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O Projeto ético-político do Serviço Social

Por:   •  28/5/2015  •  Resenha  •  1.363 Palavras (6 Páginas)  •  625 Visualizações

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O projeto ético-político do Serviço Social

  1. A natureza dos projetos societários, dos projetos coletivos e suas interelações

Tanto os projetos societários quanto os projetos coletivos vinculam-se a praticas e atividades variadas da sociedade. São as próprias práticas/atividades que determinam a constituição dos projetos em si.

É importante frisar que quando pensamos em projetos sejam eles individuais ou coletivos, em uma sociedade de classes, deve se considerar o caráter político de toda e qualquer pratica. Todas as formas de pratica envolvem interesses sociais, através de múltiplas mediações, das contradições das classes sociais em conflito na sociedade.

O as movem na verdade são as necessidades sociais reais que lançam os homens em atividades humano-criadoras percebidas no metabolismo social (trabalho – ato fundante das relações sociais.)

No caso do Serviço Social, tanto no plano ideal (das ideias), quanto no plano pratico, os sujeitos que nele intervem procuram lhe imprimir uma determinada direção social, que atende aos diversos interesses sociais que estão em jogo na sociedade (políticos, ideológicos, econômicos, etc.). Assim é que vão se afirmando uns ou outros valores, uma ou outras diretrizes, profissionais que, ao assumirem dimensões coletivas, ou seja, ao conquistarem segmentos expressivos do corpo profissional, passam a representar para parcelas significativas da profissão a sua verdadeira “auto-imagem”, adquirindo então a condição de projeto profissional.

  1. Projetos Societarios, projetos profissionais, e o projeto ético político do SSO

Mesmo que a pratica profissional do Assistente Social não se constitua como práxis produtiva, efetivando-se no conjunto das relações sociais, nela se imprime uma determinada direção social por meio das diversas ações profissionais, limitada pelo projeto profissional que a norteia. Esse projeto por sua vez conecta-se a um determinado projeto societário cujo eixo central vincula-se aos rumos da sociedade como um todo – é a disputa entre projetos societários que determina, em ultima instancia, a transformação ou a perpetuação de uma dada ordem social.

Os projetos societários podem ser, transformadores ou conservadores. Entre os transformadores, há varias posições que tem a ver com as formas (as estratégias) de transformação social, desse modo temos um pressuposto fundante do projeto ético-politico: a sua relação ineliminavel com os projetos de transformação ou de conservação da ordem social. Dessa forma, nosso projeto filia-se a um outro projeto de sociedade não se confundindo com ele.

O projeto ético-político do serviço social brasileiro está vinculado a um projeto de transformação da sociedade. Esta vinculação se dá pela própria exigência que a dimensão política da intervenção profissional põe. Ao atuar no movimento contraditório das classes, acabamos por imprimir uma direção social as nossas ações profissionais que favorecem a um ou a outro projeto societário. Tendo consciência ou não, interpretando ou não as demandas de classes (e suas necessidades sociais) que chegam até o A.S. no cotidiano profissional, dirige suas ações favorecendo interesses sociais distintos e contraditórios.

  1. Elementos constitutivos do projeto ético-politico do Serviço Social.

O projeto ético-politico articula em si mesmo os seguintes elementos constitutivos: “uma imagem ideal da profissão, os valores que a legitimam, sua função social e seus objetivos, conhecimentos teóricos, saberes interventivos, normas, praticas, etc.”

Os elementos constitutivos do projeto ético-politico do SSO são:

  1. Explicitação de princípios e valores ético-politicos
  2. Matriz teórico-metodologica em que se ancora
  3. Critica radical a ordem social vigente, no caso ao capital, que produz e reproduz a miséria ao mesmo tempo em que exibe uma produção monumental de riquezas.
  4. As lutas e posicionamentos políticos acumulados pela categoria através de suas formas coletivas de organização política em aliança com os setores mais progressistas da sociedade brasileira.

É importante ressaltar os elementos constitutivos do projeto, e que tem em sua base os componentes que lhe dão materialidade, ou seja aqueles elementos se objetivam e se expressam na realidade, ganham visibilidade social – por meio de determinados componentes construídos pelos próprios assistentes sociais.

  1. Produção de conhecimento no interior no SSO,
  2. As instancias político-organizativas da profissão
  3. A dimensão jurídico-politica da profissão

É a partir e por meio desses componentes que se materializam os elementos constitutivos do projeto ético-politico.

Porem é importante ressaltar que isto não quer dizer que o projeto ético-politico se efetiva integralmente na realidade. Primeiramente por que o assistente social, assim como todos os outros profissionais, agem de acordo as condições predeterminadas a eles, ou seja, a realidade objetiva é diferente do plano subjetivo, não controlamos todos os aspectos que incidem sobre a realidade, sua mudança/alteração/transformação não depende apenas de nossos atos e de nossas ações.

Mesmo diante das adversidades encontradas no capital é que se deve reafirmar o projeto ético-politico, pois ele fornece insumos para enfrentar as dificuldades profissionais a partir dos compromissos coletivamente construídos pela categoria.

  1. Os desafios ao projeto ético-politico na entrada do século XXI

Desde o final dos anos 70, o serviço social brasileiro vem construindo um projeto profissional comprometido com os interesses das classes trabalhadoras. A influencia do Movimento de Reconceituação deflagrado nos diversos países da America Latina somados ao processo de redemocratização da sociedade brasileira formaram um chão histórico para a transição para um SSO renovado, através de um processo de ruptura teórica, política com os quadrantes do tradicionalismo que imperava. O marco deste processo aconteceu no III CBAS ou Congresso da Virada, em 1979, na cidade de São Paulo, quando uma vanguarda profissional virou uma pagina na historia do Serviço Social brasileiro ao destituir a mesa de abertura composta por nomes oficiais da ditadura, substituindo-os por nomes advindos do movimento dos trabalhadores.

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