Violência contra a mulher
Por: Fckandie • 28/4/2019 • Artigo • 1.702 Palavras (7 Páginas) • 174 Visualizações
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER
PSYCHOLOGICAL VIOLENCE AGAINST WOMEN
SILVA, Andressa Santos Correia da 1
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo abordar os impactos psicológicos gerados pelas violências praticadas contra as mulheres e expor a correlação entre as mais diversas formas de agressão. O trabalho procura evidenciar como a opressão e a manipulação verbal estão diretamente ligados aos traumas físicos e mentais, além de relatar a subjetificação dos aspectos psicológicos nas relações intrafamiliares, conjugais e domésticas.
Palavras-chave: Violência psicológica; Mulheres; Agressão; Danos emocionais.
ABSTRACT
The present study aims to address the psychological impacts generated by violence against women and to expose the correlation between the most diverse forms of aggression. The paper seeks to show how oppression and verbal manipulation are directly related to physical and mental traumas, as well as to report the subjectification of psychological aspects in intrafamilial, conjugal and domestic relations.
Keywords: Psychological violence, Women, Aggression, Emotional harm.
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1Graduanda do Curso de Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades da Universidade Federal da Bahia-UFBA, andressacorreia9490@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem a intenção de expor e exemplificar a maneira como as violências sofridas pela mulher se relacionam entre si e como todas se concentram a partir de uma base: a violência psicológica.
Assédio, agressão física, estupro e quaisquer outras violações corporais acarretam consequências que vão além dos danos físicos. O estudo aborda também como essas violações podem facilmente gerar complicações a curto e longo prazo, especialmente nas estruturas psicológicas da vítima, tornando comum o desenvolvimento de psicopatologias como a depressão, a baixa autoestima, apatia, ansiedade, distúrbios sexuais, distúrbios do sono, pânico, abuso na ingestão de substâncias, fobias e comportamentos antissociais (BERTOLDI et al. 2015).
Por fim, esse artigo traz como objetivo realçar a necessidade de reconhecer a gravidade da violência psicológica contra as mulheres e incentivar a produção de pesquisas e estudos práticos que visam minimizar e combater os efeitos de tais ações, enfatizando como não apenas a psicologia tem papel fundamental nesse combate, mas todas as áreas acadêmicas que lidam e tratam de problemas socioculturais perpetuados na sociedade contemporânea.
2. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
A cartilha de bolso sobre a Lei Maria da Penha, distribuída pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, do Governo do Estado da Bahia, define violência psicológica como “causar dano emocional, diminuir a autoestima, prejudicar e perturbar o pleno desenvolvimento pessoal, controlar os comportamentos, ações, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação e isolamento, tirar a liberdade de pensamento e de ação” (Bahia, 2016).
Podemos observar que há um sistema gradativo nas agressões cometidas por intrafamiliares ou cônjuges, onde a dominação psicológica quase sempre vem antes dos abusos físicos e esses abusos são uma maneira de garantir a manutenção do poder sobre a vítima, utilizando o medo como instrumento para manter o assujeitamento e impedindo-a de reagir diante das violações.
Pesquisadores (SILVA et al., 2007) apontam que, apesar das múltiplas violências se diferenciarem entre si, elas estão sempre ligadas de diversas maneiras. Dizem ainda que dificilmente pode-se ocorrer a agressão física sem que haja danos psicológicos, sejam antes, durante ou depois, uma vez que esses danos estão presentes em todas as formas de violência intrafamiliar, doméstica e conjugal. Ou seja, a psique do sujeito que se encontra na posição de vítima é diretamente afetada, podendo gerar alterações nas produções do inconsciente e tais alterações se manifestam disfarçadamente no consciente, por meio de comportamentos prejudiciais.
2.1 Subjetificação da violência psicológica
Segundo Gadoni-Costa, Zucatti e Dell’aglio (2011), o fato da violência psicológica ser menos realçada se dá pela urgência atribuída às consequências físicas, mesmo que essas sejam igualmente graves. Diz também que essa forma de violência afeta não somente a vítima direta, mas a todos que convivem com ela, como filhos e outros familiares. Dessa maneira, nota-se a importância do primeiro atendimento, o primeiro contato com uma mulher vítima de agressão, porque as medidas tomadas e o processo de abordagem podem determinar seu posicionamento a partir dali.
É necessário que exista um cuidado maior em relação às consequências sociais e mentais geradas nas vítimas, uma vez que vários fatores podem influenciar a ocorrência de sequelas permanentes nessas mulheres, tais como: a falta de conscientização acerca da dominação imposta pelos homens - sejam eles parceiros ou não -, consequente do machismo estrutural e da misoginia pregada há séculos pela sociedade patriarcal; a falta de diálogo e assistência psicológica desde que se observa uma conduta não saudável por parte de um cônjuge ou familiar; a subjetificação da violência psicológica, ignorando aspectos pertinentes que podem ser facilmente observados, como a submissão, isolamento e silenciamento da mulher.
A fragilidade imposta às mulheres em geral, especialmente às que sofrem algum tipo de violência, propagada e perpetuada diariamente por meio de pequenos atos misóginos e depreciativos é um dos maiores contribuintes para a autoimagem da vítima, fazendo-a aceitar que ocupa um papel inferior, facilitando sua suscetividade para se moldar às vontades do agressor e garantindo assim a manutenção do ciclo de violência, uma vez que se acredita na inerência da situação à condição de ser mulher.
“Os papéis estereotipados de gênero veiculados pela cultura através da família tornam invisível tanto a produção quanto a reprodução da subordinação feminina, solo fértil para a ocorrência de abusos” (NARVAZ; KOLLER, 2004), isso prova como a normalização é outro fator determinante para a persistência da violência contra a mulher. Além disso, Zuwick explica que “a vergonha que deveria ser portada por aquele que a agrediu volta-se contra a mulher e a silencia, tornando-a parte da rede que sustenta a dominação” (ZUWICK, 2001 apud NARVAZ et al., 2006), ou seja, o constrangimento gerado com a agressão contribui para que a vítima se isole, ao invés de procurar auxílio no antro familiar ou por meios legais.
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