A Importância Da Disciplina Botânica:
Artigos Científicos: A Importância Da Disciplina Botânica:. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: darlanbrunel • 21/4/2014 • 3.320 Palavras (14 Páginas) • 1.066 Visualizações
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A importância da disciplina Botânica: Evolução e perspectivas Maria Tereza Faria1, 2
1. Docente do curso de Ciências Biológicas da Faculdade Araguaia, área de concentração Botânica, Goiânia, Goiás.
2. Doutoranda do Curso de Pós- graduação em Botânica da Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil. e-mail: hyptissp@yahoo.com.br
Introdução “O que move a vida é... um modesto fluxo mantido pela luz do sol”. Assim resumi- se uma das maiores maravilhas da evolução – a fotossíntese. Uma vez que a energia luminosa é aprisionada sob a forma química, ela se torna disponível como fonte de energia para todos os outros organismos, inclusive os seres humanos. Todas as formas de vida dependem direta ou indiretamente das plantas. Se os vegetais não existissem sobre a Terra, a sobrevivência de todas as espécies animais seria impossível. A palavra Botânica vem do grego botané, que significa "planta", que deriva, por sua vez, do verbo boskein, "alimentar." É o ramo das Ciências Biológicas que estuda as plantas (MINHOTO, 2002). Seu campo é muito vasto, abrange todo o reino vegetal, indo das formas de organização extremamente simples, até as mais complexas: as plantas superiores (FERRI, 1999). As plantas e seus derivados estão presentes em vários momentos do nosso dia, desde o despertar até a hora de dormir, entretanto, essa presença nem sempre é notada. Desde o início da história humana as plantas já eram usadas como alimento, remédio e outras aplicações, tendo por isso se tornado desde sempre um tema que desperta grande interesse nas pessoas. Durante a evolução do homem, novas formas de utilização direta ou indireta dos vegetais vêm sendo descobertas (FURLAN et. al., 2008). RAVEN et al. (2007) destacam que o estudo dos vegetais foi realizado por milhares de anos, tornando-se diversificado e especializado somente durante o século XX, como todas as áreas científicas. Até o final do século XIX, a botânica era um ramo da medicina. Hoje em dia, contudo, a biologia vegetal é uma disciplina científica importante e com muitas subdivisões:
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[...] fisiologia vegetal, que é o estudo de como funcionam as plantas, isto é, como elas capturam e transformam a energia e como elas crescem e se desenvolvem; morfologia vegetal, que é o estudo da forma das plantas; anatomia vegetal, que é o estudo da estrutura interna das plantas; taxonomia e sistemática vegetal, estudo que envolve a nomenclatura e a classificação das plantas e o estudo de suas relações entre si; citologia vegetal, o estudo da estrutura, função e histórias de vida das células dos vegetais; genômica e engenharia genética vegetal, que é a manipulação de genes para o melhoramento de certas características dos vegetais; biologia molecular vegetal, que é o estudo da estrutura e função das moléculas biológicas; botânica econômica, o estudo dos usos passados, presentes e futuros das plantas pela humanidade; Etnobotânica, o estudo dos usos das plantas com propósitos medicinais, entre outros, por populações indígenas; ecologia vegetal, que é o estudo das relações entre os organismos e seu ambiente; e paleobotânica, que é o estudo da biologia e evolução de plantas fósseis. A botânica moderna enfoca os estudos dos vegetais de maneira mais abrangente que os estudos meramente biológicos e de aproveitamento alimentar e terapêutico dos recursos vegetais. Assim, há áreas de outras disciplinas, como a geologia, a geografia e a meteorologia, em que elas se apóiam no saber botânico. Interessam especialmente as relações que se estabelecem entre o mundo vegetal e os fósseis, pois a informação fornecida pelos vestígios de plantas que viveram na Terra em eras passadas, assim como pelos grãos de pólen de tais espécies, objeto de estudo da palinologia, é fundamental para a compreensão do processo evolutivo dos seres vivos, e ao mesmo tempo fornece informações sobre o aspecto da crosta terrestre em épocas pré-históricas. A genética, cujo ponto de partida foi à enunciação das leis da hereditariedade pelo monge austríaco Gregor Mendel, que estudou diversas variedades de ervilhas, conduziu os pesquisadores a uma das áreas do conhecimento científico aplicado que maior interesse desperta na atualidade: a engenharia genética. Um dos mais importantes campos de aplicação da pesquisa botânica é o da saúde. Uma elevada porcentagem das matérias-primas empregadas pela indústria farmacêutica se compõe de espécies vegetais de todo tipo, embora os princípios ativos que constituem os medicamentos sejam às vezes produto de processos químicos. Alcalóides, antibióticos, óleos essenciais, vitaminas e uma infinidade de outras substâncias de fundamental interesse terapêutico têm como fonte espécies vegetais dos mais variados tipos.
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A importância econômica dos recursos obtidos do reino vegetal é inegável. O homem depende para sua sobrevivência e bem estar de recursos naturais, os quais em grande parte provêm delas (SLUSARSKI, 2004). A manutenção das comunidades vegetais promove simultaneamente a conservação da fauna, que depende diretamente dos habitats. Com expansões agrícolas, pastoreia e urbana, além das inundações por barragens, extrações de madeira, plantas medicinais, ornamentais e alimentícias, têm feito desaparecer diversas espécies, causando desequilíbrio no ecossistema. Neste contexto, pode-se avaliar, portanto, o quanto é importante o estudo da botânica, disciplina que abrange todo o reino vegetal a partir de perspectivas estritamente científicas. EVOLUÇÃO HISTÓRICA Os primeiros relatos históricos remetem a Babilônia e ao Egito, onde se encontram os primeiros registros e denominações das plantas. A botânica como ciência teve origem no antigo mundo Grego-Romano. Os primeiros botânicos, na sua procura de plantas úteis para a medicina ou para outros fins, começaram a estudá-las cuidadosamente, dando origem a este ramo da Biologia. Entre os gregos, as mais antigas observações referentes às plantas podem ser encontradas nos poemas homéricos, em Hesíodo e em alguns fragmentos do filósofo pré-socrático Empédocles de Acragás (-492/-432). Aristóteles (-384/-322) fez algumas menções às plantas, especialmente para compará-las com os animais, dividiu as plantas em 2 grupos plantas com flores e plantas sem flores, mas foi seu discípulo Teofrasto (-371/-287) quem escreveu os mais extensos e influentes tratados de botânica da Antigüidade. Foi chamado o “Pai da Botânica”. O filósofo Teofrasto ("o que tem eloqüência divina“) foi o único botânico que a Antigüidade conheceu. Estabeleceu uma classificação,
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