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A Prática do assistente social: Conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional

Por:   •  26/10/2018  •  Artigo  •  8.945 Palavras (36 Páginas)  •  379 Visualizações

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A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profi ssional*

The social worker practice: knowledge, instrumental- ity and professional intervention

Charles Toniolo de SOUSA**

Resumo: Este artigo tem por fi nalidade apresentar uma refl exão sobre a prática pro- fi ssional do Assistente Social, reconhecendo suas dimensões, com o objetivo de situar a instrumentalidade do Serviço Social bem como seu arsenal técnico-operativo. Em seguida, serão apresentados, de forma sucinta, alguns dos principais instrumentos de trabalho utilizados pelos Assistentes Sociais no exercício da prática profi ssional, bem como algumas considerações fi nais.

Palavras-chave: Serviço Social, Instrumentalidade, Instrumentos de trabalho do As- sistente Social.

Abstract: This article has in view to introduce a refl ection about the Social Worker professional practice, recognizing dimensions, in order to situate the Social Work ins- trumentality and the technical-operation that the professionals use. After, will be intro- duced, succinctly, some principal tools used for the Social Workers in their professional practice, and also some fi nal considerations.

Keywords: Social Work, Instrumentality, Social Workers tools.

Recebido em: 07/04/2008. Aceito em: 30/04/2008.

* Este texto é fruto das refl exões e estudos realizados a partir das diferentes experiências adquiridas durante a vida profi ssional, e, sobretudo, da experiência com a disciplina de Técnicas de Intervenção Social, ministrada para as turmas do curso de Serviço Social da Universidade do Grande Rio. A produção deste artigo teve como objetivo nortear a Semana do Curso de Serviço Social da UNIGRANRIO, realizada em setem- bro de 2006, a fi m de orientar estudantes do 1o ao 8o períodos letivos, culminando em atividade de avaliação conceitual requerida à totalidade dos alunos do curso.

** Assistente Social do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Mestrando em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Professor da Escola de Serviço Social da Universidade do Grande Rio.

Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível em


Charles Toniolo de SOUSA

Na trajetória histórica do Serviço Social, po-

instrumentalidade. Porém, não é possível falar se- demos identifi car várias correntes que discutem

riamente sobre a questão se não situamos o debate a questão da sua instrumentalidade, que trazem

em alguns de seus fundamentos científi cos mais consigo um corpo conceitual específi co que dá a

elementares – caso contrário, caímos nas “teias” esse tema um determinado signifi cado. Entende-

do senso comum. mos por instrumentalidade a concepção desen- volvida por Guerra (2000) que, a partir de uma leitura lukacsiana da obra de Marx, constrói o de- bate sobre a instrumentalidade do Serviço Social, compreendendo-a em três níveis: no que diz res- peito à sua funcionalidade ao projeto reformista da burguesia; no que se refere à sua peculiarida- de operatória (aspecto instrumental-operativo); e como uma mediação que permite a passagem das análises universais às singularidades da interven- ção profi ssional.

Ora, o debate sobre a instrumentalidade do Serviço Social percorre a história da profi ssão em razão da própria natureza desta: o Serviço Social se constitui como profi ssão no momento histórico em que os setores dominantes da sociedade (Es- tado e empresariado) começam a intervir, de for- ma contínua e sistemática, nas conseqüências da “questão social”, através, sobretudo, das chama- das políticas sociais. Segundo Carvalho & Iama- moto (2005), o Serviço Social é requisitado pelas complexas estruturas do Estado e das empresas, Desde o período em que o Serviço Social

de modo a promover o controle e a reprodução ainda fundava sua base de legitimidade na esfera

(material e ideológica) das classes subalternas, em religiosa, passando pela sua profi ssionalização e

um momento histórico em que os confl itos entre os momentos históricos que a constituíram, a di-

as classes sociais se intensifi cam, gerando diver- mensão técnica-instrumental sempre teve um lugar

sos “problemas sociais” que tendem pôr a ordem de destaque, seja do ponto de vista do afi rmar de-

capitalista em xeque (Netto, 2005). liberadamente a necessidade de consolidação de um instrumental técnico-operativo “específi co” do Serviço Social (falamos aqui em especial da tradi- ção norte-americana, que teve forte infl uência so- bre o Serviço Social brasileiro, sobretudo entre os anos 40 e 60), seja no sentido de afi rmar o Serviço Social como um conjunto de técnicas e instrumen- tais – em outras palavras, uma tecnologia social1. Em outros momentos, no sentido de atribuir à ins- trumentalidade do Serviço Social um estatuto de

Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível em Torna-se mister situar essa questão, pois ela revela um dado que é crucial para o debate sobre a instrumentalidade: o Serviço Social surge na história como uma profi ssão fundamentalmente interventiva, isto é, que visa produzir mudanças no cotidiano da vida social das populações atendidas – os usuários do Serviço Social. Assim, a dimensão prática (técnico-operativa) tende a ser objeto privi- legiado de estudos no âmbito da profi ssão.

subalternidade diante das demais dimensões que

Mais ainda: no momento de sua emergên- compõem a dimensão histórica da profi ssão2.

cia, o Serviço Social atua nas políticas sociais com

Esse debate é apenas introdutório para loca- lizarmos as razões que fazem da instrumentalidade do Serviço Social uma questão tão importante à profi ssão, digna de um real aprofundamento teó- rico. Não nos caberá neste artigo aprofundar, do ponto de vista teórico-fi losófi co, o debate sobre a

funções meramente executivas, também chama- das de funções terminais. A concepção e o pla- nejamento das políticas sociais fi cavam ao cargo de outras categorias profi ssionais e dos agentes governamentais – ao Serviço Social cabia apenas executá-las, na relação direta com os “indivíduos, grupos e comunidades” que de algum modo eram atendidos pelos serviços sociais públicos. Temos aqui a clássica separação entre trabalho intelec- 1

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