O uso do crack :Um problema social restrito ás metrópoles?
Por: datiele santos • 9/5/2015 • Trabalho acadêmico • 2.360 Palavras (10 Páginas) • 188 Visualizações
RESUMO
Estudos vêm revelando o aumento do consumo de Crack no Brasil em virtude do fácil acesso, alta letalidade e precocidade do primeiro uso. Diante desta situação o pânico toma conta das famílias, modificando totalmente a sua dinâmica, trazendo sofrimentos, tristeza e depressão para os pais. Assim, considerando-se que o usuário traz para a família uma série de novos comportamentos e novos desafios, esta pesquisa tem como objetivo: investigar as experiências de mães com filhos dependentes de Crack, identificar quais as formas de enfrentamento usado, analisa
. Introdução
O consumo de substâncias psicoativas, lícitas e ilícitas, é um dos mais preocupantes problemas de saúde pública no mundo. os usuários de drogas ilegais. Desse total, pouco menos de 10% podem ser classificados como dependentes ou “usuários de drogas problemáticos” e calcula-se que até 263 mil deles, principalmente jovens, morram anualmente, a metade por overdose (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
No Brasil, a gravidade aumenta quando se trata do tratamento dos usuários de crack pois o país não se preparou para tratar os dependentes desta droga. Além das dificuldades inerentes ao atendimento médico e psicológico aos usuários, a rede de tratamento é pequena, precária e com profissionais pouco qualificados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um país deve ter leitos para saúde mental suficientes para internar 0,5% de sua população, o que no Brasil, seriam 950 mil leitos. Todavia, o país tem cerca de 32,7 mil. Tal situação é decorrente da situação migratório, em que o país se encontra, ou seja, desde 2002, de um modelo baseado na internação para outro voltado para atendimento ambulatorial (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
As dificuldades do tratamento são intensificadas muitas vezes pela falta de apoio de famílias desarticuladas, soma-se um sistema púbico de saúde particularmente desaparelhado para tratar a dependência química.
Os aspectos descritos acima levaram ao seguinte questionamento: qual o cotidiano das mães cujos filhos são dependentes do crack? Baseando-se nos questionamentos descritos e compreendendo a necessidade de uma investigação acerca do uso do crack e as repercussões nas relações familiares, busca-se analisar esse uso sob o olhar de mães.
São objetivos específicos deste estudo: identificar as mudanças na dinâmica familiar a partir do enfrentamento das drogas; analisar as mudanças que ocorreram na dinâmica familiar de mães cujo(s) filho(s) é(são) usuário(s) de crack; verificar como as mães lidam com as situações geradas pelo filho, usuário de crack; identificar as esferas física, psíquica e social das mães pesquisadas, abordando suas perspectivas para com os filhos. 2.2 Breve Histórico da Política de Redução de Danos das Drogas
A Política de Redução de Danos (PRD) foi adotada como estratégia de saúde pública no final da década de 1980, especificamente no ano de 1989 em São Paulo, quando, conforme Mesquita (1991) o estado tinha altos índices de transmissão de HIV relacionados ao uso indevido de drogas injetáveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE/BRASIL, 2008).
Em meio a este cenário foi elaborada uma proposta inicialmente como uma estratégia de prevenção ao HIV entre usuários de drogas injetáveis – Programa de Troca de Seringas (PTSs). A partir desse modo, a redução de danos foi se tornando uma estratégia de produção de saúde alternativa às estratégias pautadas na lógica da abstinência, incluindo a diversidade de demandas e ampliando as ofertas em saúde para a população de usuários de drogas (PASSOS, 2011).
Os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) apesar de serem a referencia no SUS para o atendimento de usuários de drogas em termos práticos isso quase não acontecia, sendo muito mais efetivos no tratamento de doenças psiquiátricas, prova disso é que em 2002 inicia-se a implantação dos CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas) como forma de constituir uma rede especializada com vistas à situação de escassez de serviço com esse perfil no SUS.
A redução de danos foca na prevenção aos danos, ao invés da prevenção do uso abusivo de álcool e outras drogas; bem como foca em pessoas que seguem usando drogas. É nesse sentido que a psicologia ganha destaque já que ela se insere nesse debate e surge como estratégia para a diminuição dos estigmas sociais que rotulam os usuários.
O objetivo principal da Política de Redução de Danos é evitar que as pessoas se envolvam com o uso de substâncias psicoativas. Se isso não for possível, para aqueles que já se tornaram dependentes, oferecer os melhores meios para que possam rever a relação de dependência, orientando-os tanto para um uso menos prejudicial, quanto para a abstinência, conforme o que se estabelece a cada momento para cada usuário (CONTE et al, 2006).
Nessa perspectiva, as ações de redução de danos promovem a organização de profissionais e usuários, trazendo contribuições significativas para a revisão das leis em vigor e proporcionaram o compartilhamento de saberes técnico e saberes populares, e por sua vez criam condições favoráveis para a construção de estratégias eficazes na abordagem dos problemas de saúde dos consumidores de álcool e outras drogas.
3. O Crack
3.1 Conceituação
O crack é um tipo de droga produzido a partir da cocaína, e por seu baixo custo, tornou-se mais acessível que a cocaína, porém, seus efeitos no cérebro são bem maiores. O crack surgiu na década de 1970, mas foi se popularizando na década seguinte entre os moradores de bairros pobres de grandes cidades dos Estados Unidos, como Nova York, Los Angeles e Miami, especialmente entre jovens negros e de origem hispano-americana (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
No Brasil, o primeiro relato de uso desse tipo de droga foi em 1989, na cidade de São Paulo e, dois anos após fez-se a primeira apreensão. Conforme pesquisas, acredita-se que o crack tenha entrado no país pelo Acre, vindo da Bolívia e do Peru, na década de 1980 e tornou-se uma versão da cocaína, e, por ser mais barata, passou a ser usada por grupos marginalizados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
De acordo com o Ministério da Saúde, o crack resulta da transformação do cloridrato de cocaína adicionado ao bicarbonato de sódio diluído em água e, após secar transforma-se em pedras, que podem ser consumidas através de inalação, sendo que após inalado, produz efeitos imediatos, levando de dez a quinze minutos até chegar à euforia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Estudiosos da área afirmam que, entre todos os tipos de drogas, o
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