HANNAH ARENDT (1906-1975)
Por: Ester Paiva • 18/9/2019 • Trabalho acadêmico • 1.212 Palavras (5 Páginas) • 147 Visualizações
Skiner e Petit se baseiam em um republicanismo de base neorromana (à luz da teoria de Maquiavel – governo misto, discursos de Tito Lívio, ideia de que a estabilidade da república pode passar pela ideia de homem como ser social e político, mas não natural – a norma tem papel importante na república). Admissão deuma ideia de liberdade na qual a lei não significa restrição, não significa coerção – portanto a lei não é vista como algo impeditivo ao exercício da liberdade, muito pelo contrário: é garantidora da liberdade. A ideia de liberdade republicana não trabalha com dicotomias entre liberdade positiva/negativa ou liberdade dos antigos/dos modernos.
HANNAH ARENDT (1906-1975)
FUNDAMENTAÇÃO
Autora ligada à tradição do republicanismo, porém um republicanismo que tem fundamentações diferentes das de Skiner e Petit. Seu republicanismo tem fundamentação grega, em torno da ideia de política na Grécia; uma ideia de política que é anterior a Platão.
Recupera a ideia de ação política, de vida pública, da pólis, de homens livres e iguais. Ao recuperar essa Grécia, da política, dos cidadãos, remete a uma Grécia anterior à Platão, recupera a ideia do homem como ser social e político, em que a política é a arte fundamental. Tem o mesmo diagnóstico que todos os republicanos: a era moderna acabou com a vida pública.
SOBRE A AUTORA E SUA TRAJETÓRIA
Alemã, judia; formação com Heidegger.
Quando eclode a Guerra, imigra para a França. Quando a França é invadida pelos nazistas, muitos dos judeus que estavam na França foram entregues aos nazistas, Arendt entre estes. Consegue escapar do campo de concentração, e passa a morar nos EUA. Nos EUA é que de fato constrói sua trajetória intelectual.
Quando acaba a guerra, nazistas que sobreviveram foram capturados e levados a tribunais internacionais. Arendt, filósofa e judia, quando ocorre um dos julgamentos***, uma revista a contrata para escrever artigos sobre tal julgamento; esperava-se determinado posicionamento, porém, apesar de apoiar a condenação do indivíduo, buscou entender quem ele era, etc. Nessa análise, se dá conta de quem ele era: um homem comum, funcionário seguidor de ordens; 🡪 para Arendt, esse seguidor de ordens é o homem que é incapaz de pensar por si próprio. À luz desta reflexão, desenvolve o conceito de banalidade do mal: esse comportamento de “manada” sem reflexão, o que significa a morte da política. Para a autora, essa incapacidade de pensar por si está na base dos totalitarismos do século XX. A monstruosidade, portanto, não estaria nas pessoas, mas nos sistemas – há sistemas que banalizam o mal.
Sua obsessão foi com a ideia de liberdade.
AS ORIGENS DO TOTALITARISMO: nesta obra a autora se concentra na Alemanha nazista e na Rússia stalinista. Regimes totalitários que chamou de fuga suicida da realidade: regimes que se apoiaram em supostas leis históricas, raças ou classes mais aptas; ambos regimes estavam fundamentados no ódio entre si, seja no ódio entre raças ou no ódio entre classes, tem, portanto, os mesmos traços fundamentais: a destruição da singularidade humana.
A CONDIÇÃO HUMANA:
Obra em que assenta sua visão sobre pluralidade e singularidade humanas.
Diálogos ásperos com Karl Marx: sua questão com Marx, em larga medida, é a questão com Platão – no fundo, Platão teria matado a política, colocando-a nas mãos do filósofo rei; para Marx, a política está ligada à opressão, e a superação do capitalismo tornaria a política sem sentido. Marx teria tornado a política algo indesejável. 🡪 em ambos, critica a negação da política.
Este livro parte do exame de 3 atividades humanas inerentes a uma vida ativa: labor, trabalho e ação. Reconstrói o conceito de política através da diferenciação dessas 3 atividades.
Labor: processo biológico do corpo humano, processo natural de sobrevivência, de sustento.
Trabalho: atividade que produz obras, resultados. Atividade que fabrica algo (objetos, bens duradouros). É a produção do mundo artificial, das coisas.
Ação: única atividade humana que se exerce diretamente entre as pessoas, sem mediações de coisas.
Para Arendt, Labor e Trabalho pertencem ao âmbito privado. Já a ação está no âmbito público: é uma atividade humana comum a todos. Cada uma dessas atividades corresponde a uma condição humana: do labor é a vida, do trabalho é a mundanidade, da ação a pluralidade. É na ação que está a condição humana mais fundamental à vida humana.
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