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Resenha Crítica: Florestan

Por:   •  8/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  3.024 Palavras (13 Páginas)  •  225 Visualizações

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Fernandes, Florestan, 1920-1995. A integração do negro na sociedade de classes, (o legado da “raça branca”), volume 1 / Florestan Fernandes – prefácio Antônio Sérgio Alfredo Guimarães – 5. ed – São Paulo: Globo, 2008. (Obras reunidas de Florestan Fernandes).

No livro “A integração do negro na sociedade de classe” de Florestan Fernandes, nota – se que o autor buscou analisar de forma rigorosa o preconceito que existe em uma sociedade em processo de transformação. O autor ressalta que a descriminação, que é resultado também da escravidão, acaba por atrapalhar a incorporação e a inserção do negro e do mulato em uma sociedade de classe. Um dos objetivos do livro é de justamente demolir o mito da “democracia racial brasileira” onde esse mito consistiria em tomar o que eram desigualdades raciais como desigualdades de classe da ordem competitiva. No tocante a sua obra, Florestan vai ter como objetivo abordar a cerca da situação do negro na sociedade brasileira e percebe que não existe condição de igualdade entre negros e brancos, onde, é notável a presença do branco nos melhores postos de trabalho. O livro está disposta em três capítulos e abordaremos a cerca do primeiro, onde está dividido em três subtópicos.

A integração do negro na sociedade de classes de Florestan Fernandes é um marco na sociologia brasileira em um sentido bem amplo. De um lado, tem – se a ideia de que a obra em destaque é uma das teses mais famosas dentre as que já foram apresentadas na USP. Por outro lado, há tanto a consolidação do maior sociólogo brasileiro bem como o desenvolvimento da sua sociologia histórica. O livro é resultado de intensas pesquisas nos anos de 1940, na cidade de São Paulo.

Destacando um pouco sobre a vida do autor, é evidente que Florestan foi um político, sociólogo e ensaísta brasileiro. Foi também deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e considerado o fundador da sociologia crítica no Brasil. Nasceu em São Paulo, no dia 22 de julho de 1920.

No Brasil, que foi o país mais escravocrata do mundo, notamos que tanto os senhores, quanto o Estado ou a Igreja, ficaram de fora da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, onde a função das instituições supracitadas seria a de preparação dos negros para adentrar no novo regime de organização da vida e de trabalho. Com a abolição da escravidão fica claro que a atenção dos senhores é voltada para si mesmo, expondo que de fato a relevância do negro única e exclusiva seria apenas por mão de obra.

Além da pressão de outros países para que a escravidão fosse abolida, a participação do negro nesse processo revolucionário foi decisiva principalmente a partir do momento em que a luta contra a escravidão tomou estrutura mais especificamente abolicionista. Com a “lei áurea” de 1888, a cidade de São Paulo começou a se industrializar, aparecendo como o primeiro centro urbano especialmente burguês, onde a base econômica da cidade foi modificada. O tripé denominado “trabalho livre”, “iniciativa individual” e o “liberalismo econômico”, aparecia com a ideia do progresso e a porta de passagem que permitiria recuperar o “atraso do país”, como assim destaca o autor.

Com a modificação dos centros urbanos em pouco tempo, notamos a transição da exploração do açúcar pelo café e diante desse ponto, temos a ideia de que a expansão urbana que foi ocasionada pelo surto de uma burguesia, que tinha o poder da produção cafeeira em suas mãos, transformou a estrutura da cidade de São Paulo, deixando a mesma com uma característica de cidade “estrangeira” pela quantidade de imigrante que aqui chegava, em especial o imigrante italiano que chegou em números maiores, onde eles detinham maiores meios para se incluir no sistema comercial, com mais experiência e, mecanismos para lutar por espaço. Rejeitavam trabalhos que as condições não fossem descentes, pelo fato de que já vinham de países capitalistas e não tinham as mesmas barreiras que o negro tinha que impediam a população negra de ascender socialmente e pelo fato de que os imigrantes não tinham a cor “preta”, eram aceitos sem problemas pelo empregador branco nacional. Diante de tudo exposto, fica claro que logo após a abolição da escravidão, os negros enfrentavam ainda esse grande problema: a de inserção no mercado de trabalho.

Embasado em tudo que já foi visto, Ariano Suassuna já falava: “... é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos”. É justamente essa ideia central que caracteriza a população negra do brasil. Pessoas despossuídas graças às barreira que as impede, no que diz respeito ao estabelecimento da igualdade, graças à desigualdade racial e graças às condições históricas da inserção do negro na sociedade capitalista.

O autor faz a análise da vários dados referente à população negra e multa da capital do estado de São Paulo. Traçando os números populacionais da cidade, podemos enxergar que, no século XIX, o elemento negro, multado e escravo livre compreendiam aproximadamente 54% da população local e ressalta também que graças a alteração da situação demográfica o elemento negro e multado, de acordo com senso de 1872, compreendia cerca de 37% e 21,5% referente a 1886 já a população estrangeira passou de 3% em 1854 para 25% em 1886, onde aqui, enxergamos a elevação da população estrangeira na cidade de São Paulo. Pode - se fazer a ligação ao afirmar que onde havia maior concentração de “estrangeiros” era mínima presença de negros e mulatos; e, ao inverso, onde havia maior concentração de negros e mulatos, era mínima a presença dos estrangeiros. É possível fazer uma análise e percebemos que o negro e o mulato foram eliminados das posições que ocupavam no artesanato urbano pré-capitalista, fortalecendo-se de modo severo uma tendência em confiná-los a tarefas e ocupações brutas, mal retribuídas, péssimas condições de trabalho e etc. No que tange os serviços para a ampliação da economia urbana, é então favorecida a ideia do “homem certo no lugar certo”. Os ex-escravos, também participaram do fluxo da vida econômica da cidade, apenas fazendo de sua maneira porque não podiam proceder de outro modo e se viram repudiados na medida em que tentaram assumir os papéis de homens livres, justamente em um ambiente em que esses desejos se viam chocados com a falta de tolerância, solidariedade e simpatia militante, como destacou Florestan Fernandes.

Além de o imigrante aparecer como o legítimo agente do trabalho livre assalariado, ao mesmo tempo em que monopoliza as oportunidades reais de classificação econômica e de ascensão

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