava bastante inquieto e fazendo perguntas sobre a menina para os empregados. 

Hans não possuía crianças como companhias durante este período, e só foi conseguir isso com 4 anos e meio, quando foi passar suas férias em Gmunden. Hans brincava com as filhas do senhorio e do vizinho. Seu favorito era Fritzl de 8 anos, ao qual abraçava muito e fazia declarações de seu amor. Hans tratava as meninas de forma muito agressiva, masculina e arrogante, abraçando e beijando-as com sinceridade. 

Hans muitas vezes se comportava como um adulto apaixonado, neste relato podemos ver bem isso acontecendo. Uma menina de 8 anos estava frequentando o mesmo restaurante que Hans saia com seus pais para comer, Hans logo se apaixonou pela menina, de modo que não parava de admirá-la. Porém, quando percebia que estava sendo correspondido, desviava o olhar com vergonha. Neste caso, ao invés de tratar a menina com agressividade, ele surge no papel de um admirador platônico, talvez seja pelo fato das meninas serem crianças da aldeia e esta ser uma jovem dama com refinamento. 

Com 4 anos e 3 meses Hans teve um sonho, que, ao ser traduzido por seu pai e ligado à um jogo de cobrar prendas que Hans jogava com duas meninas da aldeia, basicamente foi: "eu estava brincando de cobrar prendas com as meninas. Perguntei: 'quem é que quer vir comigo.' Ela (Berta ou Olga) respondeu: 'eu quero.' Então ela tem que me obrigar a fazer pipi." Isto é, a menina deveria ajudar Hans a urinar, o que para ele era bastante agradável. Na maioria das vezes quem desabotoa e expõe seu pênis para ajudá-lo a urinar é seu pai, dando a criança uma oportunidade para a fixação de inclinações homossexuais na figura paterna. Através deste sonho é de alguns outros relatos, o pai de Hans pode perceber que ele não se sentia mais a vontade sendo visto enquanto fazia "pipi".

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