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O ENFRENTAMENTO DO CRACK NO ÂMBITO DA SAÚDE PÚBLICA

Por:   •  5/5/2015  •  Resenha  •  1.453 Palavras (6 Páginas)  •  274 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo oferecer informações sobre as ações e políticas institucionais de enfrentamento do crack no Brasil no âmbito da saúde pública, e a identificação das mesmas nas cidades de Palmas no Tocantins, tendo em vista as graves consequências que o uso abusivo desta substância traz para as relações sociais.

Para a realização deste trabalho, foram usadas várias perspectivas, entre elas a realização de uma pesquisa de campo, onde se buscou identificar na região, quais as ações e políticas institucionais que são realizadas para o enfrentamento do crack no âmbito da saúde pública e por fim coleta de dados, com entrevistas realizadas com profissionais que atendem nas Unidades Básicas de Saúde e no CAPS.

Nas entrevistas foram analisados os perfis dos usuários de crack que são atendidos por estas instituições, tais como faixa etária, sexo, tempo de uso do crack, situação familiar, adesão ao tratamento, dentre outras informações.

Através destas entrevistas, produziu-se o texto a seguir, com embasamento na Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas, e, no Relatório brasileiro sobre drogas, da Secretaria Nacional de Política sobre Drogas.

DESENVOLVIMENTO

O ENFRENTAMENTO DO CRACK NO ÂMBITO DA SAÚDE PÚBLICA

O crack é uma droga que age rapidamente no organismo e inibe a capacidade de reação da pessoa contra o vício, é produzido a partir da pasta de cocaína e fumado em cachimbos improvisados. Atua diretamente nos pulmões, espalhando-se rapidamente pela corrente sanguínea, causando euforia intensa que dura pouco tempo. Assim o usuário tende a utilizá-lo cada vez mais.

O uso do crack não é um problema exclusivo das grandes metrópoles, e hoje chega a atingir 98% dos municípios brasileiros, e o atendimento a esses usuários precisa alcançar esses municípios que se encontram em meio a uma epidemia de uso dessa droga.

O Ministério da Saúde tem visto essa demanda e tem buscado meios de suprir essa necessidade de combate, com ações e programas para tanto. Mas as clínicas e hospitais que comportem a demanda estão em déficit em relação a quantidade de usuários que necessitam de atendimento.

Em entrevistas realizadas com profissionais do setor de saúde no de Palmas no Tocantins, no CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas), verificou-se que o CAPS AD 24 horas de Palmas oferece atendimento à população da cidade, realiza o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Também atende usuários em seus momentos de crise, podendo oferecer acolhimento noturno por um período estipulado em portaria do Ministério da Saúde e de acordo com avaliação da equipe. O CAPS apoia os usuários e suas famílias na busca de independência e responsabilidade para com seu tratamento. Em determinadas situações as ações desse serviço, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, que possa garantir o sucesso de suas ações.

A dependência química se tornou um problema de saúde pública cada vez mais presente em nossas cidades e tem desafiado os profissionais da saúde a compreenderem o perfil do usuário de substâncias psicoativas, em vista das dificuldades de manejo e abordagem do problema. Como é o caso do usuário de crack D.L.S, de 24 anos, sexo masculino, que, usou crack por um período de 3 anos e por vontade própria conseguiu parar por aproximadamente 2 anos e meio, tendo uma recaída que durou 8 meses. Ele morava com seu irmão mais velho que era casado e morava com seus 2 filhos menores de 10 anos e, sentiu que seu irmão começou a ser uma ameaça a seus filhos, não suportando mais a situação (pois ele além de não contribuir com as despesas da casa começou a fazer pequenos furtos dentro da própria casa, tirando dinheiro de dentro da carteira do irmão e também furtando um DVD para vender em troca de crack) o expulsou de casa.

A mãe que mora em outro bairro o levou ao médico tentando a internação que de nada adiantou, então ela resolveu fazer o contrário de tudo que já havia feito e pedir ajuda por já não aguentar mais a situação, onde seu estado físico e psicológico já estavam muito debilitados. O primeiro passo que a família tomou foi levá-lo a um neurologista que sugeriu vários nomes de algumas clínicas particulares e também pelo SUS, mas estava muito difícil de conseguir uma vaga, mas pelo fato de ele ter pedido ajuda foi conseguido uma entrevista na Fazenda da Esperança em Lajeado do Tocantins, após a entrevista conseguiram uma vaga e acompanhamento psicológico e religioso. Ele já está na instituição a 6 meses e segundo diagnóstico do psicólogo está se recuperando muito bem, eles estão trabalhando o psicológico dele para o esquecimento do crack, pois a cada novo interno que chega, o cérebro do paciente faz com que sinta vontade de usar crack novamente.

Esse é um dos inúmeros casos que nos foram apresentados logico que existem casos que o paciente não consegue se recuperar. Durante a pesquisa, com a observação direta nos serviços de atenção ao usuário de crack e a partir das entrevistas com profissionais, com gestores e com os pacientes foi possível identificar que há um equívoco ao tentar determinar um perfil único e absoluto para o paciente de crack. No nosso caso, foi possível identificar duas categorias de pacientes usuários de crack: o paciente psicótico e o usuário compulsivo.

  • O paciente psicótico: trata-se de um paciente que apresenta um quadro psiquiátrico de psicose e que faz uso do crack que pode alterar e/ou agravar o seu quadro levando a alucinações e paranoias.
  • O usuário compulsivo: Trata-se de um usuário compulsivo que pode fazer uso descontrolado de crack e apresenta quadro de fissura.

Nas entrevistas que realizamos ficou bem claro que a maioria dos usuários são jovens, humildes, com baixa escolaridade e sem apoio familiar. E ficou evidente que a presença da família é importante durante todo o processo de tratamento da pessoa que apresenta dependência e fundamental também na etapa da reinserção social do usuário de crack.

A capacidade de acolher e compreender, estabelecer regras de convivência familiar, a demonstração de um interesse real em ajudar e de compromisso com a recuperação, além do respeito às diferenças e da manutenção de um ambiente de apoio, carinho e atenção, são atitudes que contribuem para melhorar a qualidade de vida do ex-usuário e ajudam na prevenção de recaídas.

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