O que é liberdade - hanna arendt
Por: bbrunabbueno • 19/9/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 586 Palavras (3 Páginas) • 957 Visualizações
O que é liberdade?
Hanna Arendt, escritora judia, discorre sobre a questão da liberdade em seu livro “Entre o passado e o futuro” (2000) buscando romper com equívocos desenvolvidos historicamente sobre o que seria a liberdade.
A liberdade, para Hanna Arendt, foi sendo deslocada do seu campo original, o âmbito da política e dos problemas humanos, para o campo da interioridade, ou seja, da consciência; assim, a autora busca romper com a ideia de liberdade equivaler à questão do livre arbítrio e da vontade. A liberdade é muito mais do que isto, ela é: “o motivo pelo quais os homens convivem politicamente organizados” (p.192).
Hanna Arendt diferencia liberdade interior que diz respeito ao “(...) espaço íntimo no qual os homens podem fugir á coerção externa e sentir-se livres” de liberdade concreta, pois esta última apresenta manifestações externas, é influenciada por fatores externos e está presente no campo da política - campo de ação. A política sem liberdade não é verdadeiramente política: “ (...) Sem ela, a vida política como tal seria destituída de significado.” (p. 192)
Só há liberdade concreta, quando os homens podem em âmbito público agir e discutir sem que tenham que transferir isto para âmbito privado. A liberdade presente apenas na consciência não pode ser chamada de liberdade concreta, pois não é acompanhada por fatos demonstráveis.
Devido a tradição de equacionar liberdade com o livre arbítrio, torna-se estranho para muitos equacionar liberdade com experiências no âmbito político. A esta tradição devemos a ideia de que: “a perfeita liberdade é incompatível com a existência da sociedade”, além da noção de que qualquer ato deve ser precedido interiormente através da consciência.
A autora, Hanna Arendt, retoma a origem do problema da liberdade: a tradição cristã. Foram os cristãos primitivos, especialmente Paulo, quem tomou o termo liberdade para designar algo que acontecia no interior do homem, no relacionamento entre o mim e mim mesmo, onde ocorre o conflito do quero, mas não posso; apenas à partir disso é que o conceito de liberdade entrou dentro da história da filosofia. Na antiguidade grega e romana a liberdade era um conceito exclusivamente político (p.205).
A liberdade interior como atributo da vontade, Hanna Arendt conclui que é impotente, pois a vontade é livre e não livre, caracteriza-se por : “(...)se o homem tem uma vontade, parece sempre como se houvesse duas vontades presentes no mesmo homem, lutando pelo poder sobre sua mente.” (p.209)
Devido aos desvios do conceito de liberdade, de ação para livre arbítrio, a soberania tornou-se o ideal de liberdade, devido à independência e prevalecencia de um homem ou grupo sobre outros, portanto o ideal de livre arbítrio. Hanna Arendt alerta sobre as consequências negativas da identificação da liberdade com soberania: “Pois ela conduz à negação da liberdade humana (. . .) ou à compreensão de que a liberdade de um só homem, de um grupo ou de um organismo político só pode ser adquirida ao preço da liberdade, isto é, da soberania, de todos os demais.” (p.213) Conclui assim que se os homens quiserem realmente serem livres, á soberania, devem negar. (p.213)
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